A indústria brasileira de softwares (programas de computador) e serviços de tecnologia da informação (TI) está crescendo acima do Produto Interno Bruto (PIB), a soma dos bens e serviços produzidos no país. De acordo com dados do Observatório Softex, unidade de estudos e pesquisas da Sociedade Softex, o crescimento médio real observado entre 2003 e 2009 atingiu cerca de 8%.
“Você tem um movimento das pequenas (empresas), que estão ganhando robustez, apesar de a concorrência estar muito acirrada para o setor. Você tem um crescimento importante de receita, mas tem também uma concorrência para algum tipo de atividade que está se intensificando com o tempo”, disse à Agência Brasil a gerente do Observatório Softex, Virginia Duarte. Ela participa do 9º Encontro Nacional de Tecnologia e Negócios (Rio Info 2011), que começa hoje (27) no Rio.
Até 2016, a projeção é que o setor de TI nacional cresça em torno de 7,7% ao ano. “Ainda acima do PIB, mas um pouco menor do que a gente viu para o período anterior. Há uma tendência de desaceleração do crescimento, mas não muita”. A previsão considera um PIB moderado de 4,5% ao ano, até 2016. Virginia disse que se a economia crescer acima de 4,5%, a tendência é que a indústria fique mais aquecida.
Para o ano de 2011, a estimativa é que o faturamento do setor de software e serviços de TI atinja R$ 63 bilhões. A expansão será superior a 7% em relação a 2009, disse Virginia. Não há ainda números relativos a 2010, informou.
Ela concordou com a opinião do presidente do Sindicato das Empresas de Informática do Estado do Rio de Janeiro (Seprorj), Benito Paret, de que está havendo uma estagnação da indústria fluminense de TI, embora ela permaneça na segunda posição do ranking nacional em número de empresas, pessoas ocupadas e receita. “Enquanto São Paulo cresce a taxas significativas, o Rio de Janeiro está dando uma estagnada. E, provavelmente, o Benito tem razão, isso se deve à questão de incentivo fiscal”.
Segundo o presidente do Seprorj, a redução prevista de 5% para 2% do Imposto sobre Serviços (ISS) para o setor de TI do Rio de Janeiro não ocorreu até agora, o que prejudica a indústria local.
Por outro lado, está havendo um crescimento importante nos estados do Sul, que mostram expansão superior à do Rio de Janeiro e de Minas Gerais, revelou a gerente do Observatório Softex. Em termos de emprego, ela disse que há registro de crescimento. O grupo, que reúne sócios e assalariados, alcança em torno de 590 mil pessoas, das quais 100 mil seriam sócios, englobando aí os consultores pessoas jurídicas.
No grupo de assalariados, estão incluídos os profissionais especializados de TI, como analistas, engenheiros de computação, administradores de banco de dados, programadores e especialistas, entre outros, que chegam a 200 mil pessoas.
Virginia Duarte analisou que a tendência é a expansão do mercado de trabalho formal no setor de TI, devido às medidas determinadas pelo governo federal de desoneração da folha de pagamento. Isso deve mudar a composição da força de trabalho, com a inclusão de pessoas terceirizadas na folha. “O mercado de trabalho formal, de assalariados e celetistas, vai crescer e vai diminuir o número de sócios de empresas”, estimou. “Isso é bom, porque a concorrência está braba”.
Virginia Duarte avaliou que a maior concorrência às empresas nacionais de TI vem da Índia e da China, “principalmente na parte da indústria mais voltada para o modelo baseado em serviços de mais baixo valor”. Ela índicou que o segmento em que a competição fica mais complicada é a de serviços de TI de desenvolvimento sob encomenda para a rede global.
O Rio Info 2011 se estenderá até o próximo dia 29. A Sociedade Softex é a gestora do Programa para a Promoção da Excelência do Software Brasileiro (Programa Softex).