A trajetória de Alaim Ribeiro, 26 anos, natural de Ipatinga (MG) e CTO da Onfly
Vinte e seis anos de idade, natural de Ipatinga, Vale do Rio Doce, Minas Gerais. Bacharel em Análise de Desenvolvimento de Sistemas, é sócio e CTO – isto é, diretor de tecnologia – da Onfly, uma startup de viagens corporativas, das mais importantes travel techs do Brasil.
Esta é, em poucas linhas, a biografia de Alaim Ribeiro. Mas as palavras que compõem o resumo acima não dão conta de traduzir a trajetória que, para alguns, soa meteórica, no entanto, é marcada por dedicação e sabedoria em aproveitar oportunidades. Alaim Ribeiro conta que, aos 8 anos, mudou-se para Belo Horizonte. Foi morar com a mãe. Desde os 6 vivia com a avó. “Não conheço meu pai. Mas tenho um padrasto, desde os 4 anos, que considero como pai”, pontua. Ribeiro tem um irmão, por parte de pai e mãe, de 32 anos, e uma irmã, por parte de mãe, de 16.
Na escola, nunca foi “caxias”, contudo, costumava ter boas notas em disciplinas de Exatas, como Matemática. “Não gostava das matérias de Humanas”, relembra. Chegou a ser retido, no oitavo ano do ensino fundamental. Ainda assim, seguiu adiante, passando depois para o ensino médio.
Já nessa fase, aos 17 anos, começou a trabalhar como estoquista de tecidos, em uma empresa da capital mineira. “Era 2012. Um trabalho pesado, carregando enrolados de tecido de 30, 40 quilos.” No período de um ano e meio nessa empresa, obteve duas promoções: para gerente de estoque e, depois, para vendedor.
Como muitos jovens do Brasil que precisam conciliar estudo e trabalho, a rotina era árdua. “Saía de casa seis e meia da manhã e só voltava à meia-noite.” Também como muitos, por um instante esse cotidiano exaustivo prejudicou os estudos. “Cheguei a parar o segundo ano do ensino médio.”
Para retomar a escola, e insatisfeito com o trabalho de vendedor – viu que não tinha perfil para a função –, optou por se desligar da empresa. Quando estava prestes a concluir o terceiro ano do ensino médio, final de 2014, decidiu voltar a trabalhar. Em 2015, foi contratado como estoquista, em uma outra corporação.
Foi onde teve o primeiro contato com Marcelo Linhares, de quem viria a ser sócio. Na ocasião, Linhares era diretor de e-commerce da empresa que Alaim Ribeiro trabalhava. Linhares recebeu do dono da empresa o pedido para incluir o jovem em sua equipe. Àquela altura, Ribeiro já tinha chamado a atenção por encontrar soluções para problemas relacionados à computação, mesmo sendo estoquista.
“Ali essa minha carreira que tenho hoje começou, de fato. Era 2016. Viram que eu era uma pessoa esforçada. Marcelo então me deu a oportunidade: ocupar uma vaga de analista de logística”, narra Ribeiro, ressaltando que não desperdiçou a chance.
“Cuidava de todo processo de pós-compra. Em certo momento, senti que precisava automatizar um trabalho que fazia manualmente. Fui aprendendo a mexer na planilha, a programar, de maneira autodidata. Passava mais tempo programando o meu trabalho do que efetivamente o desempenhando. Ali já me tornava um desenvolvedor”, discorre.
Ao mesmo tempo, prestou Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) e ingressou no ensino superior – bacharelado em Análise de Desenvolvimento de Sistemas. “De lá para cá, ‘respiro’ desenvolvimento de tecnologia”, afirma.
No final de 2017, assumiu a função de desenvolvedor web na empresa. Na tarefa, passou a atuar mais perto de um colega da organização, Elvis Soares, que, mais para frente, com Marcelo Linhares, constituiria o empreendimento do qual Alaim Ribeiro seria sócio. Antes disso, tem mais história.
Quando estava se dedicando a conceber e construir a Onfly, Marcelo Linhares convidou Alaim Ribeiro a prestar serviço, freelancer, fora do horário de expediente, para o desenvolvimento da plataforma. “Disse na hora: ‘topo demais’.”
Alaim Ribeiro abraçou o convite e mergulhou na empreitada. “Trabalhava na empresa durante o dia; à noite ia para a faculdade. Saía às 22h e, chegando em casa, dedicava duas horas nesse freelancer para o projeto do Marcelo e do Elvis”, recorda-se. “Suei a camisa.”
Não foi em vão. Quando Linhares e Soares colocaram a Onfly no ar, Alaim Ribeiro foi convidado a embarcar definitivamente na startup. Isso, em dezembro de 2018. Desligou-se, amigavelmente, da empresa na qual se encontrara com a tecnologia da informação (TI) e tornou-se desenvolvedor na travel tech.
Passou a liderar também, comandando a equipe de profissionais de TI à medida que a startup crescia e ampliava seus quadros. Até que, em determinado momento, percebendo que o mercado estava de olho nos profissionais de tecnologia da Onfly, veio a proposta para que Alaim Ribeiro se tornasse sócio do empreendimento.
“O Marcelo disse: você poderá ter uma porcentagem da Onfly. Então, além de liderar o setor de tecnologia, virei sócio também. Hoje, o setor que lidero tem 14 pessoas e está em expansão – planejamos ter 30 pessoas até o final do ano que vem”, projeta Ribeiro.
Topo do pódio? Não. “Continuo me desenvolvendo ‘pra caramba’. Agora, mais como estratégico, do que propriamente ‘mão na massa’. Foram cinco anos muito intensos, por isso evoluí tão rápido. Mas o estudo e a dedicação não param”, assinala.
Está aí uma das duas mensagens que Alaim Ribeiro deixa: dedicar-se. “A área de TI nos reserva uma coisa nova a cada dia. Exige muita dedicação. É uma área promissora, mas muito concorrida. Ser mediano é fácil, ser bom é difícil. Então, este é o desafio: dedicação. Nunca se estuda demais em tecnologia”, reitera.
A outra mensagem é para quem deseja empreender. “Buscar estar perto de outras pessoas. É um desafio para o profissional de TI, que costuma ter um perfil mais introspectivo. Mas para empreender é preciso criar essa mentalidade de se encontrar, trocar conhecimento, para crescer, identificar oportunidades de negócios.”
Alaim Ribeiro segue aplicando, consigo, as recomendações que transmite a novos talentos. A Onfly, por sua vez, também se mantém em trajetória de expansão. Depois de quase sucumbir no início da pandemia de Covid-19, em 2020, reergueu-se no mesmo ano e hoje está entre as startups de destaque no país, recebendo recentemente a menção de top 25 startups da Phocuswright, referência global em turismo e tecnologia.
Calcula encerrar 2021 transacionando mais de R$ 40 milhões. No levantamento mais recente da 100 Open Startups, deste ano, está em primeiro lugar entre as travel techs e em quarto no ranking geral de startups. Tem sede em Belo Horizonte e mais de 250 clientes de várias partes do Brasil.