Brasileiros que vivem no exterior enviaram US$ 2,8 bilhões em 2007 ao país

Atualmente, o Brasil é o segundo país na América Latina em recepção de dinheiro do exterior, atrás apenas do México. De acordo com dados do Banco Central, em 2007, chegou a US$ 2,8 bilhões a quantidade de dinheiro enviado a famílias no Brasil por brasileiros que moram em outros países. Desse total, mais de US$ 1,3 bilhão vem dos Estados Unidos, praticamente a mesma quantia apurada pelo BC em 1997, no total de valores remetidos.

Esse dinheiro, que se costuma ser chamado de remessa, é proveniente do trabalho de brasileiros que deixaram o país para buscar melhores condições financeiras e trabalham também para ajudar a família que ficou no Brasil.

Além dos dados do BC, os números apurados pelo Fundo Multilateral de Investimentos (Fumin) junto com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) também mostram os Estados Unidos, país onde está a maior colônia brasileira, como a principal origem de remessas: 42% do total, segundo o BID.

No entanto, o Banco apurou um total remetido bem maior em 2007: US$ 7,1 bilhões. A segunda principal origem é o Japão (34%), seguido pela União Européia (16%).

Os dados do Fumin/BID mostram que a maior parte das pessoas que recebem essas remessas no Brasil se concentra nas regiões Sudeste (58%) e Sul (39%). Em geral são mulheres (65%), com baixa escolaridade (somente 21% têm ensino superior) e de classes de baixa renda.

Por conta desse perfil, o especialista setorial da Representação do BID em Brasília Luciano Schweizer destaca que muitas vezes essas remessas têm um papel social muito importante no país. “Geralmente essas pessoas que emigram conseguem, ao trocar de país, uma remuneração que praticamente quintuplica o que eles ganham, então essa remessa ajuda na complementação dos recursos disponíveis para as famílias”, diz.

Entre os principais investimentos feitos com esses recursos, no Brasil, está a compra de imóveis, como a casa própria da família, a melhoria no nível de educação e o acesso a serviços de saúde. “E em alguns casos, como o dos dekasseguis, [brasileiros] que vão para o Japão, e o dos que vão para Portugal, há uma grande proporção desses que voltam ao Brasil e montam a própria empresa”, explica Schweizer.

Além disso, tais valores também geram um impacto no mercado financeiro daqui. Como o Brasil tem um dos mais altos níveis de bancarização das remessas, entre 60% e 70%, “obviamente esse dinheiro chega e circula dentro do sistema financeiro formal, e esse é um dos trabalhos que o banco [BID] vem desenvolvendo para aumentar a formalidade dessas remessas, porque permite que essa população gere um histórico no sistema financeiro e tenha acesso a outros serviços oferecidos nesse sistema”, afirma.

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