O cotidiano do trabalho no campo foi a inspiração para a criação e expansão da Budny, a primeira empresa catarinense a produzir tratores. Por causa da grande paixão do fundador da empresa – Carlos Budny – por eletrônica, o rumo de sua vida pôde ser diferente. A junção de alguns conhecimentos que tinha na área de eletrônica com uma visão empreendedora fez Carlos desenvolver um controlador de temperatura para monitorar a estufa da cultura de fumo. Feliz com o resultado da ideia, outras vieram e, assim, a empresa começou em novembro de 1990. Hoje, a companhia emprega cerca de 450 pessoas, e além de tratores fabrica plantadeiras, pulverizadores, grade niveladora, semeadeiras, carretas, hidráulicas, arados, entre outros equipamentos agrícolas. E sem perder o fôlego, a empresa segue investindo e começa 2013 com uma nova unidade fabril inaugurada na cidade de Içara (SC), onde foram aplicados R$ 30 milhões em uma área de 30 mil metros quadrados, sendo 5 mil metros quadrados de área construída.
O dono da Budny conta que os primeiros passos para o início da empresa foram dados numa casa velha da família no fim do ano de 1990. Filho de agricultor, Carlos e a família trabalhavam na cultura do fumo. E para ser comercializado para as empresas fumageiras, o fumo precisa ser secado em estufas. Na época, essas estufas precisavam ser monitoradas constantemente pelo próprio agricultor. Diante deste incômodo, Carlos colocou em prática suas habilidades e desenvolveu um controlador de temperatura simplesmente pensando em ganhar tempo para outros trabalhos que a propriedade precisava. Porém, essas pequenas demandas não eram suas principais preocupações. A gestão diária da empresa era o fator que mais exigia a atenção de Carlos. “Ser filho de agricultor e não ter ligação com o meio empresarial me fizeram ter que encarar diferentes desafios todos os dias”, desabafa.
Esse detalhe, porém, também não foi empecilho para Carlos. Como estava distante de uma região central e precisava de mais apoio para suas necessidades empresariais, costumava viajar para outros estados em busca de mais conhecimentos e subsídios aos seus projetos. “Tudo eu tinha que aprender, mas minha força de vontade em realizar meu sonho era muito grande e a cada dia ajustava o foco e seguia em frente”, lembra. A determinação de Carlos em concretizar seus planos fez a Budny se tornar uma empresa que oferece soluções completas ao agricultor familiar, possibilitando diversificar com mais qualidade. Assim, o foco principal da empresa sempre foi atender à grande demanda da agricultura familiar. “Hoje, 70% dos alimentos consumidos no Brasil provêm da agricultura familiar, por isso este setor é vital para a agricultura nacional pela sua diversificação. E, também, é onde se concentra o maior índice de clientes compradores da empresa”, comenta o proprietário da Budny.
O fato de conhecer bem a atividade do campo e, consequentemente, as necessidades do seu maior público consumidor garantiu à Budny fabricar justamente o que os agricultores precisavam. “Temos para oferecer os implementos e os tratores que puxam esses implementos. Por conhecer melhor o dia a dia agrícola, tivemos condições de aplicar o melhor resultado nos produtos fabricados”, explica Carlos. Na estrutura da Budny é possível encontrar os principais departamentos produtivos, como de eletrônica, metalurgia, fundição e usinagem. A empresa tem ainda um departamento de projetos com o propósito de inovar constantemente, proporcionando ao cliente o acesso a maquinários com tecnologia de ponta.
Mas o grande esforço de trabalho da empresa é voltado para a fabricação de tratores – seu principal produto. Atualmente, a Budny produz 240 unidades de tratores ao ano. Com o novo parque fabril de Içara, a produção vai expandir de um trator por dia para cinco tratores, resultando em 760 unidades por ano. “Nosso objetivo é, ainda em 2013, chegar a produzir 10 tratores diariamente”, planeja Carlos. Para este ano, a Budny também prevê aumentar a quantidade de componentes nacionais na fabricação dos tratores. “Hoje, o índice de nacionalização é importante para a sustentabilidade. Em nossa linha de montagem, 75% das peças são provenientes do mercado nacional, sendo que na própria Budny produzimos a maioria dos componentes do trator e o restante vem do mercado externo”, conta Carlos. A meta da empresa é ultrapassar 90% de componentes nacionais, considerando a parceria feita, em 2012, com a Motores MWM de São Paulo, fornecedora tradicional do mercado agrícola e rodoviário.
Para alcançar todas estas metas, Carlos revela que investiu muito na produção da fábrica e na nova unidade de Içara. “Modernizamos nosso parque fabril para dar sustentação à nossa produção e contratamos 100 novos profissionais para atender à demanda”, diz. A Budny, segundo Carlos, pretende atingir o quinto lugar em produção nacional de tratores até 2015. Em busca disso, segue ajustando o foco e as estratégias para chegar lá. De acordo com Carlos, a empresa tem mais de 50 concessionárias distribuídas em todo o território brasileiro, quer ampliar para 100 concessionárias e também desenvolve um grande projeto para o Estado de Rondônia, que proporcionará a expansão das vendas ao norte do Brasil. “Assim estaremos cada vez mais perto de nosso cliente”, destaca Carlos. A Budny ainda trabalha para colocar em prática um projeto de exportação de tratores e implementos para a África. A empresa já negociou com o Mercosul e agora se prepara para exportar ao continente africano. “Os contatos com Angola foram feitos em janeiro deste ano e a previsão é fecharmos parcerias que vão gerar grandes negócios e divisas para a região”, afirma Carlos.
A Budny atende o mercado agrícola há mais de 22 anos, e aos olhos do próprio Carlos, persistência, inovação, investimento constante, dedicação e conhecimento das necessidades do agricultor brasileiro integram a lista de fatores que contribuíram para o sucesso da empresa. A preocupação em se transformar constantemente para se adequar a cada dia aos desejos dos clientes proporcionou experiência adquirida para a empresa aplicar as melhores técnicas de desenvolvimento e produção que ficaram conhecidas no Brasil e almejam ser referência também em outros continentes.