Convênio firmado entre a Abest e Sebrae fortalecem pequenos negócios de moda para enfrentar concorrência estrangeira

Parceria entre Sebrae e Abest será desenvolvida até 2014

A cadeia produtiva da moda – que inclui os setores têxtil, confecção, couro e calçados, gemas e joias – responde por 3,5% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, o equivalente a US$ 74 bilhões por ano, gerando mais de 2,3 milhões de empregos diretos. São mais de 50 mil negócios, sendo 80% micro e pequenas empresas (MPE). Apesar da grandiosidade dos números, alguns segmentos da moda sofrem com a falta de competitividade no mercado nacional e internacional.

Um convênio assinado nesta sexta-feira (13), em São Paulo, entre o presidente do Sebrae, Luiz Barretto, o diretor-técnico, Carlos Alberto dos Santos, e o presidente da Associação Brasileira de Estilistas (Abest), Valdemar Iódice, tem como objetivo preparar o setor para enfrentar a concorrência estrangeira e aproveitar melhor as oportunidades geradas com o fortalecimento da economia nacional.

O presidente do Sebrae, Luiz Barretto, afirmou que o acordo irá proporcionar às pequenas empresas e, sobretudo, às comunidades com baixo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), a oportunidade de agregar valor aos seus produtos e de competir no mercado do Brasil e do exterior. “É fundamental que as comunidades entendam a importância de incorporar o design aos seus produtos. Vamos trazer o mundo da moda às comunidades de baixo IDH. Serão incorporadas três comunidades por semestre”, explicou Barretto.

A parceria entre as duas instituições será desenvolvida até junho de 2014. Entre os resultados esperados, está o aumento em 10% da fabricação e comercialização dos produtos gerados pelas MPE. “O momento que o Brasil vive é de muitas oportunidades, mas elas não acontecerão de forma espontânea. O plano de trabalho converge para metas extremamente ambiciosas. Deverão ser gerados 100 milhões de negócios até 2014, envolvendo mais de 1.200 empresas”, afirmou o diretor-técnico do Sebrae, Carlos Alberto dos Santos.

O projeto +B Identidade Brasil tem como fonte de inspiração, segundo o representante da Abest, Maurício Medeiros, o país e suas riquezas iconográficas e etnográficas. "Vamos levar o olhar do design de moda para pequenas empresas e comunidades de todo o país", disse. A iniciativa prevê ações específicas com comunidades criativas e Arranjos Produtivos Locais (APL) da moda, a realização da Conferência +B de Conteúdo Criativo e o lançamento do catálogo +B Inspiração Brasil. Está prevista ainda a participação de empresas atendidas pelo convênio em cinco edições do Salão Brasileiro de Negócios de Moda. A primeira edição está marcada para o período de 29 a 31 de maio.

Ao todo, serão beneficiadas 15 comunidades criativas, que envolvem associações, sindicatos, cooperativas e grupos de artesãos. As três primeiras comunidades escolhidas para receber o projeto são: Produção de Capim Dourado, no Jalapão (TO); Pedras de Opalas e Retalhos de Tecidos, em Pedro II (PI) e Reciclagem de Tecidos Descartados pelos Correios (malotes e uniformes), em Dourados (MS).

Além disso, o projeto envolverá também 144 empresas que participam de 36 arranjos produtivos dos setores de têxtil e confecção, couro e calçados e gemas e joias. “Hoje, o Sebrae já trabalha com muitos APL de moda e, no varejo, basicamente são as pequenas empresas que fornecem material aos estilistas e designers de moda. Queremos que essas MPE incorporem o design e a criatividade para ter mais sustentabilidade em seus negócios”, enfatizou Barretto.

Conferência

Está prevista ainda a Conferência + B de Conteúdo Criativo, destinada à capacitação das pequenas empresas da moda e que deve englobar mais de 1,2 mil micro e pequenos negócios. Já a publicação do Caderno + B Inspira Brasil, da Abest, trará tendências de moda tendo como referência o repertório artístico, cultural, iconográfico e popular do país. Haverá cinco publicações do catálogo, que terá como público-alvo cerca de três mil pessoas, entre designers, estilistas, equipes de criação, estudantes de moda, membros de comunidades criativas e empresas de APL atendidas pelo convênio.

O presidente da Abest, Valdemar Iódice, chamou a atenção para a importância da gestão nas empresas que trabalham com moda. “Há muita criatividade no setor, mas poucas empresas conseguem ter uma boa gestão. Há estilistas talentosos no mercado que acabam não indo para frente por falta de gestão. Além disso, precisamos exportar design e não commodities de moda”, finalizou.

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