Capital Research alerta para riscos futuros que podem afetar desempenho das empresas de saneamento na bolsa

As empresas de saneamento sofreram menos impactos da crise gerada pelo coronavírus do que as que pertencem ao setor elétrico, por exemplo. É o que a casa de análises Capital Research afirma em seu relatório focado neste setor. O motivo, segundo consta o material, é o fato de a maior parcela do consumo de serviços de água e esgoto ser residencial, e com as pessoas em isolamento social em suas casas, a tendência é que haja um aumento nesse tipo de consumo.

Porém, a contração do volume nos segmentos comercial e industrial, e a possibilidade de aumento de inadimplência e atrasos nos recebimentos são pontos de alerta para os investidores, como ressalta Samuel Torres, analista que produziu o relatório. “Isso deve acontecer porque muitas pessoas já estão passando e muitas outras ainda passarão dificuldades financeiras durante a crise, várias delas, inclusive, perdendo sua fonte de renda”, projeta o analista.

Segundo Torres, ainda há outro fator de impacto aos acionistas: as três empresas listadas na bolsa – Copasa (CSMG3), de Minas Gerais, Sabesp (SBSP3), de São Paulo, e Sanepar (SAPR11) do Paraná – são controladas pelo governo, o qual já adotou políticas públicas que resguardam o consumidor, mas acabam afetando os acionistas, como por exemplo, o adiamento no reajuste tarifário anual da Sabesp e da Sanepar em 90 e 60 dias, respectivamente.

“Como a quantidade de famílias de baixa renda e seu consumo são baixos em relação ao total, o impacto dessas medidas para os clientes inclusos na Tarifa Social será pequeno para o resultado das companhias, enquanto os atrasos nos reajustes devem ser compensados por meio da aplicação de ajuste adicional nas tarifas no futuro. Ainda assim, esses são exemplos do tipo de medidas que os acionistas controladores (governos estaduais) podem tomar, o que não deixa de representar um risco para os investidores”, avalia Samuel Torres.

O analista também destaca que, considerando esse cenário, mais do que os lucros, os fluxos de caixa dessas empresas podem ser impactados no curto prazo. Dessa forma, a análise da Capital Research, se debruçou primeiramente sobre a alavancagem das três empresas e concluiu que, sobre esse aspecto, a Sabesp é quem passa pela situação mais preocupante, já que 48% de sua dívida é em dólar, o qual já se valorizou cerca de 35% em relação ao real somente neste ano.

Além disso, tanto no caso da Sabesp, como da Copasa, “havia embutido em seus preços a possibilidade de serem privatizadas após a aprovação do marco regulatório, uma vez que os governadores dos respectivos estados afirmavam que levariam essa pauta para votação. Mas no momento, já se sabe que a probabilidade de privatização neste ano é bastante baixa”, relata Torres. Diante da confirmação de uma negativa para as privatizações, essa frustração acaba impactando na desvalorização dos respectivos papéis.

A recomendação da casa de análises, portanto, parte da análise exposta e da comparação de quanto o mercado pagou pelas ações em relação ao lucro líquido e Ebitda esperados para os próximos 12 meses, durante os últimos três anos. Considerando o preço mais baixo das ações da SAPR11 e do baixo impacto na crise, a Sanepar seria a aposta mais indicada por Torres, mas devido ao histórico complicado envolvendo reajuste tarifário “e em função dos demais riscos de intervenção governamental, enquanto não houver visibilidade quanto a um avanço do marco regulatório e aos preços atuais, não recomendamos nenhuma das três ações”, conclui o analista.

Sobre a Capital Research

A casa de análises Capital Research pertence ao grupo Red Ventures, que conta com um portfólio de empresas digitais nas indústrias de educação, saúde, home service e serviços financeiros. A startup tem como missão entregar conteúdo relevante aos seus usuários, como é o caso da Carteira Capital, que faz recomendações para investidores de perfil conservador, moderado e agressivo. Por meio de uma plataforma intuitiva e simples, o usuário pode contar com conteúdo de qualidade como newsletters, relatórios, cursos online e as próprias carteiras específicas de produtos de investimentos como a “Carteira de Ações”, a “Carteira de Renda Fixa” e a “Carteira de Fundos Imobiliários”.

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