Uma verdadeira força-tarefa foi criada pelo Governo de Santa Catarina para dar combate em diversas frentes ao crescente surto de Coronavírus no estado. A Sala de Situação, comandada pela Defesa Civil e Secretaria Estadual da Saúde, busca suprir a demanda crescente por respiradores artificiais, novas salas de atendimento aos doentes e coordenar ações de inteligência de dados. De acordo com o presidente da ACM (Associação Catarinense de Medicina), Ademar Paes Júnior, a atuação está concentrada na coordenação de uma área de inteligência para levantamento de dados, seguida pela aquisição de EPIs (equipamentos de proteção individual), testes diagnósticos laboratoriais e respiradores mecânicos para unidades de terapia intensiva.
As ações estão sob coordenação do Secretário da Saúde, Helton Zeferino (foto) e seu adjunto, André Motta. Em relação a inteligência da dados, o time que atua em diversas empresas do polo tecnológico do estado trabalha em projetos que reúnem também profissionais da UFSC (Universidade Federal de Santa Catarina), Udesc (Universidade do Estado de Santa Catarina) e algumas das principais empresas de tecnologia do setor de saúde, como a LifesHub. Nas outras áreas (testes laboratoriais, EPIs e ventiladores), as tarefas estão sendo divididas entre a ACM e Fiesc (Federação da Indústria de SC), com o apoio da CNI (Confederação Nacional da Indústria). “Ações provocadas por Santa Catarina já resultaram na disponibilização de uma verba de R$ 10 milhões para o desenvolvimento rápido de atividades que incluem compras diretas por importações, especialmente da China; e o aumento da capacidade produtiva do parque fabril no desenvolvimento de respiradores, testes para o vírus e EPIs”, enfatiza Ademar Paes Júnior.
Nesse sentido, setores de engenharia ligados às universidades estão fortemente engajados na criação de produtos direcionados ao combate da crise na saúde, como um projeto que visa transformar aparelhos de ventilação veterinário para especificações de uso humano, além da criação de aparelhos de proteção a partir do uso de impressoras 3D usados atualmente pelas montadoras de veículos. “Ainda na área de ventilação mecânica, temos uma outra frente que está mapeando os equipamentos parados em clínicas e hospitais e disponíveis para manutenção”, diz Paes Júnior.
Também há um projeto piloto em andamento com a ACIF (Associação Comercial e Industrial de Florianópolis), no sentido de disponibilizar quartos de um hotel para a quarentena de médicos que tenham muito contato com doentes e que não poderão expor familiares e a sociedade ao risco de contaminação. Também a frente de informação está sendo priorizada, com o combate a fakenews que minimizam a situação da crise e o reforço de que somente o isolamento social poderá reduzir o número de mortes pela pandemia.
Atualmente o número de equipamentos e leitos em UTIs não são suficientes para atender um número grande de pacientes, caso haja uma explosão de casos. “O comportamento de hoje das pessoas é o que pode minimizar o número de casos e a condição de internação dos pacientes graves, que serão idosos em sua maioria”, assegura o presidente da ACM. De acordo com ele, a tendência é que novas medidas de restrição, ainda mais drásticas e de ampliação da quarentena tenham de ser tomadas pelo Governo para garantir um efetivo combate a propagação do vírus nos próximos dias. Há quase um consenso entre o setor de saúde de que pelo menos antes de 20 semanas, não deverá haver um retorno a normalidade. “Nós, médicos, ficaremos até o final e só vamos sair quando o último paciente for embora”, enfatiza Ademar Paes Júnior .