Para a Confederação Nacional da Indústria (CNI), a alta da taxa Selic foi uma decisão precipitada e pode atrapalhar o crescimento econômico. Em nota divulgada hoje, o gerente-executivo da Unidade de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, afirma que "decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de elevar para 11,25% ao ano a taxa de juros Selic é precipitada e compromete a capacidade de crescimento de longo prazo da economia".
Segundo Castelo Branco, os efeitos das medidas de contenção do crédito adotadas em dezembro ainda não foram plenamente observados, o que somente ocorrerá nos próximos meses. "A elevação dos juros é o caminho mais fácil de controle de preços, porém o mais prejudicial. O impacto recai unicamente no setor produtivo, afetando negativamente a atividade e o emprego", destacou.
Para o economista da CNI, o cumprimento da meta de superávit primário para 2011 depende principalmente da contenção de despesas governamentais. "A efetivação de medidas de natureza fiscal diminui incertezas de mercado, criando um ambiente de expectativas positivas para o controle da inflação sem a necessidade de um novo ciclo de elevação dos juros", afirmou Castelo Branco.
Fiesp
O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, criticou a decisão do Copom. Em nota, Skaf classificou a decisão como "erro" e disse que a elevação vai aumentar a despesa do governo com juros e prejudicar a geração de empregos e o crescimento econômico.
"A Fiesp alerta que cada meio ponto porcentual a mais na taxa Selic representa despesa pública anual adicional de R$ 9 bilhões", afirmou Skaf. "O Brasil não pode mais ser penalizado com o crescente aumento da taxa de juros. Isso é um absurdo. Com esse dinheiro poderíamos viabilizar a construção de mais 390 mil casas do Programa Minha Casa Minha Vida ou custear 2/3 do Programa Bolsa Família no ano inteiro de 2011. Alternativamente, daria para o sistema de Saúde realizar 14 mil internações adicionais."
Força Sindical
O presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), o Paulinho, avalia que o Copom insiste em colocar "um forte freio na economia" ao elevar hoje a taxa básica de juros. Em nota, o sindicalista e parlamentar alegou que, com a decisão, o governo da presidente Dilma Rousseff quer implantar uma agenda econômica derrotada nas últimas eleições – em referência ao PSDB. "Lamentamos profundamente que a produção, o crescimento e a geração de empregos sejam os grandes perdedores com a decisão do Copom", disse.
A Força Sindical argumentou que o Banco Central coloca "uma camisa-de-força no setor produtivo". "Não há justificativa para manter os juros neste patamar estratosférico, penalizando, dessa forma, o crescimento econômico", destacou. "Infelizmente, a decisão do Copom fortalece os obstáculos ao desenvolvimento do País com distribuição de renda."