Como começar pequeno e se tornar grande

Por Acari Amorim

No início do ano recebi na Editora Empreendedor três jovens que estavam no começo da montagem de uma empresa voltada para o comércio pela internet. Eles queriam saber o que eu achava do produto e da empresa que começava engatinhar.

Embora com produtos similares no mercado, a empresa deles está lançando um aplicativo inovador dentro desse já concorrido mercado online.  Achei isso muito importante e positivo. Procurei palavras para incentivar. Aí lembrei da WEG e comecei a falar dessa empresa de eletromotores  que também foi criada por três jovens, em 1961, na cidade de Jaraguá do Sul, Santa Catarina.

Para mim, conhecer e estudar a história, o surgimento e o crescimento da WEG, que completa 55 anos em 2016, equivale a cursar alguns anos nas principais universidades do mundo e ter as melhores referências para encontrar o caminho do sucesso empresarial.

Vamos recapitular, como de fato ocorreu, o nascimento da WEG. Três jovens – o bancário Eggon João da Silva, o eletricista Werner Ricardo Voigt e o mecânico Geraldo Weminglaus,  hoje todos falecidos –  reunidos numa pequena e modesta casa, no interior de Santa Catarina. Ali eles decidem forjar um pequeno motor elétrico para pendurar no poste em frente da casa deles e ligar o fio de um lado ao outro da rua. Nascia assim o primeiro motor elétrico da WEG diante da poderosa Arno, que dominava o Brasil e grande parte do mundo em eletromotores.

Agora vamos imaginar a trajetória desses três jovens.  Tudo começou com a aproximação deles: um bancário com conhecimentos de administração e outros dois com conhecimentos técnicos para produzir e ligar um motor. Começa a convivência diária, os desafios de produzir e vender, tudo capaz de minar uma empresa nos primeiros meses de vida se essa energia não for canalizada para os lugares certos.

Quantos obstáculos, quantas dificuldades enfrentaram juntos.  Pela frente, todo um mercado para conquistar e uma concorrência feroz para enfrentar. Resultado: conseguiram superar a gigante Arno e conquistaram o mundo.  Na época que era editor de economia do Jornal O Globo no Rio de janeiro, em meados dos anos 80, fui até Jaraguá do Sul só para entrevistar o ex bancário e na época presidente da WEG, Egon João da Silva. Ele resumiu o sucesso da empresa em três palavras: humildade, profissionalismo e persistência .  O título da matéria publicada, de uma página inteira,  ficou bem curioso: “ O João da Silva que deu certo”.

Hoje, a WEG é a mais inovadora e avançada empresa de eletromotores e  sistemas elétricos do mundo.  Só em Jaraguá do Sul emprega mais de 5 mil pessoas. Tem fábrica na Argentina, México, Estados Unidos, Áustria, Portugal, África do Sul, Índia e na China. Na verdade, a empresa não produz apenas eletromotores. Hoje comercializa sistemas elétricos industriais completos nos diferentes países do mundo. O seu faturamento anual passa da casa dos R$ 5 bilhões e tem um lucro líquido anual de mais de R$ 500 milhões.  Soube com maestria pular do núcleo dos três fundadores para uma administração profissional competente e eficiente.

Quando os três jovens deixavam a minha sala, na despedida, pedi para eles não esquecerem as três palavras que um dia escutei do poderoso e muito modesto empresário, que um dia foi um  jovem igual a eles e decidiu montar na sua pequena cidade, uma pequena empresa e que hoje é a maior do mundo: humildade, profissionalismo e persistência.

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