Sororitê fortalece a equidade de gênero do lado do investidor e acompanhando mulheres em suas jornadas de aprendizado
No Brasil, o mercado das startups ainda é predominantemente masculino, mostrando-se um terreno hostil para as mulheres que se arriscam a desbravá-lo. Segundo um levantamento da Distrito, mais de 85% das startups brasileiras têm um time formado por homens e, desse total, uma porcentagem ínfima de 0,04% de times formado por mulheres consegue investimentos para desenvolver suas empresas.
Na contramão dessa realidade, o Sororitê, maior grupo de investidoras-anjo do Brasil, criado para direcionar aporte de capital a empresas fundadas por mulheres, mostra que é possível ter sucesso nesse segmento fortalecendo a equidade de gênero. Criado em abril de 2021, a rede já alcançou o valor de mais de R$ 3 milhões investidos apenas em empresas lideradas por mulheres.
Atualmente, a rede conta com mais de 70 investidoras com experiências em diferentes áreas, que avaliam as startups em estágio inicial (pre-seed) de maneira abrangente. Entre as empresas já beneficiadas estão Feel, Olistix, Mimo, PHP Biotech, Muda Meu Mundo, Herself, Se Candidate Mulher, Cultua e Beca.
Idealizado pelas sócias Flávia Mello e Erica Fridman Stul, que depois se associaram a outras duas investidoras – Mariana Figueira e Jaana Goeggel -, o foco do Sororitê é estreitar os caminhos entre fundadoras de startups e investidoras, aumentar a equidade de gênero do lado do investidor e democratizar o assunto para mais mulheres que tenham a intenção de investir em capital de risco.
Quando iniciaram a rede, as sócias fundadoras não tinham a dimensão de que aquele pequeno grupo informal, com pouco mais de 10 mulheres que se encontravam para trocar informações e experiências sobre investimento anjo, venture capital e para fazer análises, se tornaria o maior grupo do Brasil de mulheres investidoras em mulheres. “Queremos que o Sororitê seja o grupo de referência para fundadoras que buscam capital e expertise. O objetivo é potencializar as mulheres em todos os setores – sejam eles setores com mais fundadoras como femtechs até setores dominados por fundadores homens como fintech e agrotech”, explica Flávia.
Boa parte do sucesso da rede está no fato de que mulheres com capital para investir mostram preferência por colocar recursos em negócios fundados e/ou chefiados também por mulheres. De acordo com um relatório do PitchBook de 2019, investidoras são duas vezes mais propensas a investir em startups fundadas por outra mulher e três vezes mais propensas a investir em uma empresa liderada por uma CEO. “Juntando as duas pontas, temos um balanço bastante satisfatório e os feedbacks que recebemos confirmam isso”, enfatiza Erica.
Já Mariana destaca que o grupo produz resultados por trabalhar com a similaridade de conceitos. “Ao criarem seus negócios, as mulheres tendem a buscar soluções para problemas vividos no seu próprio dia-a-dia e que, muitas vezes, não são compreendidos pelos homens. A tendência, portanto, é que seus projetos sejam rejeitados quando apresentados a investidores do sexo masculino”, explica. “Quando chegam a nós, ao contrário, o entendimento é muito maior e a chance de conseguir recursos aumenta”.
Com um crescimento já consolidado, as sócias agora pensam no futuro da rede, traçando objetivos de curto, médio e longo prazos que, apesar de parecerem grandiosos, já estão caminhando. A ideia é que o Sororitê se torne uma vitrine de investimentos de produtos financeiros de Venture Capital que tenham um viés de gênero. “Uma vez que o ecossistema está amadurecendo, queremos oferecer para as mulheres da rede mais opções de investimentos”, adianta Jaana. Além disso, visam chegar ao final de 2022 com 100 membras, abrir oportunidades de investimento para pessoas fora da rede também e alcançar R$10 milhões em captação.
Sobre a Sororitê – Fundado pelas investidoras anjo Flávia Mello, Erica Fridman Stul, Mariana Figueira e Jaana Goeggel, o Sororitê é uma rede que oferece espaço de troca e aprendizados para que as decisões de investimento sejam feitas com mais segurança. O grupo tem o comprometimento de avaliar e investir apenas empresas em estágio inicial (pre-seed) fundadas por mulheres.