* Por Theo Braga
O termo investidor-anjo vem ganhando destaque e com os realities shows sobre esse tipo de atividade, recebeu ainda mais notoriedade. E, obviamente que, para nós atuantes na área, isso é excelente por dois motivos. Primeiro, jogam luz sobre muitos novos negócios promissores e fazem com que empresários por trás das startups busquem se qualificar antes de procurar por aporte. Segundo, desperta nos empreendedores e pessoas interessadas nesse tipo de negócio a necessidade de se preparem com afinco antes de começarem a investir.
Para que se tenha uma ideia, segundo pesquisa realizada pela Anjos do Brasil, organização sem fins lucrativos que fomenta o crescimento do investimento-anjo para o apoio ao empreendedorismo de inovação brasileiro, o valor aportado por investidores-anjo no Brasil mais do que dobrou na última década, saltou de R$ 450 milhões para cifras acima de R$ 1 bilhão em 2019. Já o ticket médio investido subiu de R$ 85 mil, em 2011, para R$ 129 mil, em 2019, um crescimento de 44%.
Há um tempo, o grande dilema no mundo corporativo era a questão “Como Davi irá enfrentar Golias?”, ou seja, como pequenas empresas, em estágio inicial, vão competir com as empresas consolidadas no mercado, mas agora são as startups que desafiam as grandes estruturas, pois elas crescem rapidamente sem necessariamente aumentar o custo da operação, hoje o cenário mudou e o que vemos é o “Como Golias enfrenta Davi?”, afinal, com a disseminação da atividade e com centenas de cases de sucesso espalhados pelo país, muitos empresários e executivos desejam se tornar investidores-anjo com o objetivo de multiplicar o seu capital. E o que se espera ao apostar em uma nova empresa é que ela deslanche, apresente um maior valuation, seja reconhecida pelo mercado e, assim, a participação do investidor-anjo também cresça para que obtenha o retorno almejado.
Pensando nisso, reuni cinco dicas básicas para quem entrar nessa jornada e investir:
1 – Como escolher em qual negócio investir?
Você receberá muitas ofertas de startups pedindo investimento, por isso, é importante ter tempo para fazer um filtro com as melhores oportunidades. Depois disso, é importante estudar o pitch de cada empresa, ou seja, a apresentação resumida de cada negócio para entender com clareza e transparência cada informação passada. Analise ainda o mercado potencial, a aceitação pelo público-alvo, e se o modelo de negócios é viável para você.
Quando se está iniciando na área, é normal que todo o ecossistema pareça um campo misterioso a ser explorado. Por isso, ao pensar no modelo de empresa e no valor a ser aplicado, tenha em mente que investimentos são relacionamentos de longo prazo. Então, é necessário estudar bem o novo negócio para que, antes de tomar a decisão, você tenha monitorado e avaliado suficientemente a startup para entender o comprometimento do empresário (ou empresários) e os resultados gerados até então.
2 – Não tenha pressa
Nenhum investidor-anjo quer um retorno imediato. Pelo contrário, ele está em busca de empresas com grande potencial de crescimento para multiplicar o seu investimento. Tendo em vista de que estamos falando de negócios que, em sua maioria, estão em estágio inicial, o investidor só ganhará dinheiro quando a empresa estiver consolidada. Isso porque o seu percentual só irá aumentar se o negócio crescer. E quanto melhor ele estiver, mais bem sucedida será a venda da sua participação. Sendo assim, esse processo pode demorar em torno de 3 a 7 anos.
3 – O lucro não é seu
É bom lembrar que o investidor-anjo profissional não tem interesse em receber divisões do lucro. O interesse dele é que a startup se desenvolva, portanto, prefere que essa receita seja reinvestida no crescimento da empresa. É preciso ter em mente que estamos falando de um investimento de risco e que todo o capital gerado deve ser reinvestido para que a empresa expanda. Assim, o investidor-anjo profissional não é um sócio e, geralmente, não se comporta como tal, logo, não tem interesse em receber as participações do lucro, pelo contrário, aquele que faz isso prejudica a startup e a si próprio, pois dificultará outras entradas de investidores e, como consequência, o crescimento da empresa.
4 – Quanto e como investir?
Hoje, o investimento pode girar entre R$ 50.000,00 e R$ 500.000,00 em média, mas não existe uma regra exata. O importante é que haja um acordo mútuo com regras contratuais bem definidas.
A respeito da porcentagem, o mais comum é que o investidor receba algo em torno de 5 a 15%, pois um valor maior que esse pode atrapalhar as rodadas seguintes de investimento que serão extremamente importantes para o sucesso dos negócios.
Uma dica valiosa: você também pode investir em rede e distribuir seu capital em vários negócios para dividir o seu risco. Um exemplo: se você tem três startups que estão em busca de investidor-anjo, ao invés de apostar em apenas uma, você pode partilhar seu capital para cada uma delas e os outros investidores completam o valor restante.
5 – Busque por conhecimento sempre, mesmo que você esteja no topo
O mundo dos negócios traz novas atualizações e estratégias todos os dias, a tecnologia também tem avançado e vem trazendo soluções cada dia mais impactantes, por isso, quem não busca entender todas as evoluções da sociedade, acaba por não entender as necessidades de cada cultura, cada nicho de negócios e, com isso, pode deixar de investir e perder oportunidades únicas.
Participe de eventos do universo das startups, além de trocar experiências com investidores que já aportaram recursos nesse setor, converse também com empreendedores que já receberam investimento e procure compreender o que esperam e como pode contribuir com sua experiência. Um espaço bem bacana para isso é o Campus São Paulo, que tem uma agenda mensal para conectar os players empreendedores, investidores, aceleradoras, etc. Destaco também a Jornada Anjo Investidor, que acontece nos dias 23 e 24 de abril, em evento online, transmitido ao vivo, diretamente do hotel Radisson Vila Olimpia, em São Paulo, e depois nos dias 21 e 22 de maiio, presencialmente, no mesmo endereço. Realizado pela Smart Money Education (SME), escola de dinheiro inteligente e negócios inovadores, o encontro irá mostrar aos participantes como investir em startups de maneira profissional e se tornar um investidor-anjo qualificado.
Nesse ecossistema é muito importante conversar com outros investidores mais experientes e aprender com seus erros e acertos. Estar entre os melhores é também ser humilde. Você tem muito a doar, mas tenha a certeza de que tem muito a receber, portanto, mesmo para quem já tem alguns anos de experiência, a busca pelo conhecimento é uma forma de aprimorar a sua expertise e oferecer suas experiências e o conhecimento adquiridos. Entenda que tem muita gente jovem em busca de aprendizado, mas é uma possibilidade de abrir novos olhares voltados para o futuro. Essa é a melhor forma de construirmos um Brasil melhor, empreendendo e dando oportunidade para a inovação.
* Theo Braga é um jovem anjo-investidor, CEO da Smart Money Education (SME), escola que promove e instiga a ousadia em para líderes e empreendedores para que eles façam diferente dos demais investidores e players de mercado