Antes da pandemia, Ricardo Branco e Henrique Mol já pensavam em organizar um evento virtual para atender às franquias de todo o país, com o objetivo principal de reduzir custos. A partir da pandemia, eles aceleraram a organização desse evento com a criação da Feira Virtual de Franquia.
Já em julho de 2020, organizaram a primeira feira totalmente virtual a partir de São Paulo. Fecham o ano com uma série de 9 eventos, em diferentes capitais do país. Mais de 200 marcas foram expostas nesses eventos, com 23 mil participantes e a geração de mais de R$ 3 milhões em negócios. “Percebemos que é possível fazer negócios sérios de forma virtual”, constata Ricardo Branco, que nesta entrevista conta um pouco da sua trajetória como empreendedor e como prevê os futuros dos eventos virtuais.
Conte sua trajetória como empreendedor
Iniciei minha vida na verdade como piloto Comercial, depois de cursar Economia na Universidade Católica de São Paulo. Mas segui no mercado de Alimentação por muitos e muitos anos, tendo passado por lanchonetes, fast-foods e depois cadeias de restaurante. Também fui Diretor de MKT de uma rede grande rede de lojas de CD’s, onde atuei diretamente ligado ao departamento de franquias. Aproveitei para cursar a University Franchising do Marcelo Certo. A até que em 2018, depois de muita insistência, assumi a diretoria operacional e depois executiva de uma Feira que veio a ser implantada num modelo de baixo custo, realizada em hotéis, com horário pré-agendado.
Quais as dificuldades que viu ao empreender?
O Brasil é um país que tem grandes oportunidades de negócios. Porém tem muitas coisas a serem concertadas, sejam nas esferas tributárias, trabalhistas, sociais e econômicas. A classe empreendedora deveria ser vista com melhores olhos. O Brasil é uma gangorra. A política e a economia flutuam demais: uma hora se tira o dinheiro da praça, outra é a inflação, o dólar dispara e assim vamos. Difícil empreender assim, mas o empreendedor é livre, tem o seu horário, não fica sujeito as regras de terceiros.
Dentro da sua trajetória, quais as melhores estratégias que você encontrou para driblar as crises?
A melhor delas sem dúvida foi entender que o dinheiro está atrás de nós, e precisamos em qualquer situação andar para ele nos seguir.
Foi na crise do Collor que aprendi com uma amiga missionária que o fator mais relevante é a nossa conduta em relação a tudo e principalmente ao dinheiro. Se quisermos tê-lo temos que caminhar para frente, para que ele possa nos seguir. Claro, criando estratégias e observando as oportunidades. Na crise sempre aparecem inúmeras delas e é na crise que a gente aprende, se fortalece.
Muito antes da feira virtual de franquia, a sua empresa lançou uma feira inusitada, só de chocolate?
Sim, na verdade fui o primeiro a realizar uma Feira de Chocolate aqui no Brasil, totalmente diferente, em formato de exposição. Ficou muito bacana e teve muita adesão. Eu adquiri muita experiência em feiras quando participava com os meus restaurantes e lanchonetes nos pavilhões de eventos aqui em São Paulo. O modelo de feira de chocolate já existia há anos Estados Unidos e na Inglaterra onde se colocavam mesas e cadeiras para o expositor apresentar seus produtos. Nós aqui melhoramos o formato. Definimos horários pré-agendados, o que possibilitava receber de forma agradável em um hotel de categoria para se atendido por um consultor, gerente, diretor ou até o dono da marca. Tudo com um valor de investimento de baixo custo.
No retrovisor dos seus 60 anos, você já antevia as Feiras Virtuais?
Sim. Já antevia e até já conversava sobre isso muito antes de qualquer pensamento relativo a atual pandemia. E foi o que impulsionou para concretizar com uma parceria muito bacana o projeto da Feira .
Como foi a transição de presencial para Virtual/On line?
Na verdade, a dificuldade não foi grande até porque eu vinha com esse objetivo. Muitos antigos expositores me confidenciavam que pagavam muito caro para participar de eventos e feiras presenciais. Além do espaço, montagem, tem que somar gastos com passagens, transporte, deslocamento, alimentação fora de casa, materiais. Além disso tudo, chegavam nos locais 60% a 70% das pessoas que agendavam não compareciam, mesmo tendo confirmado presença. Desta forma, eu só via vantagens no Virtual, pois todas as despesas se enxugam, o valor de participação é muito inferior e se a pessoa não comparecer não se tem perda de tempo, nenhum grande prejuízo financeiro.
