As nuvens foram conduzidas para provocar um grande trovão no último dia 7 de setembro com estrondos que seriam propagados por todo o país. Ocorreram, mas não foram tão intensos assim. Se os estrondos não foram tão fortes, as propagações desse trovão, no entanto, ocorrem até hoje e vão seguir pelos próximos meses no subterrâneo e nos alicerces da economia brasileira.
No comando das nuvens da discórdia contra o STF e o STE, esteve o próprio presidente da República Jair Bolsonaro. De cima de palanque, com microfone na mão e aos gritos chamou o ministro do STF Alexandre de Moraes de “canalha” e disse que não acataria mais nenhuma ordem vinda desse ministro.
Essas palavras do presidente formaram rastilhos de fogo e inflamaram as incertezas em toda a economia do país. Um dia após o 7 de setembro, a Bolsa de Valores caiu 3,78%, uma das maiores queda do ano, com perdas de valor de mercado para mais de uma centena de empresas. O dólar subiu. Nessas horas, o investidor, seja na bolsa de valores, em imóveis ou na produção industrial brasileira, freia tudo e espera ver o que vai acontecer.
O trovão de Bolsonaro ganhou maior sintonia e volume numa categoria de profissionais e empresários que já mostraram que são capazes de parar o país, os donos e motoristas de caminhões. Com a pandemia ainda em curso e números de mortos ainda alarmantes – mais de 587 mil brasileiros perderam a vida – logo após o 7 de setembro montaram barreiras em diversas estradas brasileiras. Isso afetou de imediato a distribuição de vacinas em todo o país.
Além de prejudicar a distribuição de vacina, a mobilização de motoristas e donos de caminhões, seguidores do presidente Bolsonaro, prejudicaram também a entrega de alimentos nos supermercados e da gasolina nos postos pelas diferentes regiões brasileiras, o que pressionou o índice mensal de inflação que já alcança a marca trágica de 10%.
Logo Bolsonaro percebeu que o trovão que acionava iria se voltar contra ele próprio, contra o seu próprio governo, e tomou a decisão de dissipar as nuvens que se formavam. Mandou liberar todas as estradas do país.
A principal voz dos caminhoneiros, o youtuber Antônio Pereira Gomes, mais conhecido por Zé Trovão, ficou sem entender nada. Ele e muitos outros caminhoneiros esperavam a decretação por Bolsonaro de estado de sítio e o sinal verde para invadir o TSF e o STE.
Zé Trovão desconfiou da veracidade do vídeo do próprio presidente que pedia a liberação das estradas em todo o Brasil. Pediu provas e ligou para o próprio presidente. No dia 7 de setembro, garantiu que estaria na Avenida Paulista e desafiou o ministro Alexandre de Moraes a vir prendê-lo pessoalmente. Nesse dia, gravou um vídeo e revelou que estava num quarto de hotel, no México.
A verdade nesse episódio foi uma nuvem negra. Sem revolução à vista, o Zé Trovão baixou a voz. Diz que vai se entregar já que tem voz de prisão emitida pelo próprio ministro Alexandre de Moraes. O grande trovão vira um assobio.