A presidente eleita, Dilma Rousseff, vai fincar pé na proposta de R$ 540 para o salário mínimo em 2011. Ela já foi sondada por integrantes da equipe de transição e não mostrou nenhuma inclinação a melhorar a oferta a ser apresentada às centrais sindicais, que defendem R$ 580.
Por isso, nenhuma nova proposta foi apresentada pelo governo e as negociações estão num impasse. Representantes das centrais sindicais aguardam a segunda rodada de negociações com o governo desde a semana passada. A primeira conversa ocorreu no dia 18, quando ficou combinado que outra reunião seria realizada no dia 24. Ela não ocorreu, nem foi remarcada até hoje. "Vamos pressionar para ver se conseguimos esta semana", disse o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique da Silva Santos.
Dilma não quer conceder aumentos generosos ao salário mínimo porque cada R$ 1 a mais representa R$ 286,4 milhões em despesas adicionais ao Ministério da Previdência Social. E a prioridade do futuro governo são os investimentos em infraestrutura, saneamento e habitação. Em nome de mais dinheiro para investir, Dilma até concordou em examinar um programa de desaceleração dos gastos correntes que, cinco anos atrás, ela havia chamado de "rudimentar". A negociação do mínimo é o primeiro teste para a equipe econômica da futura presidente, que prometeu austeridade nos gastos.
Se quiser manter os R$ 540, ela corre o risco de ter de começar o governo com uma decisão impopular: vetar o valor maior que o Congresso provavelmente aprovará. O presidente da Força Sindical e deputado pelo PDT paulista, Paulo Pereira da Silva, já avisou que ele e o senador Paulo Paim (PT-RS) apresentarão emendas à Medida Provisória do novo mínimo, elevando o piso para R$ 580. Se deputados e senadores aprovarem essa proposta, restará a Dilma concordar ou vetar.
A tendência, hoje, é que ela vete um eventual aumento, segundo informou um interlocutor.