A demanda por estagiários e trainees cresceu neste ano.
A alta no primeiro semestre é de 13% em vagas de estágio ofertadas no Ciee (Centro de Integração Empresa-Escola). A Cia de Talentos prevê aumento para estudantes e recém-formados em 2011 de 34%.
"As empresas crescem em faturamento e abrem posições para suprir a demanda", explica Carla Esteves, diretora da Cia de Talentos.
Giuliano Bortoluci, executivo da Estagiários.com, diz que o bom cenário para os estudantes é reflexo da falta de investimentos em 2008, ano em que as empresas foram impactadas pela crise econômica e pelas mudanças na Lei de Estágio, que garantiram mais direitos aos estagiários, como férias remuneradas.
"De um mês para o outro daquele ano, as contratações caíram 40%", diz Bortoluci.
O aquecimento, afirma o executivo, faz parte do processo de recuperação e acomodação das companhias.
Tanta oferta dá aos estudantes opções. A aluna do terceiro ano de publicidade Juliana Bianchi, 20, por exemplo, passou em 4 dos 10 processos dos quais participou.
Ela conta que optou pela Hystalo, da área de tecnologia da informação e marketing, pela oportunidade de crescer profissionalmente e pela comodidade. "É mais perto da minha casa e da faculdade", justifica Bianchi.
As perspectivas de ascensão também atraíram a então estudante de administração Graziela Marques, 29, a uma vaga de estágio há três anos.
Para isso, ela deixou o emprego no segmento imobiliário pelo posto de estagiária, no qual receberia menos.
"Queria novos desafios", explica Marques, que atualmente é gerente administrativa da Cicero Papelaria.
A atenção com o futuro faz as empresas buscarem jovens potenciais, assinala Manoela Costa, gerente da consultoria Page Talent. "Há preocupação com a sucessão."
MICROEMPRESAS RECRUTAM
Empresas de micro e pequeno portes também apostam em estagiários.
Elas representam 66% dos 5.000 negócios que recorreram ao Nube (Núcleo Brasileiro de Estágios) para recrutar estudantes nos últimos 13 anos. Grandes somam 8% e médias, 26%.
A preocupação dos pequenos negócios, considera Manoela Costa, da Page Talent, é semelhante à dos grandes: "desenvolver talentos na base".
Pequenos empresários, como Eduardo L’Hotellier, sócio da GetNinjas, de TI, dizem encontrar dificuldades para recrutar.
"Ainda existe a lenda de que grandes companhias têm melhor suporte [mais chances de ascensão e pacote de benefícios maior, por exemplo]", diz.
Mas há quem prefira as pequenas, como o estudante de relações públicas Guido Sarti, 23. "As oportunidades para inovar [nas menores] são maiores."