Poderia o talento para os negócios do empresário Eike Batista ou da cantora Ivete Sangalo estar diretamente ligado à genética? A resposta é sim. Sabe-se que entre 3,5% e 5% da população mundial nascem com os chamados “genes do empreendedorismo” bastante desenvolvidos e têm grande chance de ser bem-sucedidos no mundo dos negócios se receberem os estímulos corretos durante a infância. Na semana do Dia das Crianças, cabe uma reflexão sobre os estímulos necessários para o desenvolvimento de empreendedores.
Para ficar mais claro, os genes mais desenvolvidos em homens e mulheres com talento nato para os negócios podem determinar características como o anseio por coisas novas, capacidade de associar informações distintas e o aprendizado apenas por meio da audição. Engana-se, entretanto, quem pensa que apenas o popular “tino para a coisa” seja suficiente para o sucesso: um “empurrãozinho” dos pais também é indispensável, já que a personalidade dos empreendedores francos, como são chamados os que nascem com os esses genes em alta contagem, é definida até, aproximadamente, os sete anos de idade, durante as fases identificadas pela psicanálise como primeira e segunda infâncias.
Como curiosidade, vale ressaltar que, ainda com cerca de um ano de idade, o bebê já pode ter definidas características inadequadas, como inveja, ciúme, narcisismo e otimismo ou pessimismo, e adequadas, como a confiança nele mesmo e nos outros. Antes até dos três anos, ele pode adquirir o hábito de agir com vergonha ou parcimônia diante de desafios, e se tornar frágil ou determinado em situações de medo.
São três as características no processo de educação durante os sete primeiros anos de vida que vão determinar no adulto a capacidade de se orientar em maior ou menor intensidade para os resultados: grau de iniciativa, tomada de risco e visão. Isso não pode ser ensinado, são traços de desenvolvimento de uma personalidade na qual a iniciativa passa a acontecer já a partir do segundo ano de vida, na fase de retirada da fralda. Segundo a psicanálise, é nesse período que a criança manifesta a necessidade de controlar o esfíncter. Se o pai ou a mãe – ou as figuras que cumpram estes papéis – não souber decodificar esse momento e o antecipar, pode gerar um adulto amedrontado e inseguro para tomar iniciativas de controle.
Com quatro ou cinco anos de idade, é hora de os pais iniciarem os incentivos para que os filhos tomem iniciativas que envolvam desafios. Este esforço pode começar com tarefas simples, como acompanhar a criança até a geladeira para que ela tente apanhar um determinado alimento por conta própria.
Quem estimula corretamente o filho, certamente observará o resultado nos momentos em que ele começa a fazer as coisas por conta própria. Quando isto passa a acontecer, a atitude paterna deve ser a de seguir com incentivos em situações corriqueiras, fazendo com que a criança desenvolva pensamentos do tipo “eu vou até a geladeira, abro a porta, o leite está ali, e ponho no copo que está aqui como o meu pai e minha mãe me ensinaram”. A partir daí, surgirá alguém com condições de, no futuro, visualizar tudo quando estiver em situações de desafio.
Luiz Fernando Garcia é especialista em desenvolvimento humano e dinâmica de negócios.