Cidades inteligentes: inovação colaborativa

Para o espanhol Josep Miquel Piqué, referência internacional em cidades inteligentes, é preciso conectar diferentes frentes de ação para alcançar o sucesso

Por Sara Caprário
Considerado um talento internacional, o engenheiro e doutor em Ecossistemas de Inovação Josep Miquel Piqué há alguns anos divide seu conhecimento acadêmico e prático para ajudar a transformar cidades. Com exemplos bem-sucedidos – tem em seu currículo a criação do Distrito @22, em Barcelona, além do projeto de revitalização em Medellín, na Colômbia – Piqué está envolvido em vários projetos em Porto Alegre, retomando o caminho do desenvolvimento e explorando seu potencial voltado à inovação. É consultor dos programas Pacto Alegre de implantação de um ecossistema de inovação e outro de revitalização do Centro Histórico, o Centro +. E foi na capital gaúcha que ele concedeu uma entrevista exclusiva para a Empreendedor, enquanto estava no South Summit Brazil 2023, um evento que atraiu 22 mil pessoas, reuniu fundos de investimentos com 123 bilhões de dólares para fomentar a conexão entre startups e assim gerar negócios, além de conexões de alto valor.

Como podemos definir a La Sachlle Tenova?
Somos um coletivo de especialistas, unimos empresas e estamos há 20 anos apoiando projetos inovadores de base tecnológica e acompanhamos mais de 650 startups. Podemos gerar negócios para quem está iniciando, consultorias para investidores e empresas e ainda oferecemos os melhores fóruns para apresentar um projeto de inicialização.

Para isso são necessários recursos. Há também a parte de fundos de investimentos?
La Salle Technova Barcelona possui uma Rede própria de Business Angels (EIX Technova), investidores anjos como dizem aqui no Brasil e também temos contato direto com Venture Capitals e Corporates Ventures. E mais do que isso, ainda oferecemos espaços físicos e híbridos para serviços compartilhados, em especial para quem quer começar.

É preciso manter uma equipe sempre atualizada?
Com certeza. Promovemos os projetos com os melhores mentores e consultores que fazem parte da nossa rede. Buscamos os especialistas em cada área demandada e, para dar vazão aos negócios, organizamos Demo Days, Corporates Workshops, Investment Moning e um grande número de eventos todos os anos para reunir investidores, empresas, clientes e outros parceiros.

Na sua bagagem, o Distrito @22 em Barcelona é a grande referência para outras cidades. Pode nos contar um pouco como foi e como está atualmente?
Iniciamos no ano 2000 e revitalizamos duzentos hectares de área industrial no bairro de Poblenou. Passamos a ter ali espaços para reunir num único local incubadoras, centros de pesquisa, universidades, empresas e um Laboratório Urbano para pensar e desenvolver projetos de cidades inteligentes, com criação de projetos inovadores que possam depois ser multiplicados em maior escala. E, quando falamos de cidades inteligentes, precisamos mostrar soluções focadas no urbanismo, educação, mobilidade, sustentabilidade, ou seja, iniciativas que permitam promover a qualidade de vida, mas com atenção aos recursos naturais.

Você conhece o exemplo de ecossistema de Florianópolis?
Conheço e sei que os resultados são incríveis. Houve uma grande transformação na cidade e é justamente um modelo que também defendemos e implantamos ao longo destes anos. Precisamos unir as pontas, promover o intercâmbio de conhecimento e fazer com que a inovação esteja na formação até chegar na capacidade de desenvolver soluções efetivas.

Como está o andamento do ecossistema de inovação de Porto Alegre?
Estamos aplicando nosso modelo há cerca de um ano e meio e renovamos agora a consultoria até 2024, dentro do projeto Pacto Alegre, que é uma articulação de universidades, empresas, sociedade civil e prefeitura para estimular o empreendedorismo colaborativo e construir projetos de futuro para a cidade. Os envolvidos já foram convidados a participar da Conferência Mundial da Tripla Helix, que ocorrerá em Barcelona em setembro de 2023, como uma das 17 cidades do mundo a apresentar seu case de Pacto de Inovação. A ideia é reunir prefeitos, reitores e gestores de ecossistemas de inovação, neste que é o principal evento mundial na área de inovação e desenvolvimento de territórios.

Essas conexões permitem o envolvimento em outros projetos?
Sim, sempre vamos evoluindo e inspirando outros atores. Recebemos a visita do Reitor da PUCRS que iniciou em função de uma potencial participação no planejamento estratégico da universidade, focado no reposicionamento do campus central no âmbito da cidade e do seu entorno, à luz das mais modernas abordagens, que ressignificam o papel da universidade no processo de desenvolvimento social, ambiental, cultural e econômico no seu entorno e no território onde atuam.

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