Diferente dos outros setores, a área de Recursos Humanos relutou (e muito!) para investir em tecnologia. No começo, as páginas amarelas eram utilizadas por empresas que buscavam profissionais técnicos. Posteriormente surgiram sites de emprego, conhecidos como job boards, que tinham como objetivo alocar vagas no ambiente digital. Atualmente, já existem ferramentas voltadas para o engajamento, seleção e entrevistas de candidatos, que usam algoritmos, Inteligência Artificial e dados para identificar bons perfis técnicos e características comportamentais dos candidatos.
Uma das tendências atuais é a utilização do People Analytics, que através de Big data consegue melhorar a qualidade das contratações e a performance dos times. Com uma análise bem avançada dos dados, ainda é possível eliminar decisões subjetivas, antecipar tendências e identificar caminhos para aumentar a produtividade da empresa.
Além disso, existem soluções para executar testes e avaliar profissionais em tempo real, como é o caso da HackerRank e da Codility. Outras servem ainda para gestão e automação de processos seletivos, como a Kenoby, Gupy e Recrutee. Também existem opções que traçam o mapeamento comportamental, como é o caso da Solides.
Nesse cenário, há ainda os marketplaces, mais conhecidos por reunirem empresas e candidatos em um só espaço e que, diferente dos job boards, utilizam dessas ferramentas, acelerando a contratação e filtrando candidatos de acordo com o perfil que a empresa espera entrevistar, por exemplo.
Embora, essas soluções estejam à disposição para auxiliar as empresas a selecionarem os melhores talentos, ainda existe certa resistência por parte de alguns profissionais de RH, que acreditam que essas tecnologias irão eliminar os empregos dos seres humanos. Por isso, a importância de se mudar o mindset do setor como um todo.
Sabemos que o processo de contratação muitas vezes pode ser longo e árduo, levando meses até que o profissional mais adequado seja encontrado. Quanto mais tempo leva para ser finalizado, maior é o custo, fazendo com que muitas organizações ultrapassem o orçamento, percam projetos ou ainda acabem contratando uma pessoa que não condiz 100% com a função.
A utilização dessas tecnologias permite agregar maior assertividade e rapidez no dia a dia de trabalho, conduzindo a tomadas de decisões mais estratégicas, acelerando as etapas e, consequentemente, selecionando candidatos mais alinhados aos valores da marca que irá representar.
Além disso, por meio de muito benchmarking, o responsável pela área de RH pode aprender melhores práticas aplicadas a processos seletivos, novas metodologias e, ao mesmo tempo, ser criativo para customizá-las frente às peculiaridades de cada negócio.
É essencial, ainda, manter uma cultura de sempre testar muitas alternativas que possam ajudar neste contexto. Nem sempre o que funciona muito bem para uma empresa, vai funcionar para a outra. A velocidade com que a tecnologia evolui é muito alta e não podemos ficar reféns de uma única forma de selecionar profissionais.
*Tomás Ferrari é sócio fundador da GeekHunter, plataforma digital com soluções voltadas ao mercado de recrutamento de desenvolvedores de software.