No início do ano de 1986 eu era editor executivo de economia no Jornal O Globo, na sede do Rio de Janeiro. Nascia ali, na editoria de economia, a informatização das redações em todo o país, etapa que ocorreu no mesmo momento no Jornal Estado de São Paulo e na Zero Hora de Porto Alegre, com a mesma tecnologia importada dos Estados Unidos.
A lembrança que tenho dessa época são as cores agressivas das letras do computador, no início amarelas e depois verdes, mais suaves. Mas algo também me chamava muito atenção: o espaço dedicado às máquinas, grandes computadores e poderosos refrigeradores, que ocupavam um andar inteiro. Saía desse andar inteiro do Jornal O Globo o programa para o repórter digitar a reportagem, cada editor fazer a edição e o diagramador paginar cada página do jornal que circulava no outro dia.
Esse andar inteiro de máquinas, grandes processadores e refrigeradores, cabe hoje numa mesa, num pequeno computador, num laptop ou mesmo num celular. Essa monstruosa transformação tecnológica foi feita no Brasil em grande parte pela empresa Senior, de Blumenau, que completa 30 anos e ganhou o principal destaque da edição de abril da Empreendedor. A Senior fez, por exemplo, com que uma pequena empresa rodasse a folha de pagamentos dos empregados num computador de mesa, sem depender daquele andar de máquinas, que só grandes empresas conseguiam manter.
Hoje vivemos na era da “nuvem”, da nanotecnologia, de ferramentas e soluções tecnológicas imperceptíveis à vista. Muitas novas tecnologias nem nos surpreendem mais. Mas eu não consigo esquecer o dia em que troquei “o falar” para mandar as primeiras mensagens ao companheiro jornalista sentado ao meu lado, só para ver se a tecnologia funcionava mesmo.