Nos últimos anos, entre a febre do empreendedorismo e as diversas buzzwords que surgiram no mercado, muitos executivos do Brasil e do mundo parecem obcecados com um único objetivo: se tornar um unicórnio. E claramente não estou falando do ser mitológico e sim do valor das empresas que esse animal passou a representar. US$ 1 bi. Por isso, não é de se espantar que faz brilhar os olhos de qualquer pessoa que pense em empreender.
Um levantamento recente da KPMG, em 2019 os investimentos de Venture Capital registraram US$ 257 bilhões, sendo US$ 7,4 bi só no último trimestre. No Brasil, esse valor nos últimos três meses do ano passado foi de US$ 526,2 milhões. O cenário é realmente animador, porém são muitos os processos e desafios de empreender. De acordo com dados da Associação Brasileira de Startups, ABStartups, o país tem quase 13 mil startups. Dessas, apenas 10 podem ser consideradas unicórnios.
Antes de tudo é preciso estabelecer um diálogo constante com seu consumidor e estabelecer uma relação de confiança. Estar próximo dele significa estar alinhado com suas dores, e por consequência, com o que ele precisa ou não. Cada negócio tem suas especificidades, e todos sabemos disso, mas observar as mudanças no comportamento dos clientes, talvez seja uma das atitudes mais inteligentes para que uma empresa cresça de forma sustentável e sólida. Afinal, quem não quer um parceiro que cura suas dores?
É muito comum, depois de compreender o mercado no qual sua ideia está inserida, começar a estudar as possibilidades de abrir a startup para receber investimentos. No entanto, é muito importante perceber que o dinheiro, sozinho, não criará uma empresa ao sucesso. Muitas startups desejam e trabalham para ser o próximo unicórnio, mas estamos presenciando a queda de muitos impérios que ascenderam rapidamente e não se sustentaram no mercado.
Olhando para como a economia brasileira se movimenta, e como a diversidade de startups que se tornam unicórnios – iFood, delivery de comida, QuintoAndar, que é de aluguel de residências, PagSeguro, meio de pagamentos, por exemplo – vejo que existe espaço para uma empresa brasileira de marketing despontar neste meio. Explico os motivos: o brasileiro é o segundo país que mais passa tempo conectado, com uma média diária de mais de 9 horas e meia online de acordo com dados do Google. Além disso, os investimentos nesse mercado crescem a cada ano como aponta uma pesquisa da Socialbakers, que indica um investimento de 10 bilhões de dólares em marketing de influência em 2020. Porém, para alcançar esse posto, é preciso muito mais do que um business plan adequado, um bom pitch de vendas ou qualquer outra buzzword do universo empreendedor.
Em um mercado em que empresas como TikTok despontam como o aplicativo mais baixado e Youtubers figuram entre as pessoas mais influentes do país, não é de surpreender que startups de marketing entrem no radar dos principais grupos de investimentos. Do outro lado, marcas e anunciantes estão mais confiantes com o potencial de ações que envolvam influenciadores. Isso impacta a complexidade das campanhas que envolvem criadores de conteúdo e consequentemente nos investimentos neste setor.
Dado isso, surge a pergunta “É possível prever qual será o próximo unicórnio? Será de marketing, afinal?” Ainda é cedo para dizer, porém o ambiente é favorável e 2020 reserva grandes novidades para esse mercado.
*Felipe Oliva é cofundador e Chief Strategy Officer da Squid, empresa de marketing de influência que atua no planejamento e execução de campanhas personalizadas com influenciadores. Formado em engenharia pela USP, Oliva é referência no marketing de influência já tendo palestrando em eventos como RIO2C, Social Media Week, Expo Marketing Digital e YouPix Con. Tem passagem por outras empresas de tecnologia e experiência no desenvolvimento de estratégias para marketing online e offline.