Se você é um empresário que trabalha como um louco e não vê a cor do dinheiro, muito provavelmente você tem uma micro ou pequena empresa. Se você mistura as contas pessoais com as contas empresariais é quase certo que você é dono de uma micro ou pequena empresa. Agora, se você é um empresário que decide tudo sozinho, e não presta contas de suas ações para ninguém, certamente você é um dono de uma micro ou pequena empresa.
Caro empresário deixe-me lhe perguntar: será que as pessoas quando abrem uma empresa não sabem que precisam ter capital? Não sabem que a operação comercial que vão realizar tem que ser lucrativa? Não sabem que tem que conhecer o mercado em que atuam? Não sabem que nada acontece numa empresa antes que uma venda ocorra? Não sabem que a maneira certa de tocar um negócio é adotar boas práticas de gestão? Muito provavelmente elas sabem. Podem até não conhecer as ferramentas certas, mas, intuitivamente, sabem que precisam de muito mais do que tem para abrir os seus negócios. Mas, ainda assim, elas abrem com toda a precariedade que estamos acostumados a ver em nosso dia a dia.
A questão é: por que isto acontece? A resposta imediata de primeiro grau é: por paixão (quando não por necessidade). Se é a paixão que predomina, a pessoa fica obsecada por sua ideia. Fica apaixonada pelo sonho de ter sua empresa por conta própria. Imagina-se dona e se lança num empreendimento com todas as desvantagens contra si. Veja que o problema básico, na origem, não é de ordem financeira ou econômica. Portanto a solução não está no âmbito da administração, da economia ou da contabilidade. A solução está antes dos conceitos e das ferramentas que estas disciplinas oferecem. Está no modelo mental das pessoas que empreendem.
Acompanhe a história que tenho para contar. Descobrimos, após acompanharmos uma centena de empresas, que, enquanto elas estavam dentro de um projeto de capacitação e consultoria, faziam tudo o que era orientado. No entanto, seis meses após, ao voltarmos lá todos os programas (finanças, marketing, rh…) estavam engavetados.
Fizemos então um primeiro teste com um grupo de doze empresas do setor de auto mecânicas. Criamos nos empresários deste grupo a consciência de que eles deveriam se comportar como Presidentes de suas empresas. Após um ano e dois meses do Programa tivemos o seguinte contundente depoimento de um dos empresários: após ficar 35 anos debaixo de automóveis, pela primeira vez em minha vida, eu pude tirar férias com a minha família, pois tive condições de criar reserva financeira e organizar minha oficina.
Fizemos um segundo teste com um grupo de cinquenta confecções onde, além de criarmos a consciência de se comportarem como Presidentes de suas empresas, implantamos um conselho de investidores para o qual eles deveriam pactuar metas e prestar contas de seus resultados, mês a mês. E os resultados foram surpreendentes, com empresários saindo de fundo de quintal para terem seus próprios prédios de fabricação e outros viajando todos os anos para Paris para se atualizar em modas.
E, ainda não satisfeitos, fizemos um terceiro teste. Reunimos outro grupo de doze empresas de confecções onde, além de incutirmos a consciência de se comportarem como Presidentes de suas micro e pequenas empresas, de implantarmos um conselho de investidores, envolvemos também suas famílias. Aos familiares foi dito que o empresário, por um período de um ano e dois meses, deixaria de ser dono absoluto de sua empresa e teria que prestar contas de suas ações para um conselho de investidores. Teria que separar as contas da pessoa física das contas da pessoa jurídica. Teria que definir e respeitar um pró-labore (retiradas). Não poderia mais meter a mão no baleiro (caixa da empresa). Após o fim do Programa um dos empresários, na ultima reunião do Conselho de Investidores nos perguntou como deveria investir os R$ 600.000,00 que havia acumulado como reserva financeira.
Estas experiências provam/revelam que, paradoxalmente, a própria ideia semente que motiva a pessoa a abrir o seu negócio, isto é, ser dona de seu próprio nariz, contém em si o germe de sua ineficiência e consequente precariedade de resultados.
Superamos esta situação ao (1) criarmos consciência no empresário para ele evoluir da posição de dono para Presidente de sua micro empresa; (2) ao criarmos a necessidade dele adotar boas práticas de gestão ao ter que apresentar os resultados de sua empresa para um conselho de investidores; e (3) ao emprestarmos força e disciplina para ele superar sua fragilidade das pressões familiares por aumento de gastos.
Pense diferente, pense grande, torne-se o Presidente que sua pequena empresa precisa.