A importância de se criar o nanodiálogo na indústria

O Diário Catarinense foi o primeiro jornal do Brasil a circular a partir de uma redação toda informatizada, sem máquinas de escrever, só de computadores. Isso ocorreu em maio de 1986. Eu integrei a primeira equipe de editores. Vindo do jornal O Globo, no Rio de Janeiro, onde era editor de economia, só tinha trabalhado até então com máquinas de escrever.  Levei um choque quando vi pela primeira vez aquela redação cheia de computadores. Mas o que mais me impressionou na época foi o tamanho do computador central do jornal instalado numa enorme sala.

Hoje, esse computador central cabe numa pequena mesa. Já pode ser levado de um lugar para outro. Ou mesmo nem existir fisicamente no local de trabalho. Pode estar numa chamada “nuvem”, num  país distante até. Essa redução de tamanho, de espaço, é chamado de nanotecnologia. Essa revolucionária ciência, essa nova indústria  é capaz, com o uso de técnicas e ferramentas específicas, de organizar átomos e moléculas dando origem a novos produtos, processos ou novos materiais. Isso tudo em tamanhos pequenos, muitas vezes quase invisíveis.

Na nanotecnologia tudo é medido em nano, da palavra grega nanos que significa anão.  Só para se ter uma ideia: 1 milímetro é igual a 1 milhão de nanos. Assim, num tamanho de poucos milímetros, é possível criar uma infinidade de produtos que já são utilizados, desde na medicina até na exploração de petróleo. Na verdade, ainda estamos engatinhando neste vastíssimo campo, um solo fértil para o surgimentos de novas empresas, novos empregos, especialmente na economia criativa que se espalha por todo o mundo, com o lançamento de produtos inovadores.

Não se pode considerar que tudo não passa de imaginação. É possível que em bem pouco tempo teremos  produtos  revolucionários a partir da nanotecnologia. Alguns deles:

Será possível implantar invisíveis cristais no corpo e, através da sua iluminação, identificar a localização e o tamanho exato de um tumor.

# Colocar microssondas para fazer testes sanguíneos dentro do corpo humano.

# Será possível retirar do cérebro um neurônio danificado e colocar no lugar um  pequeno chip.

# Retirar células de câncer de uma pessoa com a explosão de pequenas partículas.

# Transformar fios brancos de cabelos em pretos com a introdução de uma molécula no coro cabeludo.

# Introdução de partículas de moléculas em remédios para produzir um efeito mais rápido e preciso.

# Localização precisa de novos poços de petróleo ou outras fontes de energia.

# Pequenos cristais implantados nos aviões vão detectar possíveis sinais de corrosão em alguma parte.

# Lentes de óculos que não arranham devido à camada de proteção.

# Transformar toda a lataria de automóveis com proteção especial de cores.

Os produtos da nanotecnologia, por ser de tamanhos pequenos e quase invisíveis, necessitam de muitos menos recursos, utilizando bem menos matérias-primas do que as utilizadas na produção convencional. O que representa uma grande economia de dinheiro.

Segundo um estudo da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), no ano de 2010 o mercado de nanotecnologia movimentou no Brasil R$ 115 milhões. Em todo o mundo, até 2025, é estimado um investimento de 5 trilhões de dólares. Os  produtos, materiais e processos que mais crescem estão ligados à indústria farmacêutica, cosméticos, automobilística e de alimentação.  No Brasil, é a região Sudeste que mais cresce com a nanotecnologia, justamente por abrigar o maior número de indústrias no País.

A nanotecnologia tem um grande potencial de crescimento. Mas quais as implicâncias sobre a pessoa humana e ao meio ambiente com a manipulação dessas pequenas partículas? Na Alemanha já nasceu uma expressão que aponta bem um caminho: o nanodiálogo.  Sim, toda a sociedade, em especial com a participação de cientistas  e empreendedores, precisa discutir e analisar esse novo mundo que já está sendo formado.

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