A pandemia de cancelamentos da russofobia, a casa dos mortos e o botão final

Fiódor Dostoiévski, russo e um dos maiores escritores do mundo em todos os tempos, para além de todo o horror da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, é mais uma vítima da pandemia de cancelamento, da russofobia. Livrarias em diferentes países se recusam, como represália pelo conflito, a receber livros de autores da Rússia, entre eles Dostoiévski.

Engajado na luta da juventude democrática da Rússia, Dostoiévski foi preso em 1849 e condenado a morte. Antes da execução, teve sua pena substituída por trabalho forçado na Sibéria, onde passou 4 anos. Da experiência e desses anos trágicos da sua vida, ele escreveu um dos seus primeiros livros com o título “Memória da casa dos mortos”. Depois que saiu do exílio, escreveu clássicos da literatura, como “Os Irmãos Karamazov”, “Crime e Castigo”, “Os demônios”, “O jogador”, entre outros, lidos até hoje em todos os países do mundo.

A Ucrânia é a atual “casa dos mortos”. Só nas primeiras semanas essa cruel e jamais justificável guerra já matou milhares de pessoas, muitas crianças dentro das suas próprias casas. Pelo menos 90 crianças já morreram e mais de 100 ficaram feridas. Muitos soldados, dos dois lados, também são mortos. Mas as maiores vítimas são de inocentes, de famílias inteiras, quando não conseguem se refugiar em outros países. Mais de 2 milhões de ucranianos rumaram, sem destino, para outros países para fugir da guerra.

Nesse momento escuro da humanidade, luzes também são apagadas nos palcos de cortinas fechadas.   “O lago dos cisnes”, “O quebra nozes” e a “Bela Adormecida” deixam de ser apresentadas em países da Europa, também em represália pela invasão russa na Ucrânia. Essas três obras primas da cultura mundial são de autoria do compositor russo Piotr Ilitch Thaikovski, um gênio de todos os tempos.

Chega o momento do mundo erguer trincheiras e barreiras para evitar que o planeta inteiro seja uma “casa de mortos”.  Essa pandemia de cancelamento da cultura russa, que não pode ser misturada com a ganância de poder e o sangue dos inocentes mortos, já mata muito também. Mata a alma das pessoas.

Depois disso, em pleno Século XXI, no seu arsenal de bombas químicas e nucleares, só falta o ditador russo Putin, num simples gesto com o dedo, acionar o botão final.

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