O Brasil possui a matriz energética mais renovável do mundo industrializado com 45,3% de sua produção proveniente de fontes como recursos hídricos, biomassa e etanol, além das energias eólica e solar, conforme dados do Ministério de Minas e Energia (MME). Vale lembrar que a matriz energética mundial é composta por 13% de fontes renováveis no caso de países industrializados, caindo para 6% entre as nações em desenvolvimento. Mas, com o crescimento econômico, populacional e também do acesso à energia, a demanda – tanto empresarial quanto residencial – tem se ampliado consideravelmente. Uma projeção da Agência Internacional de Energia (AIE) estima que até 2035 o consumo brasileiro de energia primária cresça 78%.
Além disso, é preciso diminuir os custos da energia para que as empresas tenham mais competitividade. Dados da Confederação Nacional da Indústria (CNI) informam que, ao preço médio de R$ 330 por megawatt/hora (o triplo da taxa dos Estados Unidos e Canadá e o dobro da cobrada na China, Coreia do Sul e França), a tarifa de energia elétrica para a indústria no Brasil é a quarta mais cara do mundo – inferior apenas à da Itália, Turquia e República Tcheca. Para Robson Braga de Andrade, presidente da CNI, uma redução entre 10% e 15% no valor da energia elétrica é um bom número para ajudar a recuperar a competitividade da indústria brasileira.
Tudo isso gerando desenvolvimento social e sem comprometer o meio ambiente, reduzindo significativamente a emissão de gases de efeito estufa. O Brasil, durante a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, realizada em Copenhague no ano passado, a COP15, se comprometeu a reduzir essas emissões entre 36,1% e 38,9% até 2020, em relação ao que emitia em 1990. Atualmente o setor energético, da produção ao consumo, responde por 23% dessas emissões no Brasil, índice inferior apenas ao do desmatamento e agropecuária (70%), segundo dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA).
A pergunta que fica é: como superar este desafio? E ainda: que oportunidades de negócio surgem deste desafio? É o que a Revista Empreendedor vai procurar responder. Segundo o livro Perspectivas tecnológicas de energia 2012: caminhos para um sistema de energia limpa, elaborado pela Agência Internacional de Energia (AIE), os investimentos em energias limpas deverão ser duplicados até 2020 para limitar a 2?C o aumento da temperatura global em longo prazo. Os estudos do Plano Decenal de Energia 2020 indicam uma expansão média anual de 12% das fontes alternativas renováveis. Essas fontes e as usinas hidrelétricas são prioridade no horizonte de planejamento, não havendo indicação da utilização de combustível fóssil, destaca o MME – diretriz reafirmada pelo preço competitivo demonstrado nos últimos leilões de energia. De acordo com Moacir Bertol, secretário adjunto de Planejamento e Desenvolvimento Energético do ministério, a perspectiva do governo para 2020 é que a participação das fontes renováveis evolua para 47,7%, mantendo os altos níveis de uso de hidreletricidade e, simultaneamente, com o crescimento de biomassa, biocombustíveis e energia eólica.
As reportagens da série Energia para crescer bem mostrarão o atual panorama do setor e as perspectivas de desenvolvimento, com base nas políticas e ações do governo e tendências de mercado nacionais e mundiais. O trabalho terá como foco as vantagens sociais, ambientais e econômicas de cada fonte energética e destacará as empresas inovadoras que atuam neste mercado. A primeira parte aborda a energia eólica, fonte alternativa que mais cresce no Brasil. Nas seis edições seguintes serão analisadas a energia solar, biomassa, energia do mar e outras fontes alternativas em pesquisa, energia hidráulica, biocombustíveis e, para finalizar, eficiência energética e redução do desperdício.
Confira a primeira reportagem da série: Campo de gigantes