Por meio do artesanato, da costura e demais tecnologias manuais, elas conquistaram autonomia econômica e, assim, foram inclusas novamente na sociedade
A Organização das Nações Unidas (ONU), declarou, em novembro do ano passado, que 2021 seria o “Ano Internacional da Economia Criativa para o Desenvolvimento Sustentável”. De acordo com a organização, estimular a economia criativa será um fator importante para o crescimento dos setores de serviços, além de um apoio ao empreendedorismo e a diversidade cultural.
A economia criativa tem sido a aposta de muitos brasileiros, empresas e institutos, que buscam inovar com sustentabilidade e criar uma fonte de renda. Segundo um relatório divulgado pela empresa especialista em pesquisa e avaliação dos impactos sociais, Plano CDE, 130 milhões de brasileiros vivem abaixo da linha da pobreza, e esse número pode aumentar ainda mais, visto que, com a pandemia, 51% das famílias das classes D e E perderam metade ou mais de sua renda mensal.
A fim de mudar a realidade de muitas mulheres que se encontram abaixo dessa linha da pobreza, o Instituto Empodera, uma organização que tem por finalidade a promoção da assistência social, capacitou, por meio do artesanato, da costura e demais tecnologias manuais (atividades reconhecidas como economia criativa), mulheres em situações de extrema vulnerabilidade social. Isso proporcionou a essas mulheres um sentimento de acolhimento e empoderamento diante de suas comunidades, além de torná-las economicamente ativas.
Maria Das Dores, de 51 anos, uma das mulheres acolhidas, as quais são chamadas carinhosamente de musas, conta que além de ser uma fonte de renda, o artesanato é um remédio para a sua saúde. Por meio dele conseguiu vencer a abstinência e deixou o uso abusivo de drogas.
“O dinheiro é importante, mas para mim vai muito além, pois, está sendo uma forma de ocupar a cabeça e poder ajudar outras mulheres a se reencontrarem também. O trabalho com dignidade é muito importante para o recomeço, ser honesta consigo mesma e com as pessoas que confiam em você. É muito triste viver nas ruas, as pessoas te enxergam como lixo ou como um bicho, quantas vezes eu fui humilhada! Hoje sou outra pessoa, com uma nova vida, parece que eu nasci de novo”, desabafa Maria.
Durante a pandemia, os coletivos de mulheres apoiados pelo Instituto Empodera, atuantes nas cidades de Sorocaba, Campinas, São Paulo, São José dos Campos e Tapiraí, formados por cerca de 70 mulheres; entre elas: ex usuárias abusivas de drogas, trans, indígenas, vítimas de violência sexual e demais que se encontravam em situações de vulnerabilidade; sofreram um forte impacto econômico, pois precisaram parar com boa parte de suas produções. Para garantir que essas chefes de famílias não ficassem desamparadas, elas focaram na produção de máscaras, a fim de abastecer o serviço de saúde e a sociedade.
Atualmente, essas mulheres retomaram parte de suas atividades e seguem produzindo bolsas, bijuterias e uma série de produtos manuais para a geração de renda.
O objetivo do Instituto Empodera é oferecer metodologias e ferramentas que possibilitem a formação, o desenvolvimento de habilidades e competências, para que grupos e indivíduos possam produzir, criar e gerir suas vidas.
“É por meio dos coletivos apoiados e pelos projetos do Instituto Empodera, como o Conexão Musas, que as musas acolhidas, tem contato com a economia criativa e circular, reconhecendo seus talentos, sua força de criação, de geração de renda e transformação de suas histórias”, frisa Sofia Coelho Moreira, engenheira e mestre em Ciências Ambientais, integrante da diretoria do Empodera.
Instituto oferecerá oficinas online – Pensando na propagação dessas ferramentas e metodologias, o Instituto Empodera, com apoio do Governo do Estado de São Paulo, contemplado pelo Programa de Ação Cultural (PROAC), por meio da Lei Aldir Blanc, realizará nos dias 08, 15, 22 e 29 de março, o evento On-line e gratuito: “Expedições Criativas”, o qual tem como objetivo apresentar a economia criativa e a história de superação das mulheres por meio dela. O evento também oferecerá oficinas de upcycling, customização, moda circular e modular, tingimento natural e extração de pigmentos, confecção com biomateriais e eletrônicos aplicados aos têxteis.
Durante os quatro dias de programação, os inscritos participarão de vivências e investigações junto as mulheres e suas manualidades realizadas dentro dos coletivos.
Outra proposta do evento é o Studio Vivo, um espaço de criação colaborativa, que contará com os talentos e recursos dos participantes, em um processo coletivo de prototipagem de ideias e projetos criativos.
“Essa é a concepção do Studio Vivo, ser um espaço de criação e não apenas de conversa. É uma forma de aprendizado transformador, investigaremos por meio das manualidades e do designer, a transformação social. Um projeto inovador, o qual nos permite conhecer a história e aprender com essas mulheres, se colocando como um igual, criando lado a lado. Na sociedade atual, a qual possui tantos processos de mudanças, com tantas crises diferentes, utilizar da nossa capacidade de imaginar alternativas, trabalhar, colaborar e cocriar juntos, se faz mais necessário do que nunca. E é esse tipo de trabalho que estamos fazendo aqui”, finaliza o designer de sistemas sociais e pesquisador, responsável pela mediação do Studio Vivo, Ricardo Gonçalves.
O evento é aberto a todos os interessados, basta se inscrever pelo link: https://www.sympla.com.br/
SAIBA MAIS
Evento gratuito: “Expedições Criativas”
Dias: 08, 15, 22 e 29 de março de 2021
Horário: Das 18h às 21h
Inscrição: https://www.sympla.com.br/
Dúvidas: evento@institutoempodera.org.
Classificação: Livre