Redes de mulheres líderes, mentorias especializadas e comunidades online oferecem compreensão e encorajamento, além de networking
Os desafios enfrentados pelas mulheres no mercado de trabalho costumam se multiplicar após se tornarem mães. Não bastasse os sentimentos conflitantes que experimentam ao voltar escritório, como a culpa por ter que deixar o filho em casa para trabalhar e a angústia de ter que recuperar e redefinir a própria identidade profissional após um período de afastamento, elas ainda precisam lidar com uma cultura que estigmatiza profissionais que se tornaram mães.
Diante da falta de flexibilidade das empresas em oferecer condições que permitam um equilíbrio saudável entre vida profissional e pessoal, elas se sentem constantemente ameaçadas, precisando provar a todo momento que são merecedoras do cargo que ocupam.
Para que as mulheres conseguem lidar com toda a pressão que sentem ao retomarem suas ocupações profissionais após a maternidade e até mesmo fazerem uma transição de carreira, a consultora em desenvolvimento e liderança feminina, fundadora do Instituto Bert e autora do livro “Mulheres que lideram jogam juntas – Construa uma cultura de sororidade no ambiente de trabalho e cresça como nunca”, Daniela Bertoldo (foto em destaque), acredita no poder de grupos de apoio, tais como redes de mulheres líderes, mentorias especializadas e comunidades online.
“Esses ambientes oferecem suporte emocional e prático: permitem que as mães se sintam compreendidas e encorajadas e oferecem recursos valiosos e oportunidades de networking que podem abrir portas para novas carreiras”, explica.
Além desses grupos de apoio, são de suma importância parceiros e familiares. Conforme Daniela, eles podem oferecer suporte emocional e ajudar nas tarefas práticas, dividindo afazeres domésticos e cuidando das crianças. “Ao flexibilizarem as próprias agendas para que as mães consigam perseguir seus objetivos profissionais e dedicar-se plenamente ao desenvolvimento de suas carreiras também oferecem um grande auxílio”, diz. Caso não seja possível uma maior contribuição de parceiros e família e haja recursos financeiros disponíveis, a fundadora do Instituto Bert recomenda investir em ajuda profissional.
Pequenos ajustes na rotina também tornam mais fácil a empreitada das mulheres que tentam a retomada de carreira, por trazerem mais equilíbrio entre vida familiar e profissional. Nesse sentido, Daniela propõe algumas ações, entre as quais: investir em planejamento e organização, buscando estabelecer rotinas claras e priorizar algumas tarefas, tanto no trabalho quanto em casa; praticar o autocuidado, priorizando momentos para si mesma e garantindo tempo para descansar e recuperar as energias; e garimpar oportunidades de trabalho que ofereçam maior flexibilidade de horário ou opções de trabalho remoto.
O último item, claro, não depende exclusivamente das mulheres, pondera a fundadora do Instituto Bert, reiterando o importante papel que as empresas possuem na volta das mães ao mercado de trabalho. Segundo Daniela, para que as mulheres se sintam acolhidas e possam exercer suas funções profissionais da melhor maneira possível, as organizações precisam adotar diversas políticas, tais como: oferecer opções de horários de trabalho flexíveis e teletrabalho; disponibilizar espaços adequados para amamentação e extração de leite; e prover benefícios, como licença-maternidade prolongada, creches e auxílio para cuidado infantil.