Ela trocou uma carreira em multinacionais para impedir que toneladas de alimentos fossem parar no lixo

Ao fundar a Connecting Food, a engenheira de alimentos Alcione Pereira (foto em destaque) já garantiu o complemento de 30 milhões de refeições para brasileiros em vulnerabilidade 

Após 15 anos de carreira corporativa em multinacionais, Alcione Pereira fundou a  Connecting Food, primeira foodtech brasileira especializada em conectar os alimentos que seriam descartados por empresas, mas ainda bons para o consumo, às organizações sociais que atendem pessoas em situação de vulnerabilidade social. Movida pela vontade de fazer diferença com a doação de alimentos excedentes para combater a fome, a engenheira de alimentos se dedica há mais de duas décadas a estudar a alimentação e seus processos de distribuição. Até o momento, a foodtech fundada por ela já ajudou a destinar mais de 16 mil toneladas de alimentos sem valor comercial, garantindo o complemento de cerca de 30 milhões de refeições para milhares de brasileiros que vivem em vulnerabilidade social.

“Antes de fundar a Connecting Food, eu tive uma carreira corporativa de mais de quinze anos em multinacionais, o que me trouxe uma bagagem bastante sólida e visão empresarial. Mas, com o passar dos anos, comecei a me sentir atraída pelo empreendedorismo, especialmente no segmento de impacto”, relata a empreendedora.

Empreender com propósito

Em 2015, já contando com bastante experiência profissional, a engenheira de alimentos começou a ter mais clareza de onde queria chegar.  O insight ocorreu em uma palestra sobre sustentabilidade. E, aos 36 anos, ela determinou seu propósito de vida. A executiva, que decidiu sair do ambiente corporativo, passou a estudar profundamente todos os dados e informações sobre o desperdício de alimentos no Brasil e no mundo.

“Um marco importante nessa virada foi uma palestra sobre sustentabilidade que eu assisti em 2015. Foi quando tomei conhecimento de dados sobre o desperdício e fiquei muito impactada com esse contrassenso: como é possível que tanta gente passe fome enquanto um terço dos alimentos é desperdiçado? Isso me parecia inconcebível e comecei a me aprofundar nessa temática, que faz parte de uma agenda socioambiental global e se tornou meu propósito de vida. Pensando em como resolver esse paradoxo, fundei a Connecting Food”, revela Alcione.

Um ano depois, durante a  transição da vida profissional, ela participou do laboratório de inovação social da organização Social Good Brasil para formação de empreendedores de impacto social. Nele, os participantes eram instruídos a trabalhar com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável da ONU para transformação de metas globais até 2030, sendo o desperdício de alimentos parte dessas metas. Naquele momento, Alcione entendeu que nenhum alimento produzido deveria ser descartado. Assim, nasceu a Connecting Food.

E, para contribuir ainda mais com essa mudança de cenário, Alcione ainda busca articular parcerias com grandes associações do setor. Além de estar à frente da Connecting Food, ela articula iniciativas que promovem a redução do desperdício de alimentos por meio de coalizões multissetoriais e formação de um ambiente regulatório favorável. Palestrou em grandes eventos nacionais e internacionais, como o Aspen Global, ReFED USA e o Festival Social Good Brasil, além dos principais eventos de ESG, como o HSM+e o ESG Innovation Day.

A foodtech

Hoje, a Connecting Food cresce em ritmo acelerado, consolidando-se como um dos principais players de impacto socioambiental do Brasil.  Presente nas 27 unidades federativas do país, a foodtech já impediu que mais de 16 mil toneladas de alimentos tivessem o lixo como destino, garantindo o complemento de cerca de 30 milhões de refeições para mais de 630 Organizações da Sociedade Civil (OSCs) que atendem pessoas em vulnerabilidade social. Esse trabalho conta com o respaldo de grandes clientes como GPA, Assaí Atacadista e Proença Supermercados.

“Há um longo caminho a ser percorrido. Existe uma cultura do desperdício ainda muito enraizada. Ouvimos muito aquela famosa frase: “é melhor sobrar do que faltar”. Ela é emblemática porque ajuda a entender essa normalização do desperdício. Por isso, a conscientização faz parte do nosso trabalho, que vai muito além de uma gestão operacional, no qual atuamos no sentido de criar um ecossistema de combate ao desperdício”, reforça a CEO e fundadora da Connecting Food.

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