O mercado nacional vem passando por uma significativa mudança de mindset. Se antes, o desejo comum era trabalhar em busca de estabilidade financeira e sonhar com uma carreira sólida e duradoura em uma única empresa, esses pensamentos já não representam mais os anseios dos jovens ao entrar no mercado.
Mais do que só salário, a composição de propósito, ambiente e aprendizado passou a ser alguns dos novos conceitos que regem essa geração na questão profissional. Dessa forma, a estabilidade dá lugar a liberdade criativa, a carreira para as profissões informais e novos cargos multidisciplinares surgem ganhando cada vez mais adeptos. É uma revolução que aconteceu silenciosamente, ganhou espaço e hoje, com o universo das startups, estabeleceu-se como nova ambição.
A mudança veio para ficar, e aconteceu em encontro com uma mudança vista nas relações de trabalho ao longo dos anos – desde os tempos da Revolução Industrial até os dias de hoje, pós Revolução Tecnológica. Vivemos na era das conexões, no qual estamos online o tempo todo derrubando as barreiras físicas. O profissional, hoje, não trabalha mais só para ganhar dinheiro (agora visto como consequência): seu propósito atual tem a ver com o que sua função está servindo, e mais importante, se esse mesmo propósito é compartilhado pela empresa e pelo time. O conceito, que ganhou força, é a vontade de se sentir parte do negócio e não parte da engrenagem. De conseguir enxergar o real impacto da sua função dentro da empresa.
O desejo não é exclusivo dos profissionais – é uma mudança de conceito que também chegou nas empresas. As grandes corporações, principalmente aquelas atreladas a tecnologia, já entendem e aplicam essa nova dinâmica em sua cultura organizacional. Google, Facebook, Amazon, são alguns dos exemplos que adotam o propósito compartilhado, e oferecem uma organização horizontal e transparente, para que do estagiário ao CEO, todos participem dos processos e consigam enxergar o impacto real do seu trabalho. Mesmo porque, dentro da cultura de startup e inovação, ao contrário do mundo corporativo, é preciso estar aberto a aprender coisas novas sempre, de todas as áreas possíveis e com todas as pessoas ao redor. E errar, aceitá-lo, e aprender com esse erro o mais rápido possível em busca da solução. Afinal, essa é a essência de tudo: startups nascem para solucionar problemas. O conhecimento dentro dessa área é mutável a todo momento, e é preciso estar por dentro das tendências.
Nesse cenário, empreender deixou de ser alternativa há muito tempo – é uma realidade quando jovens não encontram esse caminho nas grandes empresas. É uma escolha, e deve ser guiada pelo seu propósito de vida, pelo o caminho onde o profissional quer chegar. Agora é o momento de transformar ideias em negócios e fazer desse negócio, carreira. Seja abrindo uma startup ou trabalhando em uma para aprender com quem já têm experiência, conhecer as dores, os processos e entender como funcionam por dentro.
Ao corporativismo: esteja atento e adapte-se. A mudança é positiva, e não vai retroceder!
*Rafael Ribeiro é cientista da computação licenciado pela UNASP, com especialização em marketing pela Universidade Anhembi Morumbi e com MBA em Administração, Negócios e Marketing pela BSP. Possui 11 anos de experiência em TI e BI, desenvolvendo inteligência de negócios e inovação em grandes empresas como Santander, Tam, Itaú, Mitsubishi, UniHealth, Tivit entre outras; além de sócio fundador das startups Weblinia e Monsterjoy. Desde 2016, é Diretor Executivo da Associação Brasileira de Startups (Abstartups).
Sobre a Abstartups
Fundada em 2011, a Associação Brasileira de Startups (Abstartups) é uma entidade sem fins lucrativos, que possui mais de 12 mil startups em sua base de dados e tem como missão promover o ecossistema brasileiro de startups nacionalmente e internacionalmente, fornecendo informações de mercado e ativando os agentes relevantes para aumentar a competitividade das startups brasileiras.