Por Antonio Maganhotte Junior, CEO da Tecnofit, sócio do EBANX e Honey Island Capital.
A vacinação no Brasil caminha para, em maio, atingir 5% da população. E apesar dos números ainda serem apenas o início do retorno ao que podemos chamar de normalidade, aos poucos as cidades vão reabrindo seus comércios, bares e espaços fitness. Como gestor de uma empresa especializada na administração de academias, observo algumas tendências que podem fazer com que as academias sejam ainda mais frequentadas com a retomada do pós-pandemia.
E explico apontando um sinal importante, que números mundiais corroboram: a saúde mental, que anda lado a lado com a saúde física, virou uma prioridade para a grande maioria da população. Segundo recente estudo realizado pela McKinsey & Company com mais de 7.500 pessoas em seis países, incluindo o Brasil, a saúde mental tornou-se uma preocupação de 79% dos entrevistados. Um em cada quatro dos entrevistados cravou: isso é prioridade para o futuro pós-pandêmico.
O dado nacional é tão otimista quanto o mundial: o número de brasileiros que se consideram preocupados com a saúde e bem-estar aumentou 74% em 2020, em comparação com o ano anterior, segundo o levantamento da McKinsey.
Junto às novas prioridades da população, ainda vemos um cenário bastante positivo exatamente na parcela das pessoas que estão sendo vacinadas. A 3ª idade, que está sendo imunizada prioritariamente, pode ser um público-alvo oportuno em curto prazo: mais preocupados com a saúde após a pandemia e mais seguros em comparecer a espaços compartilhados, os idosos poderão representar uma parcela significativa de novas matrículas em academias e espaços físicos. Assim, pensar em ações específicas para eles pode ser interessante para os negócios.
Comum nas academias, o aluno que apenas “assina o contrato” também estará fora de moda. Logo após a primeira onda, em 2020, a Tecnofit observou um crescimento expressivo dos alunos que treinam três vezes ou mais por semana. Um levantamento realizado com mais de 21 mil alunos de academias no Brasil todo, mostrou que 70% deles afirmaram que voltaram aos treinos com uma frequência maior que anteriormente. Tudo isso, é claro, inspira cuidados. As limitações de pessoas nos locais de treino, assim como as medidas sanitárias, permanecerão no nosso dia a dia por muito tempo.
Como empresa parceira do setor, a Tecnofit trabalha também para ser uma fonte de dados do segmento: um levantamento realizado entre janeiro e março deste ano com 412 academias brasileiras – antes da nova onda de Covid-19 – apontou um índice de proliferação do vírus de 3% em espaços de atividades físicas compartilhadas. Uma pesquisa inicial, mas que se mostra otimista para este momento de reabertura nas principais capitais brasileiras
Não se trata de um levantamento científico, mas aponta dados extremamente importantes para o setor e seus frequentadores. Afinal, com as devidas medidas sanitárias, o retorno à academia parece ser muito mais tranquilo do que se imaginava.
E sendo assim, podemos finalmente dar mais incentivo e segurança a todos que sentiam e sentem falta não só de fazer o exercício físico, mas também do senso de comunidade que isso representa, com mais parceria na realização de exercícios com amigos e parceiros. Segundo o relatório “Covid Era Fitness Consumer” liberado pela IHRSA em outubro de 2020, 36% dos americanos tinham saudade de treinar em uma academia com a companhia de colegas.
Apresentados esses argumentos, fica claro para os gestores: o trabalho com prevenção contra a Covid-19 deve continuar e temos sinais de otimismo maiores do que nunca no segmento. Essa reabertura nas principais capitais do Brasil deve ser permanente, se todos – incluindo as pessoas que frequentam as academias e espaços de atividades físicas – fizerem a sua parte. Sairemos desta pandemia com uma perspectiva mais do que animadora para os negócios fitness e, também, para a longevidade de todos os brasileiros.