Para Décio Lima, a manutenção da taxa de juros acima de dois dígitos não tem explicação razoável e faz com que a metade dos pequenos empreendedores não acessem empréstimo bancário
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central manteve a taxa básica de Juros (Selic), no patamar de 10,5% ao ano. Com isso, o BC quebrou uma sequência de sete reduções consecutivas. De agosto do ano passado até março deste ano, o Copom tinha reduzido os juros básicos em 0,5 ponto percentual a cada reunião. No mês passado, a redução foi de 0,25 ponto percentual.
De março de 2021 a agosto de 2022, o Copom havia elevado a Selic por 12 vezes consecutivas, em um ciclo de aperto monetário que teve início em meio à alta dos preços de alimentos, de energia e de combustíveis. Por um ano, de agosto de 2022 a agosto de 2023, a taxa foi mantida em 13,75% ao ano, por sete vezes seguidas. Com o controle dos preços, o BC passou a realizar os cortes na Selic, interrompidos agora.
Para o presidente do Sebrae, Décio Lima (foto em destaque), não há qualquer explicação racional para o fato da taxa de juros estar ainda acima dos dois dígitos, quando temos uma inflação anual de menos de 4%. “Da maneira como está sendo conduzido, o Banco Central não é independente, não serve aos interesses do povo brasileiro, porque está sendo utilizado a serviço dos rentistas, daqueles que ganham dinheiro, tornando ainda mais difícil a vida do trabalhador”.
Ele avalia que já passou da hora do país mudar essa política de juros. “A manutenção da Selic nessas bases prejudica não só o governo, que tenta recuperar a economia. Ao manter elevados os juros da dívida pública, o BC atinge também os consumidores e as empresas, principalmente os micro e pequenos negócios, porque o crédito fica mais caro”, acrescenta.
A taxa de juros média repassada aos pequenos empreendedores é baseada na Selic e chega a 40%. Por isso, destaca o presidente do Sebrae, a necessidade de uma redução mais acelerada do indicador. “Os juros praticados pelo sistema financeiro são a principal razão por trás do fato de que metade dos pequenos negócios não toma empréstimos”.
Programa Acredita
O Sebrae tem atuado, junto ao governo federal, para ampliar o acesso das MPE ao crédito por meio do programa Acredita. No início do mês, a instituição comemorou a marca de R$ 1 bilhão de crédito concedido através do Fundo de Aval para Micro e Pequena Empresa (Fampe), gerenciado pelo Sebrae.
No total, cerca de 20 mil operações foram realizadas com os recursos do fundo de janeiro a maio. São 29 instituições bancárias aptas a ofertar os recursos que foram possibilitados com o aporte de R$ 2 bilhões do Sebrae e que vai viabilizar R$ 30 bilhões em crédito nos próximos três anos.