Fundada em 1959 para atender à demanda de uma loja de ferragens familiar, em Joinville (SC), a Ciser se tornou referência nacional e internacional no fornecimento de fixadores, como parafusos e porcas, sendo hoje a maior fabricante do segmento na América Latina. Sediada na cidade da fundação, possui também uma filial em Sarzedo (MG) focada no mercado automotivo, a Ciser Automotive.
Em março, a Ciser lançou um sistema de revestimento com alta resistência à corrosão visando aumentar a durabilidade das peças usadas nos setores automotivo, aeronáutico, construção civil, eletroeletrônico e náutico. Comercializado como Nano Mate, o sistema aplica revestimento cerâmico nas peças em escala nanométrica, ou seja, partículas que são até um milhão de vezes menores que um milímetro. Comparado às atuais técnicas de revestimento, o Nano Mate possui maior resistência mecânica e o diferencial de não gerar resíduos tóxicos.
A tecnologia, que foi desenvolvida nos Estados Unidos, é licenciada pela Ciser com exclusividade na América Latina. Atualmente, a empresa presta o serviço de aplicações de Nano Mate em peças variadas para terceiros e se prepara para lançar a sua linha de fixadores com o revestimento. “Muitos acham que estamos vendendo sonhos”, afirma o gerente de Tecnologia e Negócios da Ciser, Guido Ganassali, sobre as reações iniciais ao projeto, que contou com a dedicação de três anos de pesquisas e análises de mercado feitas pela empresa catarinense, que buscava uma solução em nanotecnologia desde 2010. “É preciso ensinar o mercado, fazer com que acredite. É um processo que leva anos”, complementa.
O Nano Mate recebeu 60% dos investimentos da empresa em inovação, área que recebe até 1% da sua receita líquida anual. Segundo Ganassali, a expectativa é que, a partir de 2015, os produtos com revestimento Nano Mate correspondam a 10% da produção do total da Ciser, que possui capacidade para fabricar 250 toneladas de fixadores por dia. Novos produtos em geral originam hoje ao redor de 20% da receita líquida da empresa.
Há cerca de seis anos, a empresa voltou-se ao desenvolvimento de ações específicas em inovação tecnológica, área em que possui um dos principais prêmios empresariais do tipo, o prêmio Ciser de Inovação Tecnológica, realizado bienalmente desde 2009. De acordo com Ganassali, a criação do concurso foi uma estratégia para capacitar futuros pesquisadores na área de atuação da empresa. “Neste mercado, que vai do produto mais simples ao mais complexo, não havia formação de mão de obra qualificada no País”, afirma Ganassali, destacando que embora pareçam de aplicação simples à primeira vista, os parafusos são desenvolvidos também para fixar a estrutura de equipamentos complexos como carros, aviões e centrífugas.
No ano passado, por exemplo, um projeto com orientação do professor Marcio Andrade, da Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), inscrito na primeira edição do prêmio, introduziu uma pesquisa na empresa que resultou no desenvolvimento do Parafuso Correia Elevadora com Ponta Piloto, lançamento voltado ao setor agrícola.
Realizada com apoio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), da Fundação de Amparo à Pesquisa de Santa Catarina (Fapesc), da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (Fapemig) e da Associação Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento de Empresas Inovadoras (Anpei), a premiação já distribuiu R$ 72,5 mil em prêmios individuais e incentivos às instituições de pesquisa participantes. “Sem a inovação, entende-se que na disputa global, apenas em commodities, não será suficiente para trazer o crescimento e desempenho satisfatório aos acionistas e colaboradores”, avalia Ganassali sobre o papel do investimento em novas tecnologias para o modelo de negócio da Ciser.