Campo 1 – Ao entrar neste campo para jogar a Copa América, a partir do dia 13 de junho, os jogadores da seleção brasileira vão passar por uma espécie de “corredor polonês”, onde estarão lado a lado cartolas e patrocinadores. Brasil tem tudo para ser campeão e assim cada jogador vai embolsar uma boa quantia em dinheiro. Os patrocinadores e os cartolas também serão compensados pelos seus investimentos se o Brasil levantar mais uma vez a taça de campeão.
Mas essa atual Copa América não será uma disputa normal, dentro apenas das quatro linhas do campo. O coração, os olhos, a atenção de todos os torcedores brasileiros não vão estar dentro de campo. Muitos torcedores vão estar diante de uma tela de TV para assistir aos lances dessa forte paixão brasileira. Muitos torcedores, no entanto, vão estar com lágrimas no rosto ainda ou vão estar preocupados com a saúde de um avô, avó, pai, mãe, irmão, de amigos e conhecidos.
A atual pandemia tirou todos os limites de proteção dos estádios de futebol. Colômbia, o primeiro país definido para abrigar a competição, desistiu de realizar o evento em função da pandemia, agravada por um crise política. Depois foi escolhida a Argentina, que também acabou desistindo, devido à pandemia, agravada por uma crise econômica. Aí o convite chegou até o Brasil e uma voz oficial disse “sim”, sem ouvir comissão técnica e jogadores da seleção de futebol.
O mundo inteiro, principalmente os amantes do futebol, vão estar de olho na decisão do Brasil de jogar ou não a Copa América que pode ocorrer amanhã. A camisa amarela da seleção é a principal marca no maior número de países do mundo. Um grupo de brasileiros ao sentar num restaurante na França, por exemplo, depois do garçom ter a certeza que não são espanhóis, nem italianos, mas sim do Brasil, logo abre um sorriso e solta o novelo de craques: Pelé, Garrincha, Tostão, Jairzinho, Zico, Ronaldo, Ronaldinho….
Essa camisa amarela, de cor viva, que orgulha a todos, durante a disputa da Copa América terá tons turvos da tristeza. Pode mesmo a bola estar rolando, entre os dias 13 de junho a 10 de julho, e num desses dias o placar eletrônico vai registrar: Brasil alcança 500 mil mortes pela pandemia.
Campo 2 – Ao decidir não jogar a Copa América, os jogadores da seleção brasileira de futebol simplesmente vão entrar para o campo da história.