No ar desde março de 2012, a plataforma Veduca amplia a oferta de ensino a distância no Brasil, reunindo conteúdo de universidades internacionais e brasileiras. Com a meta de democratizar a educação oferecendo conteúdo de qualidade e gratuito, já conquistou 540 mil alunos com 487 cursos de 23 instituições de ensino superior, entre elas as brasileiras UFSC, Unicamp e Unisinos e as internacionais MIT – Massachusetts Institute of Technology, Harvard, Oxford e Princeton.
As videoaulas são acompanhadas por ferramentas de estudo como bloco de anotação, material de apoio para download, chat e fórum de discussões. Alguns oferecem quizzes e tutoria on-line. Além disso, todas as aulas internacionais possuem legendas em português, já que apenas 2% da população brasileira domina o idioma.
Desde junho de 2013, o sistema começou a oferecer, pela primeira vez no Brasil, cursos baseados na tecnologia MOOC, do inglês Massive Open Online Course, um sistema de aprendizado em massa. “Buscamos proporcionar a melhor experiência de aprendizado on-line possível, de forma exclusiva” afirma o diretor Carlos Souza. “Quando ingressamos no mercado não havia nada parecido no país. O Brasil é a sétima economia do mundo e está nas últimas posições nas avaliações educacionais”, completa.
Agora que a solução está dando resultados econômicos. Em 2012, eles receberam R$ 1,5 milhão da Bolt Ventures, Macmillan Digital Education e 500 Startups, e no ano seguinte mais R$ 1,1 milhão dos mesmos investidores. O ano de 2014 foi o primeiro a apresentar faturamento, entre R$ 5 milhões e R$ 6 milhões. Em 2015, a empresa espera faturar R$ 20 milhões, e ela está prestes a receber outro aporte de investidores. Grande parte do lucro tem surgido de soluções de pacotes de especializações montados para treinar funcionários de empresas espalhadas pelo Brasil e exterior. “Especialização em massa tem gerado uma grande economia para estas companhias”, relata Souza.
No mais, todo conteúdo do site é gratuito. Entre os cursos, nove oferecem certificação do MEC (a única etapa paga do sistema), como os de Probabilidade Estatística, Energias Renováveis e Bioenergética. No final de 2013, a Veduca lançou o primeiro MBA, em Engenharia e Inovação, em parceria com a UFSC e USP, e em agosto deste ano foi ao ar o MBA em Gestão da Sustentabilidade. Até agora, 22 mil pessoas assistiram aulas do MBA em Engenharia e 1.400 obtiveram o certificado, um índice de 6,36% de conclusão. “Verificamos que quem solicita o certificado inicialmente se compromete a levar os estudos on-line até o final, ao passo que as outras pessoas desfrutam do conteúdo por aperfeiçoamento pontual ou até curiosidade”, diz Souza.
Hoje com cursos pontuais e MBAs, o Veduca não disponibiliza cursos completos de graduação porque a lei brasileira não permite que mais que 20% do conteúdo seja de ensino a distância. “Sabemos que modelos híbridos, nos quais os estudantes aprendem a teoria em casa e vão ao curso presencial para lidar com projetos e estudos de caso aumentam a performance dos cursos de graduação”, diz.
Conforme o diretor, as parcerias com as universidades apresentam ótimos resultados. “Desenvolver tecnologia não é o foco das universidades. Elas já possuem os papéis essenciais de produzir conteúdo de alta qualidade, fazer pesquisas e formar profissionais. O desenvolvimento tecnológico de educação a distância pode ser elaborado e aperfeiçoado por empresas. Instituições superiores vêm percebendo a questão, tanto que nossas parcerias constantemente evoluem”, diz.
Em janeiro deste ano, o Veduca passou a disponibilizar inclusive um curso on-line de capacitação em Adwords (serviço de links patrocinados) com a certificação Google Partners. “Estas videoaulas estão também no Youtube, mas preparamos este material e oferecemos mais ferramentas aprendizagem.”
Para o diretor, o maior desafio da empresa, por mais que seja de tecnologia digital, é compreender as pessoas. “Nosso maior desafio é entender quais são as necessidades do aluno no aprendizado para construirmos a melhor plataforma de estudos on-line.”
História de superação
A criação do Veduca começou depois de um grave acidente sofrido por Souza. Em 2007, quando ele estava com 26 anos, sofreu um acidente no Valle Nevado, no Chile. Ele fraturou o crânio e ficou um mês internado. “Deu tempo para pensar, inclusive que eu estava adiando meus sonhos de ter um negócio próprio. A gente acaba adiando planos por não saber bem como e quando começar, mas pra um sonho, o melhor momento é o agora.”
Com o ideal mais latente, Souza ainda trabalhou alguns anos na área de marketing da multinacional americana Procter &Glambe, representando marcas como Gillette, Ariel e Ace. “Sou formado em engenharia aeronáutica, mas escolhi o marketing porque ele exige interação completa com o mercado, entre desenvolvimento do produto, logística e vendas. É uma função central que permite o exercício da liderança. Entendi que isso seria mais fácil para mim do que me especializar na criação de uma parte de um avião”, ele analisa. “Mas meu sonho não era vender sabão em pó ou fraldas descartáveis. Eu precisava achar uma maneira de fazer algo que mudasse a vida das pessoas.”
A fundação do Veduca não foi por acaso. Em 2011, Souza começou a estudar mais de uma centena de modelos e negócios que estavam crescendo nos Estados Unidos e ainda não chegaram ao Brasil até chegar no site de educação a distância, ele que já foi professor de matemática, violão e cursinho. “Tem gente que acha que a ideia do negócio cai como um raio na cabeça, mas ele deve ser bem avaliado.”
RAIO-X:
Carlos Souza
Idade: 34 anos
Formação: Engenharia aeronáutica, pelo ITA
Naturalidade: Vitória (ES)
Empresa: Veduca
Funcionários: 30
Faturamento: 6 milhões em 2014
Sede: São Paulo
Linha do Tempo
2012 – Fundação da Veduca
2012 – Recebe R$ 1,5 milhão de investimento
2013 – Conquista mais R$ 1,1 milhão investidos
2013 – Renova plataforma e lança os primeiros Moocs
2013 – Lança o primeiro MBA aberto on-line do mundo
2014 – Lança o segundo MBAl