Autor do livro ‘Potência Empreendedora’, André Duek compartilha quais os pontos de atenção e as fortalezas para fazer essa mudança de rota
Ser dono de seu próprio negócio é um sonho almejado por muitos brasileiros – e colocado em prática. Segundo dados da edição 2022 do relatório da Global Entrepreneurship Monitor (GEM), feito pelo Sebrae e pela Associação Nacional de Estudos em Empreendedorismo e Gestão de Pequenas Empresas (Anegepe), 67% da população adulta do país está envolvida com o empreendedorismo, sendo 42 milhões de empreendedores e 51 milhões com potencial para se tornar um deles.
Mas quem disse que essa jornada precisa ser difícil? Os fatores que levam executivos a abraçar esse caminho são inúmeros, segundo André Duek, empreendedor serial e autor best seller do livro “Potência Empreendedora: Crie uma estratégia eficiente, desenvolva uma tática inteligente e gere altos resultados na sua carreira e nos seus negócios” “. “Englobam desde o fim da carreira executiva, maior risco de demissão por estar envolvido no meio de uma reestruturação, impaciência para lidar com chefes e fazer política dentro da companhia, além de ter flexibilidade na agenda e mais tempo para se dedicar à família e a si mesmo”, enumera. E fazer essa transição nem sempre é algo que se consegue apenas virando a chave.
Duek, que já foi CEO do Grupo Forum, empresa da família que foi vendida em 2008, conta que sempre teve vontade de ser dono do seu próprio destino. Mas antes disso, passou 21 anos trabalhando na companhia de moda, onde começou quando ainda era adolescente e ficou até fazer a transição de gestão para o grupo que comprou a empresa.
A partir dali, começou a nova estrada do empreendedorismo. “Para mim, era claro que eu não queria mais trabalhar com horário fixo e ir todos os dias para o escritório. Eu realmente queria me sentir o dono de um negócio, ser valorizado pelo mercado, pelas minhas qualificações, competências e resultados. Não queria mais ser empregado, sonhava em ter plena liberdade para criar novos negocios”, enfatiza.
André conta que estava mesmo obstinado pela ideia de se tornar dono de um negócio, tanto que não aceitou um convite para assumir um cargo executivo na nova dona da Forum. Entre 2008 e 2010, foi passar férias em Miami e ali começou a dar vida ao seu sonho. “Gostei da cidade e acabei comprando um imóvel lá. Eu viajava para lá em todos os feriados e, durante essas vivências, percebi que havia espaço para atendimento aos brasileiros que queriam se mudar para os Estados Unidos. As férias foram meu test drive natural”.
Tudo começa na mente e no apoio da família
O empreendedor diz que um dos pontos mais importantes no caminho de sair da vida executiva e se tornar empreendedor é fazer uma transição de mindset de executivo para empresário.
“É muito importante que você tenha convicção dentro de você de que quer mudar de vida. Cuidado para não fazer uma mudança profissional movido apenas por influências e incentivos externos, pois o risco de as coisas não darem certo é grande. E no meu caso, ao decidir viver e empreender no exterior, a transição foi física, mental e cultural”, ressalta André.
Ter o apoio da família é fundamental para essa virada de carreira, aponta Duek, que atualmente é dono do Duek Lara Group, ligada ao mercado de real estate americano, da Duek Motorhomes e de mais outros empreendimentos ligados à educação e esporte.
“Tenha em mente que a sua virada de carreira, se você for casado, é um projeto familiar. Assim, você precisa estar alinhado com seu cônjuge e filhos. Se eles não enxergarem o seu projeto empreendedor como um empreendimento que será construído também para o bem-estar deles, você poderá ser muito cobrado e criticado por eles por tê-los colocado em um novo estilo de vida diferente daquele que estavam habituados”.
Como virar a chave da vida executiva para o empreendedorismo?
Com uma forte experiência acumulada como executivo e uma história bem-sucedida de mudança de ares profissionais, Duek elenca cinco dicas para fazer a transição entre a vida corporativa para o empreendedorismo, que constam no livro lançado recentemente no Brasil.
Os conhecimentos em gestão adquiridos ao longo da carreira executiva ajudarão na hora de conduzir o próprio negócio, como fazer planejamento. “Planeje o essencial e invista a maior parte do seu tempo na execução, buscando validar a oportunidade de mercado, prospectando clientes e fazendo ajustes necessários”, recomenda.
Use o networking feito ao longo de anos trabalhando em empresas para abrir contatos. “As pessoas conhecidas podem, por exemplo, se tornar seus primeiros clientes, fornecedores e parceiros de negócios”, aponta.
Saiba apresentar suas ideias com eficiência e relacione-se com desenvoltura. “Você já sabe como o mundo dos negócios opera no dia a dia, domina os fundamentos para conduzir bem as negociações e firmar bons acordos, conhece os jargões do mercado, entenda de construção e análise de cenários e compreenda como funciona a cabeça de potenciais fornecedores, clientes e investidores”, analisa.
Unir intuição com dados qualitativos e números para fazer escolhas com maiores chances de acerto. “Isso faz parte da rotina executiva”, diz.
Utilize seu potencial para liderar e engajar os colaboradores. “Você sabe mover desde cabeças mais técnico-operacionais, que serão muito valiosas na execução, até cabeças mais criativas do que a sua, que muito podem agregar na inovação e melhoria das soluções oferecidas ao mercado pela sua futura empresa”, conclui.