Ouvimos muito sobre o impacto positivo da meditação em nossas vidas. Como prática contemplativa e de aquietamento da mente, a meditação oferece tempo para relaxamento e conscientização de nosso estado de maneira focada, oferecendo um maior recurso interno para lidar com um mundo estressante, onde os nossos sentidos são muitas vezes alterados e influenciados negativamente. Com a prática, a meditação tem o potencial não somente de proporcionar um alívio temporário do estresse, mas de transformar nossa maneira de interagir com o mundo.
Existem muitos tipos diferentes de meditação, como a Transcendental (em que o praticante repete uma série de mantras ou palavras que lhes é dada em função de seu mestre ou de alguns fatores específicos), a Zen, a Kundalini Yoga, o Shamata (que é a meditação Budista baseada na presença e na respiração), e uma das mais populares, o Mindfulness. Todas as meditações citadas são excelentes e vão encontrar o praticante que mais se adequar a elas.
O diferencial do Mindfulness é que se trata de uma técnica laica, que pode ser praticada por todos, independentemente de personalidade ou estilo de vida, e que simplesmente te convida a estar presente no aqui e agora, notando as sensações do seu corpo, sem julgamento. Ou seja, você não precisa saber recitar nenhum mantra ou estar ligado a nenhuma religião. Basta ter alguns minutos para fazer uma pausa e cuidar de você.
Pesquisadores do mundo todo e experts em Inteligência Emocional, como Daniel Goleman, defendem a prática do Mindfulness como um grande recurso para autogerenciamento, consciência das emoções, redução de estresse, desenvolvimento de empatia e aumento de foco. A prática ainda atua como ótima aliada ao aumento da produtividade e está se tornando cada vez mais difundida, sendo praticada por um público que vai dos grandes executivos às crianças.
Embora normalmente seja promovida através da meditação, o Mindfulness, ou Atenção Plena, como é chamado no Brasil; não se resume somente a essa atividade. Ele pode ser praticado através de outros exercícios, uma atitude, um estado mental e até um estilo de vida focado na presença, na atenção e na descrição dos fatos sem rótulos. Podemos, por exemplo, fazer uma refeição de modo Mindful: observando as cores, sentindo sabor, aroma e textura dos alimentos. O intuito é focar na refeição e preservar aquele momento, ao invés de pensar na lista de afazeres que você tem para cumprir.
Um primeiro passo é introduzir minutos de meditação curtos ao longo do dia. Você precisará apenas de um relógio e instalar-se uma posição confortável para este exercício. A posição pode ser sentada em uma almofada com as pernas cruzadas, deitada ou até em pé. O que for mais confortável para te ajudar a manter o foco nesse início. A recomendação é tentar meditar no mesmo horário todos os dias, para que comece a se tornar um hábito fácil de incorporar à vida diária.
Comece devagar, com 5 minutos diários, e vá aumentando gradativamente. Durante esse tempo, sua tarefa é concentrar toda a sua atenção na sua respiração e nada mais. Repare o ar entrando e saindo. Se você perder o contato com a respiração e se perder no pensamento durante esse tempo, simplesmente perceba a distração e, gentilmente, traga a atenção de volta para a respiração. Repita quantas vezes precisar.
Devo mencionar que não é absolutamente crítico preparar todo um ambiente para meditar. O mais importante é estar em um local onde não seja interrompido. Roupas confortáveis também são recomendadas, assim como uma boa almofada que te permita ficar o tempo total da prática em uma boa postura. As tradicionais redondas mais firmes se chamam Zafu, mas hoje é possível encontrar alternativas modernas. Você pode acrescentar, se quiser, algum aroma, como incenso ou spray de ambientes com Florais de Bach e óleos de sua preferência. Para quem quer meditar fora de casa, há hoje diversos estúdios de meditação, como o Moved by Mindfulness, em São Paulo.
As crianças podem começar a meditar desde pequenas. No Reino Unido, por exemplo, um dos países com a iniciativa mais interessante sobre Mindfulness nas escolas, as crianças são ensinadas a meditar a partir dos 5 anos de idade. Como resultado, apresentam maior concentração e autocontrole em seus comportamentos. O truque é fazer práticas de curta duração, pois a energia e o foco dos pequenos são limitados. Atualmente, as crianças possuem alto nível de estresse e ansiedade devido a tantas exigências e atividades. A meditação entra como uma oportunidade de um tempo para relaxar, desacelerar e ter mais consciência, tanto corporal como das sensações e emoções.
Um dos erros comuns que as pessoas cometem quando começam uma prática de meditação é acreditar que é uma técnica para desligar a mente. É importante deixar claro que ela permanecerá ativa. Não existe um tempo determinado para aquietá-la. Outro equívoco comum é que os pensamentos sobre os problemas são ruins e devemos nos livrar deles. Nossa mente não para de produzir pensamentos. Meditar não é se livrar dos pensamentos, nem dos bons e nem dos ruins, mas estabelecer um relacionamento mais saudável com eles, não se apegando ao que vem em nossa mente, simplesmente focando no momento presente.
Hoje em dia é possível ter acesso a uma infinidade de aplicativos de meditação. Para quem está iniciando, um curso presencial com um instrutor é recomendável. É junto com o facilitador que você aperfeiçoará as variadas técnicas, tirará dúvidas e construirá, através de um apoio formal, o hábito que manterá em casa. As trocas durante as aulas também são essenciais para o primeiro momento, onde muitas experiências podem surgir a cada semana de prática. Estar apoiado nessa primeira etapa é muito importante. Passado esse estágio, os aplicativos aparecem como boas opções para quem quer praticar sozinho, mas ainda precisa de algum tipo de condução.
Vivian Wolff é Coach de Vida e Carreira pelo Integrated Coaching Institute (ICI); formada em Mindfulness pela Georgetown University Institute for Transformational Leadership, Washington DC; com MBA em Marketing Estratégico pela University de Catalunya, Barcelona.