Pela primeira vez, as principais empresas brasileiras e americanas se unem para pedir aos governos do Brasil e dos Estados Unidos a conclusão da Rodada Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC). Os presidentes das companhias Odebrecht, Gerdau, Embraer, Coca-Cola, Motorola, Citibank e outras gigantes enviaram ontem uma carta ao diretor-geral da OMC, Pascal Lamy, apelando pelo fim das negociações.
Neste fim de semana, Lamy ainda se reunirá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para pedir que o Brasil faça as concessões necessárias para que um acordo seja atingido."Chegou o momento da ação final", afirmou a carta, que aponta que as empresas defendem um acordo como forma de garantir o crescimento e prosperidade das economias. O apelo dos industriais é inédito desde que a Rodada foi lançada em 2001 e, em Genebra, a carta foi interpretada como um sinal claro de que o setor privado do Brasil e dos Estados Unidos querem um acordo.
Segundo a carta, assinada também por José Roberto Ermírio de Moraes, da Votorantim, e Roger Agnelli, da Vale, o acordo precisa ser "substancial". Em linguagem diplomática, isso significa que as empresas querem um acordo que garanta que tarifas e subsídios sejam drasticamente reduzidos. As multinacionais admitem que há diferenças de posição entre Brasil e Estados Unidos, mas alertam que vão pressionar os governos para que cheguem a um acordo.
"Enquanto nossos dois países possuem temas politicamente sensíveis e preocupações econômicas, incluindo a busca de nosso acordo bilateral, estamos unidos no apoio à conclusão de acordo ambicioso e equilibrado na Rodada de Doha, centrado na obtenção de condições mais abertas, transparentes e previsíveis para o comércio de serviços e de bens industriais e agrícolas e reconhecemos que toda nação deve contribuir significativamente na direção de uma bem sucedida conclusão", afirmou a carta.