É preciso começar cedo para ser um empreendedor

Os passos de um jovem, de menor aprendiz até se preparar para ser um gestor, um empreendedor

Frederico Grazziotin Albrecht é um jovem de 18 anos que nasceu em Porto Alegre e hoje vive e estuda em Passo Fundo. Quando tinha apenas 14 anos decidiu participar do Programa Menor Aprendiz. Gostou tanto dessa experiência que resolveu escrever um livro para incentivar outros jovens a ingressar desde cedo no mercado de trabalho.

Filho de pais empresários, que tem no trabalho um dos seus principais valores, Frederico já pensa e prepara-se para ser também um gestor, um empreendedor. Busca se qualificar para uma vaga na faculdade de “Internacional Business Administration” na University of Amsterdam, na Holanda.

Nesta entrevista, Frederico além de contar sua experiência de menor aprendiz, fala de seus propósitos e do seu projeto social.

Como foi sua experiência de menor aprendiz? Qual foi a principal lição que você aprendeu?

FREDERICO GRAZZIOTIN ALBRECHT – Quando eu me inscrevi no programa Menor Aprendiz, antes de iniciar, eu só pensava em dinheiro. Só pensava que essa era a única razão para trabalhar. Depois da primeira semana na empresa, tudo o que eu sabia, ou achava que sabia sobre trabalhar, foi completamente apagado da minha cabeça.

Descobri que trabalhar é muito mais do que receber um salário no final do mês. Eu aprendi que ao trabalhar nós nos tornamos produtivos, parte de um todo e nossas ações impactam na vida de muitas outras pessoas. Trabalhar sempre foi o meu sonho e a minha experiência como Menor Aprendiz, mesmo que tenha sido curta, foi incrível.

A principal lição foi que não importa o tamanho da sua tarefa, o seu cargo, ou a sua importância na empresa. Todos tem suas responsabilidades e todas as tarefas têm seu valor. Afinal, uma empresa não pode ser gerenciada por uma pessoa só, é algo coletivo, é uma equipe e o trabalho de todos é importante.

Trabalhar desde cedo vale a pena? Pode prejudicar os estudos na escola?

Para mim trabalhar abriu portas que eu nunca tinha imaginado, me deu certo senso de responsabilidade, além de me mostrar um pouco do mundo real. Na escola muitas vezes nos sentimos acomodados e começar desde cedo mostra para os jovens que trabalhar é algo sério que necessita de esforço, dedicação e muita responsabilidade. O trabalho em si não prejudica em nada nos estudos. De acordo com as leis brasileiras acerca do Programa Menor Aprendiz, devemos sempre priorizar a escola. Por exemplo, se a escola tiver alguma atividade obrigatória no período da tarde, o Menor Aprendiz deve faltar ao trabalho e se dirigir a escola. Mesmo faltando ao trabalho, não será descontado do seu salário, pois de acordo com a lei a escola tem prioridade sobre qualquer tipo de trabalho que o jovem venha a desempenhar na função de Menor Aprendiz.

Em Israel, para citar o exemplo de um país, a criança já nos primeiros anos de escola tem noção de empreendedorismo e cada estudante para completar uma universidade tem que apresentar um projeto e um plano de criação de uma empresa. Isso poderia ser um caminho para o Brasil?

Sim, pois no Brasil há um senso comum de que ter sucesso ou mesmo ser rico é crime. Temos que aceitar que outros países que são mais desenvolvidos que nós, continuamente influenciam o jovem a ser um empreendedor desde pequeno. Devemos deixar de lado nossas crenças de que ser bem sucedido é algo ruim e incentivar nossos jovens a se tornarem algo melhor do que nós somos. Os jovens são o futuro deste país e se incentivarmos eles a pensar fora da caixa, talvez um dia o Brasil possa ser melhor.

Você nasceu numa família de empreendedores. Até que ponto você acredita que esse convívio familiar estimulou você a ser um menor aprendiz e já vislumbrar uma carreira de empreendedor?

Desde que consigo me lembrar, ouço histórias de como meus pais trabalharam quando pequenos. Desde cedo sabiam que queriam batalhar para ter uma vida melhor. Agora como adultos, querem dar a mim e ao meu irmão tudo o que eles não tiveram quando eram pequenos. Isso me motivou muito a buscar meus objetivos desde cedo, consequentemente, iniciando no programa Menor Aprendiz. Minha mãe e meu pai me fazem querer ser melhor a cada dia e acreditam que eu posso mirar cada vez mais alto. Acho que para quem tem força de vontade e grandes sonhos, a carreira de empreendedor é a melhor escolha.

Como um jovem, sem essa sua vivência dentro de casa, ganha impulso para ser um menor aprendiz e já pensar em empreender?

Eu reconheço que muitos jovens não tem nenhuma orientação dentro de casa. Mas eu acredito que trabalhar desde cedo seja a melhor forma para se tornar um grande gestor, um empreendedor no futuro

Mesmo jovem ainda, você já tem uma preocupação social, desenvolve um trabalho de filantropia com foco em jovens e o esporte. Como funciona esse projeto?

Um pouco depois de eu iniciar como Menor Aprendiz, desenvolvi um projeto social junto a um clube de futebol da minha cidade, o Esporte Clube Villa Nova. O Projeto Embaixadores do Bem tem o objetivo de resgatar jovens em situação de vulnerabilidade social por meio do esporte. Para isso, nós procuramos padrinhos e madrinhas para ajudar esses jovens, com uma quantia mensal. Essa verba é carimbada e serve única e exclusivamente para ajudar esses jovens. Com atuação de uma assistente social, nós identificamos quais são os maiores problemas que esses jovens estão enfrentando e direcionamos essa verba para resolvê-los, podendo ser roupas, alimentação, tratamento médico ou odontológico.

Você concorda que cada empreendedor tem que ter um propósito social? Qual seria o seu propósito?

Concordo que as empresas devem ajudar em causas sociais, mas eu acho que o papel das empresas é fazer dinheiro, gerar empregos e renda.  Mas mesmo que as empresas tenham que se concentrar nesse objetivo, isso não impede que elas colaborem com a sociedade. Uma empresa pode não ter um propósito social ou sustentável próprio, no entanto ela pode colaborar de outras maneiras, como por exemplo apoiar projetos e inciativas externas em favor social. Eu tenho dois propósitos, o primeiro é fazer o resgate do máximo de crianças possíveis da situação de vulnerabilidade social com o Projeto Embaixadores do Bem. E o segundo é com o meu livro mudar a mentalidade dos jovens brasileiros. Grande parte deles acreditam que trabalhar desde cedo é algo ruim. Muito pelo contrário, trabalhar ajuda a abrir portas, traz responsabilidades, caráter e princípios aos jovens. E quanto mais jovens mudarem seus pensamentos em relação a isso, mais perto nós estaremos de extinguir essa crença de que alguma forma trabalhar desde cedo é algo ruim.

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