Começar o próprio negócio é um grande desafio para o empreendedor e o fundamental é concentrar a atenção nas redes sociais. “Se tudo acaba na sua timeline, por que engendrar negócios ignorando essas redes que estão conectando mais de 90 milhões de usuários somente no Brasil?” Esse é o recado que a empreendedora, palestrante e consultora em marketing digital, Ana Tex, tem transmitido em suas conferências pelo país.
Como presença constante em grandes eventos, ela é considerada uma das principais autoridades em novas mídias e novas tecnologias. Nesta entrevista, ela afirma que o aumento das iniciativas empreendedoras não decorre só do desemprego, mas principalmente da evolução da internet. Ana comenta a ação inovadora do empreendedor brasileiro e de sua vontade de não depender do governo.
O desemprego vem crescendo e as iniciativas empreendedoras também. Isso veio para ficar ou só vai durar até o controle da crise econômica?
Ana Tex – Eu acredito que essas iniciativas empreendedoras não surgiram apenas por conta da crise, mas também por conta da evolução da internet. As pessoas estão começando a se dar conta de que, com a internet e as redes sociais, é possível atrair o público certo.
Assim como a internet e a cultura das redes sociais vieram para ficar, essa nova forma de se fazer negócio também. Não tem mais volta. Tanto que o Instagram e Facebook, por exemplo, já estão investindo em novas ferramentas para esse tipo de usuário.
Então, é uma junção das coisas: tanto a questão da crise, que no caos as pessoas têm de se reinventar, e também porque, intuitivamente, os empreendedores já viram que usar a internet para promover um negócio dá certo. Antes era muito caro fazer marketing e propaganda, mas as novas mídias possibilitam se divulgar de uma forma mais barata e funcional.
Qual o perfil do empreendedor que pode dar certo no mercado mais restrito de agora?
O perfil do empreendedor que pode dar mais certo hoje é o inovador, perspicaz. Aquele que compreende nos tempos atuais, com a internet e as novas mídias, é preciso reinventar seu negócio e atrair pessoas. Esse é o perfil de inovação. Talvez hoje, para muitas pessoas, a internet não seja uma grande novidade, mas a forma de utilizar para negócio, sim.
Nas suas palestras, a senhora tem vinculado o sucesso do negócio ao uso das redes sociais. Como funciona isso?
Onde tem público, onde tem pessoas, tem oportunidades. E as redes sociais é uma realidade na qual as pessoas estão ali para conversar, trocar ideias, e até mesmo para tirar dúvidas sobre produtos e serviços. Então, se as pessoas estão trocando ideias com amigos, familiares e outras que eles se identificam e comunidades com as quais fazem parte, as marcas e empresas também devem estar.
Eu falo que o sucesso dos negócios não depende 100% das redes sociais, mas elas podem ajudar muito. No marketing de massa, investe-se muito dinheiro para acertar o público. Na internet, é possível realizar um marketing mais direcionado, investindo menos e, consequentemente, atrair as pessoas certas. Nas minhas palestras, cursos e mentorias, eu mostro o caminho para se conquistar esse público-alvo. Ensino técnicas e estratégias para isso.
Qual o segmento de negócio que a senhora aconselharia neste momento econômico?
Em minhas palestras e cursos eu costumo dizer que qualquer negócio pode ganhar mais visibilidade com a internet e as redes sociais. O trabalho do marketing digital não está restrito a um segmento específico, mas pode ser adaptado a diferentes nichos do mercado. E foi exatamente isso que eu fiz (e estou fazendo). Estudo cada nicho para ensinar meus clientes e alunos de uma forma mais específica. Comecei com curso mais amplo, mas hoje já ofereço cursos e treinamentos para empreendedores nos segmentos como moda, educação, coach, fotografia, saúde, casamento, arquitetura e design, imobiliário, fitness, beleza, pet e até artesanato. Você tem algo para vender? Então tem alguém para comprar. Com a internet, conecta-se vendedor/serviço ao consumidor. O segredo é estudar cada mercado e o seu consumidor.
A superação gradual da crise econômica, prevista já a partir deste ano, pode mudar o perfil do empreendedor que está começando no mercado?
O empreendedor que está no mercado, que sobreviveu no mercado em meio a crise, já está com “machado afiado”. Ele teve que ter muito esforço para continuar. Teve de inovar muito, teve que ver, conhecer alternativas para dar certo. Então essa pessoa, com certeza, terá ferramentas e conhecimento para ficar muito bem agora, com a superação da crise. Essa pessoa já passou pelo pior.
Agora, para as pessoas que pretendem empreender, terão um “mar” de oportunidades. Porém, será que elas testaram todas as inovações? Será que vão estar tão preparadas quanto um empreendedor que passou pela crise?
Como a senhora classifica as startups neste momento em que a abertura de novos negócios vai virando uma tendência de mercado?
Eu acredito que a cultura de startups no país tem que evoluir mais. O Brasil está se reerguendo, então, para muitos investidores, investir em empresas inovadoras e de tecnologia pode causar insegurança, até mesmo porque é uma nova cultura de mercado que está se firmando.
Tivemos algumas promessas grandes no país que não deram certo, portanto o mercado acaba desconfiando de projetos embrionários.
Como o empreendedorismo vai reunir forças para superar o atraso causado pelos maus políticos e pela corrupção?
Na verdade, o Brasil é um país que sempre foi difícil para o empreendedor, até mesmo por conta dos impostos e da corrupção. Mesmo assim, é um país muito empreendedor, porque a mente das pessoas é naturalmente empreendedora, criativa. A todo instante, o país tem de se reinventar, tem de reunir forças para se superar. O que aconteceu recentemente com a corrupção no Brasil não é muito diferente com o que já acontecia antes. A única diferença é que foi revelado e está sendo investigado e punido. Ou seja, o brasileiro sempre teve de se reinventar, não tem jeito. Esse perfil empreendedor é característico do brasileiro e é dessa forma que ele consegue se reerguer e crescer. É dessa forma que ele deixa de depender do governo, pois a educação é ruim, a saúde é ruim. Então empreender foi a forma que o nosso povo arrumou para conseguir crescer. Diferente dos países europeus, como Portugal, por exemplo. Lá, a saúde é boa e a educação também. Por isso, as pessoas não têm um perfil tão empreendedor, não se mobilizam tanto para conquistar.