As feiras convencionais ou tradicionais já vinham caindo, pois os valores por metro quadrado são altíssimos e se somados aos gastos de montagem de stand, decoração, contratação de pessoal, brindes, material, etc. Tudo isso para um público passante que muitas vezes não sabe nem quem está lá e muitas vezes está sem saber realmente o que quer.
O Virtual veio para ajudar muitas marcas a poderem participar de forma mais simples e prática, além de muito econômica. Você pode participar, do escritório, de casa, do carro com o seu celular. É realmente uma maneira revolucionária de se conectar a um outro ponto interessado, sem sair do lugar.
Como a Feira Virtual de Franquia foi idealizada e qual foi o processo para viabilizá-la?
Na verdade, foi um encontro entre eu e o Henrique Mol (presidente do grupo Encontre sua Franquia). Já nos conhecíamos de outras Feiras presencias, onde conversávamos muito a respeito de fazer um evento conjunto. Aí veio a pandemia. Eu desenvolvia um projeto online, mas o Henrique me mostrou que a forma Virtual seria mais eficaz e de melhor rendimento. Desta forma, nos unimos e passamos a trabalhar em cima do projeto da FVFV – Feira Virtual de Franquia, finalizando todos os ajustes para logo lançar a 1ª Edição em julho deste ano.
Quais são os prós e os contras desse modelo de encontro?
Os prós são inúmeros. Se pode ressaltar a economia que se gera. Neste modelo, não tem nenhum tipo de gasto com compra de mesas, montagens de stands, contratação de promotoras, materiais, brindes, estacionamento, transporte terrestre ou aéreo, hospedagem e outros gastos do tipo alimentação extras. Na sequência, você tem um ganho real de tempo em deslocamento, risco de viajar e a pessoa que agendou com você ter um problema e não comparecer, fato que acontece demais em determinados eventos. Você consegue fazer reuniões com Segurança do seu próprio escritório ou Home Office sem restrição geográfica, podendo inclusive ter um maior número de engajamento nos horários agendados pela ferramenta ser ilimitada, com um conteúdo mais relevante e até com um tempo maior de apresentação.
O único contra que poderia mencionar seria a falta de contato físico, mas que acaba sendo suprido pela apresentação Virtual feita. Caso o interesse real se manifeste, então sim se justificaria o gasto com viagem, transporte para se ter um contato pessoal para a conclusão do negócio. Mas pelo que tenho visto, muito negócio tem sido fechado sem essa necessidade. Mas também acaba caindo por terra esse contato físico pela economia de gasto e dos bons resultados.
Os expositores devem se preparar e/ou atender os interessados de uma forma diferente em um evento online?
Sim, devem sim! A nossa recomendação é que a cada Lead gerado, ou melhor, a cada interessado que se cadastre essa marca expositora já entre em contato com ele(a) e comece a estabelecer um contato/relacionamento, enviando material, etc. Desta forma, conseguirá conduzir de forma mais assertiva par a reunião Virtual ou até mesmo antecipar uma possível conversão.
Acredita que as feiras virtuais vão se manter como tendência, mesmo no pós-pandemia?
Acredito que sim. Não temos como impedir o avanço da tecnologia que nos traz grandes benefícios e muita economia. Economia. Só através do telefone, se pode hoje participar de uma feira virtual, compartilhar documentos, fechar negócios. Então, num futuro próximo será, sem dúvida, cada vez mais necessário e corriqueiros eventos virtuais. Ninguém aguenta mais ficar em pavilhões por quatro dias, gastando rios de dinheiro, enfrentado trânsitos absurdos e os resultados não aparecerem.
Como tem sido o feedback dos visitantes e das marcas sobre as últimas edições da Feira Virtual de Franquia?
Temos recebido muitos feedbacks positivos. No começo, alguns expositores e visitantes se atrapalharam ao acessar a ferramenta que utilizamos. Mas através do nosso departamento operacional conseguimos suprir todas as demandas. Hoje criamos uma série de tutoriais que auxiliam, tanto os expositores como os visitantes.