?Pipoqueiros destacou-se entre os ambulantes ao construir a marca Pipoca do Valdir, e hoje ensina pequenos e grandes empresários a inovar em suas atividades.
Treze anos de espera por uma concessão pública para ter o direito de vender pipoca, embalados por muita esperança e persistência, fizeram o pipoqueiro Valdir Novaki começar
com muita segurança em seu novo ofício, perseguindo o objetivo de se tornar o melhor pipoqueiro do Brasil. E para se destacar no meio de 78 pipoqueiros que circulam pelo Centro
de Curitiba, Valdir resolveu inovar e desmentir o conceito de que comida vendida na rua por ambulantes não tem qualidade. Hoje, com uma clientela fixa, a Pipoca do Valdir se tornou conhecida e apreciada. E Valdir é convidado para dar palestras de empreendedorismo, inovação e motivação para diferentes empresários.
Tudo começou quando Valdir foi trabalhar em uma banca de jornal que ficava na Praça Tiradentes, no Centro da capital do Paraná. Na atividade diária Valdir ficava observando os
camelôs e ambulantes, percebendo que poderia aumentar seus ganhos muito mais se também tivesse o próprio negócio. Pensando assim, inscreveu-se na prefeitura de Curitiba, em 1992, solicitando uma concessão para atuar como pipoqueiro. A liberação do poder público só veio em agosto de 2006. A partir daí, Valdir só teve que aguardar mais 30 dias para o carrinho de pipocas ficar pronto, conforme o padrão especificado pela prefeitura. Nesse período, Valdir buscou conhecer o trabalho dos seus futuros concorrentes, desde o atendimento, qualidade dos produtos até a higiene. “Comprava pipoca e analisava a forma como a pessoa atendia, a manipulação dos alimentos, a vestimenta, higiene pessoal e do carrinho, e fiz o oposto deles para me destacar. Quis mudar o conceito de que um ambulante que trabalha na rua não tem qualidade”, afirma Valdir.
E ao longo de cinco anos atuando como pipoqueiro Valdir não só mudou o conceito como conseguiu construir a marca “Pipoca do Valdir” através de diversos diferenciais: ao comprar pipoca o cliente ganha um kit higiene com guardanapo, bala de menta e sachê personalizado com fio dental, cartão fidelidade com um pacote grátis a cada cinco compras, cartão de promoção no valor de R$ 25 com 12 vales-pipoca. Além disso, acrescenta Valdir, os produtos utilizados no preparo da pipoca são de excelente qualidade. Valdir e a esposa, que trabalha com ele, sempre estão uniformizados, e para garantir que os clientes percebam que o uniforme é trocado todo dia, um bordado na roupa indica os dias da semana. Mas, mesmo assim, com todos esses cuidados, o sucesso não aconteceria se o atendimento não fosse bom, pensa Valdir. “Independente do que a pessoa for comprar, ela gosta de ser bem atendida, por isso sempre recebemos os clientes com um sorriso”, conta.
Para melhorar ainda mais o negócio, Valdir se tornou um empreendedor individual em abril deste ano. A formalização trouxe para ele um CNPJ e, com isso, a possibilidade de contratar funcionário, comprar mercadorias em grande escala com prazo de pagamento mais longo e preço mais acessível e, também, a chance de pagar o INSS para uma futura aposentadoria. O caminho percorrido por Valdir até aqui foi árduo, mas ele acredita que o sucesso do negócio aconteceu porque faz realmente o que gosta. “Me sinto um vencedor, mas se eu não for trabalhar todos os dias, a fama de pipoqueiro não vai me trazer dinheiro.”
Cedo no batente
Entretanto, medo do trabalho é o que Valdir menos tem. Nascido no interior do Paraná, em São Mateus do Sul, Valdir Novaki era filho de uma família numerosa e trabalhava na roça
desde cedo. Quando completou 18 anos foi para Curitiba e atuou como lavador e manobrista de carros. E no período longo em que esperou para começar a realizar seu sonho de ser pipoqueiro, fez diversos trabalhos para sobreviver. O ofício de pipoqueiro não diminuiu o ritmo de trabalho, pelo contrário, aumentou. “Muita gente pensa que ter um negócio próprio é fazer o próprio horário e ficar mais livre, mas é puro engano, pois a responsabilidade é bem maior”, relata Valdir. Com uma carga horária de 14 horas por dia, sua rotina começa às 6h30 com a higienização do carrinho, depois às 11h30 ele já está posicionado em uma esquina no Centro de Curitiba, ao lado da Catedral, onde o trabalho segue e só termina às 21h, quando ele chega em casa.
Valdir diz que todos têm um potencial para se desenvolver e, no caso dele, o atendimento especial aos clientes que vão comprar seu produto e o amor pela profissão são suas
virtudes. Para ter sucesso nos projetos de vida, Valdir aconselha a não acreditar em pessoas pessimistas. “Não comentava nada com ninguém sobre meus projetos, para não ficar ouvindo pessoas pessimistas.”
E bem longe do pessimismo Valdir persegue o sonho de ser o melhor pipoqueiro do Brasil. Por suas inovações, ele é convidado a dar palestras sobre motivação para diversos
empresários. “Nesses encontros conto como consegui buscar ideias para inovar, pois existem empresários com uma loja que não sabem como fazer para melhorar o negócio e eu com um carrinho de pipoca consegui fazer meu trabalho evoluir”, diz. Agora os planos para o futuro desse empreendedor estão focados em franquear a marca Pipoca do Valdir. Mas isso é mais para o futuro mesmo, pois o pipoqueiro revela que ainda está em lua-de-mel com o seu carrinho de pipoca.
Valdir Novaki
Idade: 37 anos
Data de formalização: Abril de 2011
Ramo: Pipoqueiro
Conta com funcionário? Não
Pretende virar microempresa? Sim