5 passos para os futuros prefeitos pensarem as cidades como plataformas de inovação

O cenário de eleições municipais neste ano descortina uma nova oportunidade para a sociedade brasileira. Apesar de todos os desafios sócio-econômicos – do combate à pandemia ao equilíbrio das contas públicas – há uma janela de oportunidades que pode representar um novo pacto entre população, o ambiente empresarial e o setor público, o desenvolvimento de “cidades inteligentes”. E isso não significa apenas investimento em tecnologia, mas em colaboração, transformação de espaços públicos em ambientes de inovação e conexão, atração de talentos, entre outras políticas públicas.

Este é o tema de uma “carta aberta” que o Grupo de Cidades Inteligentes – um fórum de debates organizado pela rede empresarial World Trade Center (WTC) em Joinville, Curitiba e Porto Alegre – divulgou neste início de novembro para que os candidatos às prefeituras no Sul do país se sensibilizem sobre a importância de transformar os municípios em ambientes de inovação.

“As cidades são uma plataforma de oportunidades. Tratá-la sob essa perspectiva, abrindo seus serviços, incentivando e possibilitando conexões permite que a sociedade contribua, que a criação de novas startups seja incentivada, assim como a atração de players consolidados. Cria-se assim um ambiente propício à colaboração, inovação e ao compartilhamento sustentável”, afirma Jean Vogel, presidente do GCI e diretor executivo do Ágora Tech Park, centro de inovação e tecnologia de Joinville.

O Grupo parte de cinco premissas fundamentais para que as cidades sejam inteligentes:

1) “Mais do que tecnologia, uma smart city é colaboração”: Tudo começa com uma mudança de mentalidade: a gestão pública precisa estar aberta, conhecer e se conectar com suas universidades e demais instituições de ensino, ouvir as demandas da população, ter uma interlocução transparente e propositiva com o setor privado e entidades representativas do mercado, criar desafios para que startups ajudem a pensar em soluções.

2) Smart spaces”: equipamentos públicos como ambientes inteligentes: onde a comunidade pode colaborar e se engajar com uma cidade inteligente? Não há outra resposta que não vivendo a própria cidade: escolas, espaços corporativos, parques e praças, hospitais e postos de saúde podem se tornar smart spaces. Hoje há pouquíssima conectividade nestes ambientes, que são ocupados por parte significativa da população.

Em paralelo, os governantes podem atuar em sinergia com setor privado e instituições de ensino para estimular, com políticas de fomento ao empreendedorismo, novos centros de inovação, que não sejam apenas espaços de trabalho, mas também de encontros e negócios. A cidade inteligente é aquela que facilita conexões.

3) Atração de talentos – e não apenas de CNPJs: Historicamente, os gestores públicos priorizaram a atração de novas empresas e indústrias para seus municípios para ampliarem sua receita (impostos) e gerar empregos. Mas isso hoje não basta: uma cidade inteligente demanda uma sociedade inteligente, por isso o gestor público do século XXI precisa também definir estratégias e ações para atrair e manter talentos.

Políticas públicas como Plano Diretor, urbanização, mobilidade, educação, lazer e segurança devem ser pautadas no contexto de uma sociedade inteligente e conectada. Há uma nova competição global entre as cidades, e o capital humano mais qualificado tende a se estabelecer onde houver a melhor qualidade de vida, boa infraestrutura de serviços e conectividade, menos burocracia para empreender e um ambiente ecologicamente saudável.

4) Usar dados e inteligência artificial para tomada de decisão: Há uma série de plataformas e sistemas disponíveis, de baixo custo ou mesmo gratuitas, que usam bancos de dados públicos e podem ser aplicados à realidade local. Como melhorar a mobilidade urbana? Que regiões demandam maior investimento em segurança, ou uma infraestrutura de serviços (creches, escolas, parques)? A tecnologia tem ajudado cidades mundo afora com dados e evidências que facilitam a criação de projetos e políticas públicas.

Neste 2020 em que a sociedade vai escolher democraticamente as novas lideranças municipais pelos próximos quatro anos, temos o momento ideal para que as cidades se tornem ambientes propícios para inovar, incluir digitalmente seus cidadãos e facilitar a oferta de serviços. Isso acontece quando os gestores públicos encaram uma nova maneira de pensar – e planejar – as cidades.

5) Inovação nas cidades mobilizam o ambiente empresarial: Quando o poder público abre a possibilidade de testar um serviço inovador à população, ele cria um ambiente de validação de mercado para novas soluções, o que facilita a conexão entre grandes empresas e startups. É a oportunidade para transformar a infraestrutura já instalada nas cidades (como as redes 4G) em novas plataformas de serviço para o bem comum. Isso significa um alto potencial de novos investimentos, geração de empregos qualificados – e ganho de eficiência ao poder público.

Em um momento sensível à economia dos municípios, e em meio a uma acelerada transformação digital, não faltam razões para os futuros gestores públicos colocarem a inovação na ordem do dia, estimulando iniciativas e projetos que criem uma relação de inteligência entre as cidades e seus moradores.

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