Cinco executivos do ecossistema compartilham aprendizados valiosos para quem busca um desenvolvimento mais estratégico e menos improvisado
Entre os dias 27 e 28 de novembro, aconteceu o CASE 2025, um dos principais pontos de encontro de startups e empreendedorismo da América Latina, promovido pela Associação Brasileira de Startups (ABStartups). Com o tema “Ecossistema em movimento”, a 12ª edição do evento contou com trilhas inéditas que abordaram desde empreendedorismo em mercados não convencionais e tendências de IA até inovação com propósito e modelos de crescimento sustentável.
A conferência ainda teve painéis exclusivos, nos quais executivos de grandes empresas compartilharam vivências e lições estratégicas provenientes de suas imersões no mundo dos negócios. Ao longo da programação, o CASE propôs uma nova visão do cenário de inovação brasileiro, reunindo uma diversidade de perspectivas sobre a implementação de tecnologias, propósito e sustentabilidade empresarial.
Nesse contexto, 5 executivos reuniram insights de experiências no CASE 2025 que podem ser aplicados por startups que desejam desenvolver um crescimento sustentável e com propósito em seus negócios nos próximos anos. Confira:
Fabiana Ramos, CEO da Pine
Para Fabiana Ramos, CEO da Pine, agência de comunicação especializada em PR e conteúdo estratégico para marcas inovadoras, o evento trouxe para o público lições essenciais para manter o foco na construção de um negócio. “O CASE reforçou que empreender é, antes de tudo, um exercício contínuo de buscar formas para entregar um propósito muito bem determinado. A clareza do que quer impactar é o combustível dos empreendedores que chegam mais longe e o que faz eles seguirem se reinventando, buscando ouvir os clientes e adaptando suas soluções em cada fase da empresa”, afirma.
Outro ponto que a executiva notou em muitos conteúdos apresentados durante o evento é a relevância de saber contar para o público a história que você deseja, alinhado com a visão de negócio que se pretende construir. “Em debates como os que vimos durante o CASE, fica claro o quanto comunicação é uma peça estratégica, seja para engajar equipes, construir cultura, explicar propósito ou gerar percepção de valor. A boa comunicação constrói reputação e isso tem um impacto direto no crescimento das empresas. É um caminho que pode ser trilhado a partir de muitas ferramentas, mas sempre com autenticidade e clareza”, conclui a CEO da Pine.
Daniel Rosa, Co-Founder & COO da Escale
Para Daniel Rosa, cofundador e COO da Escale, AI Partner, especializada em vendas, startups que desejam crescer de forma sustentável precisam unir propósito claro, disciplina operacional e uso inteligente de IA. “O CASE mostrou que não basta ter uma boa ideia. É preciso aprender rápido, executar com consistência e conectar tecnologia a problemas reais. A IA só gera valor quando está integrada a dados estruturados, aplicados com segurança e governança, garantindo confiabilidade nas decisões. Isso permite escalar operações, otimizar processos e entregar resultados mensuráveis”.
Para ele, o futuro das startups depende de equilibrar esses pilares. “Investidores buscam soluções que funcionam agora e permanecem relevantes no longo prazo. Startups que usam IA de forma estratégica, com integrações robustas, métricas claras e execução disciplinada, estão mais preparadas para crescer com eficiência e gerar impacto real e sustentável,” finaliza.
Kássio Seefeld, CEO da TruckPag
Para Kássio Seefeld, CEO da TruckPag, startup de meios de pagamento com soluções completas para frota pesada, as empresas precisam compreender as necessidades reais dos clientes, indo além dos seus desejos imediatos. “Discutimos no painel a importância do relacionamento com o cliente, um elemento fundamental para o sucesso de qualquer startup. Quando presumimos que ele sabe exatamente o que precisa, corremos o risco de confundir vontades com demandas estratégicas. Escutar o cliente é um dos nossos maiores diferenciais”, destaca o executivo.
Segundo Seefeld, essa proximidade também pode abrir caminhos para o desenvolvimento de novas soluções e um olhar estratégico para os próximos passos de investimento nas startups. “Quando começamos, nossos concorrentes eram grandes bancos e empresas consolidadas. No início, ainda no ‘mar vermelho’, visitamos todos os clientes, e isso nos colocou à frente de muitos players. Hoje, mantemos essa atenção, mas de forma mais estruturada, investindo em pessoas e em um atendimento personalizado para acompanhar de perto as necessidades de cada cliente”, explica.
Lucas Infante, CEO da Food To Save
De acordo com Lucas Infante, CEO da Food To Save, o CASE reforçou que o propósito claro e impacto real são motores de crescimento sustentável. “Startups que resolvem problemas concretos da sociedade, seja em sustentabilidade, tecnologia ou eficiência, se tornam mais resilientes e competitivas. Quando o modelo de negócio está alinhado a um propósito mensurável, a escala deixa de ser consequência e passa a ser estratégia.”
O executivo destaca ainda que as discussões sobre sustentabilidade e tecnologia apontam para um novo momento do ecossistema. “A inovação só faz sentido quando melhora a vida das pessoas e do planeta.O CASE evidenciou que o futuro das startups estará nas que souberem usar tecnologia para amplificar impacto com consciência e consistência”, afirma Infante.
João Zanocelo, VP de Marketing e cofundador da BossaBox
“A escolha de um bom sócio faz toda diferença para sucesso do negócio. É o que muda todo jogo, pois é alguém com quem você vai conversar diariamente para tomar decisões. Logo, precisa ser uma pessoa que, primeiro, você goste de conviver, e, segundo alguém que seja complementar a você em habilidades e perfil”, afirma João Zanocelo, VP de Marketing e cofundador da BossaBox.
Outro aspecto fundamental que o executivo destaca é que para qualquer negócio progredir, o cuidado com a mente deve ser priorizado. “O mercado de startups vem de uma cultura que exalta muito a questão do trabalho exaustivo, mas o mundo vem evoluindo nestas discussões nos últimos anos. É preciso buscar uma rede de apoio, o que inclui acompanhamento psicológico por meio de terapia e também se abrir com amigos e sócios sobre essas questões. Falar sobre saúde mental faz toda diferença e o universo corporativo já compreendeu isso”, encerra.



