O acesso à internet por empresas pequenas ficou estagnado de 2007 a 2010, e só 27% delas têm site próprio
O uso de computadores pelas microempresas brasileiras ainda é tímido e, de 2007 para cá, houve até retrocessos. Essa é a conclusão da pesquisa TIC Microempresas 2010 divulgada ontem pelo Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informação e da Comunicação (Cetic.br).
O estudo, feito com 1.500 empresas com menos de dez funcionários, revela que apenas 77% delas tinham computadores no ano passado. É menos do que as 81% que informaram usar o equipamento na sondagem anterior, feita em 2007. O porcentual de empresas com acesso à internet se manteve o mesmo, em 69%.
Os indicadores estão abaixo da média registrada pelas empresas com mais de dez funcionários. Nessas companhias, o acesso à internet é quase universal e contempla 97% delas.
As empresas que não têm computador ou internet têm uma justificativa para isso: cerca de 70% delas declararam que não precisam do equipamento para exercer sua atividade.
O Brasil tem mais de 4 milhões de empresas com menos de dez funcionários, segundo dados do Cadastro Central de Empresas 2009 do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Elas representam cerca de 85% das empresas do País.
Conexão. Se os índices de informatização pouco mudaram entre 2007 e 2010, a conexão utilizada pelas microempresas vem acompanhando a evolução tecnológica. No ano passado, só 4% tinham acesso discado, dez pontos porcentuais a menos do que três anos atrás. A
conexão de modem digital DSL também perdeu espaço, mas ainda é usada por mais da metade das microempresas.
Aos poucos, essa tecnologia vem sendo substituída pelas conexões via cabo, rádio ou 3G, que somam 28%, 15% e 10% dos acessos, respectivamente.
E-mail. A maioria das microempresas conectadas à internet usa menos as ferramentas disponíveis na rede que as companhias maiores.
"O uso que elas fazem do computador ainda é muito básico. A maioria usa penas para comunicação, como mandar e receber e-mail", disse o gerente do Cetic.br, Alexandre Barbosa.
A principal atividade das microempresas nos computadores é enviar e receber e-mails – realizada por 97% delas, indicador muito próximo ao registrado nas companhias maiores. Mas funcionalidades como operações bancárias online e oferta de serviços na rede são subaproveitadas pelas pequenas, segundo a pesquisa.
O comércio eletrônico é uma atividade pouco explorada pelas empresas pequenas. Enquanto mais da metade das companhias com mais de dez funcionários têm um endereço eletrônico, apenas 27% das pequenas têm seu próprio website.
Segundo o relatório do Cetic.br, a presença virtual pode dar um novo patamar os pequenos negócios, pois eles passam a ser listados em sites de busca, como o Google. "Há um espaço muito grande para crescimento (das microempresas na internet). Existe claramente uma relação direta entre a adoção de tecnologias de comunicação e o desempenho econômico (da empresa)", disse Barbosa.
As empresas das Sul e Sudeste apresentam maiores indicadores de utilização de tecnologias de informática do que nas outras regiões. Nessas localidades, o índice de sobrevivência das pequenas companhias também é maior do que nas demais, segundo dados divulgados pelo Sebrae em outubro.