De vendedor a empreendedor serial, nutricionista vira gestor milionário

Não adianta: ser empreendedor é uma característica nata. E foi com esse perfil que o empresário Gustavo Pereira, 33, natural de Barretos (SP), se formou em Nutrição e hoje, quase dez anos depois, é dono de uma empresa milionária. E agora se prepara para escalar negócios, abrindo oportunidades para outros nutricionistas, e oferecendo planos de atendimento para pacientes de todos os bolsos. 

Tudo isso se deve a uma boa dose de tino comercial, um certo apetite pelo risco – que levou a alguns reveses financeiros pelo caminho – e, mais recentemente, ao auxílio valioso da escola de gestão Nutrição Sem Fronteiras e seu método Check-In, desenvolvido para profissionais do ramo monetizarem e escalarem seus negócios. 

De vendedor de sorvete na infância em sua cidade natal, e um pouco mais tarde, a vendedor número 1 nas lojas de shopping em que trabalhou, Gustavo decidiu estudar Nutrição por dois motivos. Primeiro, por “pressão” da mãe para fazer uma faculdade, conforme brinca. Segundo, pela prática da musculação, e pelas conversas paralelas com amigos sobre os benefícios de determinados alimentos na saúde física e mental. 

Se formou em 2016 com ajuda do FIES, devido à situação humilde de sua família e, casado e com uma filha recém-nascida, decidiu vir sozinho à Capital paulista fazer pós-graduação Nutrição Esportiva Funcional, cuja matrícula foi paga com o dinheiro do IPVA. Nas vindas para São Paulo, comprava roupas e relógios na 25 de Março para revender em sua cidade. 

Assim, conseguia pagar as contas em casa, e o aluguel de um pequeno espaço para atender seus pacientes. Nessa época, não era só ‘o’ nutricionista em seu primeiro consultório: era ‘a secretária’, o financeiro, o comercial e etc. “Tinha um bom nível de atendimento, a agenda estava sempre cheia. Primeiro atendi em uma academia de bairro, depois em um lugar mais centralizado. Mas eram lugares simples, e eu cobrava barato.” 

Mesmo assim, a família conseguiu viajar pelo Brasil, e Gustavo comprou carro, casa… Mas em 2020, em plena pandemia, um revés. Se divorciou, entrou em depressão, e com gastos altos, a Nutrição ficou em segundo plano, pois precisou começar praticamente do zero. Passou a trabalhar com importação de produtos como roupas e suplementos, por exemplo e, como usava o cartão de crédito para os gastos pessoais e a nova empreitada, que não ia muito bem, entrou em uma dívida que chegou na casa do milhão, parcelada em 48 vezes de R$ 22 mil pelo banco, conta. 

Na sequência, outra virada, só que positiva. Por volta de 2021, conheceu a atual esposa, Fernanda, casou em 2022, estava se preparando para participar da maratona Iron Man e nos cuidados com a filha. Até receber um seguro, que deu um fôlego. Levantou a cabeça, mudou para um consultório maior e até contratou um estagiário. “Pensei: deveria trabalhar no que eu tinha me formado, pois era nisso que eu era bom.”

Deu certo: a carteira de pacientes voltou a aumentar, e o faturamento médio mensal de R$ 12 mil foi para R$ 18 mil, com picos de R$ 30 mil. Trabalhava dia e noite para dar conta de tudo, chegou a pegar dengue e precisou reduzir o ritmo para recuperar a saúde. Começou 2023 ainda com dívidas, mas virou a chave quando amigos lembraram Gustavo da Nutrição Sem Fronteiras, da qual participou do Summit, que é um evento que reúne profissionais da nutrição para uma imersão presencial em negócios e gestão.

 Tinha R$ 800 na conta, mas fiz um pix de 500 para segurar a vaga na mentoria. E pus para vender minha bicicleta de R$ 25 mil, pois a mentoria custava R$ 13 mil. Falei: vou pagar esse negócio à vista”, lembra. O resto é história: ao entender como “organizar a casa”, administrativa e financeiramente, além de aplicar as técnicas de gestão do método Check-In, Gustavo transformou seu modelo de negócio. E o faturamento subiu para R$ 60 mil, R$ 80 mil… “Foi nos últimos dois anos que a gente realmente construiu a nossa vida.”

‘Puxou’ a esposa, também do ramo de Saúde, para juntos gerirem a empresa, e contratou quatro funcionários. Só em 2024, chegou a atender entre 280 e 300 pacientes por mês com o novo método de acompanhamento nutricional. Na virada para 2025, lançou até um livro, “Domine seus Hábitos”, onde conta um pouco da sua trajetória empreendedora. 

Já o faturamento bateu em R$ 1,4 milhão – o que deve levar Gustavo a reorganizar o negócio, e puxar um pouco o freio até 2026 (“tenho certa dificuldade em delegar”, diverte-se, por ficar envolvido com a área comercial), oferecendo um trabalho de mais qualidade, maior valor agregado e, a preços mais condizentes com a nova realidade da clínica. 

Mas o grande plano, após aprimorar sua visão de gestão com a Nutrição Sem Fronteiras, é criar um Centro de Nutrição, onde o nutricionista pode atender não só o paciente high ticket, mas também o low ticket. E ganhando mais do que em um plano de saúde: será um sistema operacional com marketing, com um comercial efetivo, para trazer nutricionistas recém formados e com receio de investir num consultório, mas que podem gerar recorrência mesmo que o paciente pague menos, explica. “Imagine recorrências de R$ 80 reais por mês com dez nutricionistas atendendo? É o que eu tenho em mente para escalar, mas sem ‘pôr tanto a mão’ e dando oportunidade a mais gente em nossa equipe”, sinaliza.

 

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