Como organizar a transição do emprego formal à dona do próprio negócio

Para iniciar, é preciso estudar o mercado e fazer planejamento financeiro, ensina consultora

Flexibilidade de tempo para cuidar da família ou o simples desejo de desenvolver 100% do potencial na carreira são alguns dos motivos que levam as mulheres a sair do emprego fixo para empreender. Entretanto, se não houver planejamento, o sonho de abrir o próprio negócio pode virar um pesadelo de frustração e dívidas. Para ajudar a traçar o caminho das pedras entre a posição CLT e o empreendimento de sucesso, Audry Andrade, especialista em empreendedorismo feminino e autora do livro “O DNA da Empreendedora – o jeito feminino de criar negócios”, dá conselhos valiosos.

De acordo com o índice de Igualdade de Gênero 2023 da Bloomberg, apenas 8% das vagas de CEO no mercado corporativo brasileiro são ocupadas por mulheres. Enquanto isso, 34% dos pequenos negócios são propriedade de mulheres, conforme apurado pelo estudo do Sebrae. “O empreendedorismo feminino cria condições plenas de destaque, liderança e expansão financeira para as mulheres. Além disso, as resgata da condição de quem gasta dinheiro para ser aquela que ganha dinheiro e, muitas vezes, muda a história de toda a família”, explica Audry.

O planejamento financeiro é o primeiro passo para organizar a transição de carreira e, neste ponto, a recomendação da especialista em empreendedorismo feminino é não improvisar. “É preciso entender que não é possível dominar todos os assuntos. A melhor solução é buscar um mentor financeiro que ajude na organização das contas. Muitas mulheres já iniciam seus negócios endividadas, justamente pela ausência de um profissional que as acompanhe pelo menos inicialmente”.

Com as contas organizadas, o passo seguinte é estruturar o cronograma que de um lado estabeleça os próximos passos do negócio e, de outro, as etapas para se desligar do emprego. Nesta etapa, Audry explica que mais que um sonho, é preciso estar preparada para os desafios do empreendedorismo. “Ela deve focar na sua decisão de ter o próprio negócio e entender que mudanças geram um certo nível de desconforto, que na maioria das vezes vai encontrar muitos obstáculos. Esta mulher precisa saber que alguns ingredientes são essenciais para o sucesso neste processo: muito estudo, disciplina, foco e resiliência”.

Para quem já sabe que não quer mais ser CLT, mas ainda não faz ideia de qual negócio quer abrir, especialista em empreendedorismo feminino fala o que faria se estivesse nesta posição hoje. “Estudaria o mercado em alta versus minhas habilidades. Mas, com certeza, independente da área de atuação, este negócio seria voltado para o mercado digital, pois o foco das pessoas hoje é a liberdade financeira associada à liberdade geográfica”, analisa.

Dores e delícias
Durante sua carreira, Audry já acompanhou a jornada empreendedora de mais de 5 mil mulheres. Neste período, observou quais são os principais pontos de alavancagem e os desafios mais comuns na transição de carreira de quem decide ser dona do próprio negócio.
“Os pontos positivos estão ligados à satisfação que as mulheres encontram na liberdade de agenda, se tornam donas da própria agenda. Com isso, passam a dispor de flexibilidade para acompanhar de perto filhos ou pais idosos. Experienciar a flexibilidade faz com que as mulheres desejem ser ainda mais assertivas em seus negócios”, lista a especialista em empreendedorismo feminino.
Por incrível que pareça, a principal dificuldade das mulheres também está ligada à família. “Os pontos negativos são as crenças limitantes impostas e cultivadas desde a infância, que lugar de dinheiro é na mão do homem. Normalmente, em transição de carreira, as mulheres sentem muitas dificuldades na gestão financeira de seus negócios. Apesar de serem excelentes profissionais, acabam colocando a gestão financeira nas mãos do marido por acreditarem que sabem fazer o trabalho, mas não sabem gerenciar o dinheiro que ele gera. Isto se torna um ponto de plena atenção no desenvolvimento das minhas mentoradas”.

Sobre Audry Andrade
Formada em psicopedagogia, abriu seu primeiro negócio — uma escola de educação infantil – assim que concluiu a graduação, em 1997. A paixão pelo empreendedorismo feminino aconteceu em 2013, quando decidiu trabalhar em uma multinacional de cosméticos no sistema de vendas diretas. Ali, teve a oportunidade de conhecer os desafios e desenvolver talentos que, além de cuidar da própria carreira, também precisavam lidar com outras questões, como o cuidado com a família e a gestão do tempo. Depois de liderar mais de 5 mil mulheres, organizou as estratégias que a levaram ao sucesso e, em 2022, lançou o livro “O DNA Empreendedora – O jeito feminino de criar negócios “. Também atua como mentora e ministra palestras sobre vendas, alta performance e imagem profissional.

Facebook
Twitter
LinkedIn