Publicações estimulam o empreendedorismo feminino no setor de café, debates sobre agricultura regenerativa e o mercado de trabalho para baristas
A presença das mulheres na cafeicultura está além da produção e administração. Vem transformando todos os elos da cadeia, por meio da geração de conhecimento, parcerias e iniciativas para estimular o desenvolvimento de empreendedoras, em métodos cada vez mais sustentáveis. Parte dessas conquistas e ações pautaram o Encontro da Aliança Internacional das Mulheres (IWCA Brasil), que completa dez anos em 2021, e trouxe ao palco da Semana Internacional do Café (SIC) temas como cafeicultura regenerativa, os cafés especiais, diversidade e o mercado de trabalho para baristas. O evento ocorreu de 10 a 12 de novembro.
Em celebração a década de existência, a IWCA Brasil anunciou quatro publicações, realizadas em parceria com organizações, como a ONU Mulheres, Mulheres OIT e União Europeia: o Coffee produced by women, primeiro catálogo feita com associadas da IWCA do Brasil, Costa Rica e Jamaica; Como organizar uma associação ou cooperativa com equidade de gênero; Trilha de aprendizagem: competências para atingir o sucesso no negócio do café e Catálogo de educadoras do Brasil – 2021.
“Trabalhamos em desenvolver publicações que fossem relevantes com dois objetivos. O primeiro, promover o trabalho das mulheres do café em toda a cadeia, desde a produção até o serviço na xícara. O segundo, criar conteúdos relevantes para que essas mulheres possam se desenvolver e atuar com profissionalismo e protagonismo”, ressaltou, Helga Andrade, educadora e consultora em cafés especiais da IWCA Brasil. Os trabalhos estão disponíveis para download na página do Instagram.
Parceria com o Museu do Café
Outra conquista importante foi o anúncio e assinatura da parceria do IWCA com o Museu do Café como forma de fortalecer a importância histórica e o papel feminino na cafeicultura. “É uma satisfação assinar essa parceria e poder falar um pouco mais sobre as mulheres do café e ter essa assessoria da IWCA para pautar as nossas ações”, afirmou Alessandra Almeida, diretora executiva da instituição cultural localizada em Santos (SP).
Dandara Renault, Diretora de Inclusão e Diversidade e Diretora de Eventos da IWCA Brasil, destacou a união. “Os frutos dos dez anos de história da IWCA finalmente serão planificados para que possamos olhar para o futuro de uma maneira muito mais estruturada, porque agora a gente tem um passado para observar e seguir em frente”.
Esteve presente a produtora de Café da Fazenda Cachoeira e membro da Diretoria da IWCA, Miriam Aguiar.
Barismo como ciência holística e valorização profissional
Profissionais de cafeteria e instrutores se reuniram para debater o atual cenário do mercado, a remuneração e como desenvolver um plano de carreira para quem pretende atuar como barista.
Para Sulayne Shiratori, bacharel em Gestão do Agronegócio, professora e consultora o trabalho está além de preparar uma bebida de qualidade. “Se a gente colocar o papel do barista dentro desse mercado do café especial, tem a função de atuar na logística da estação do café, operar máquina, regular o moinho, preparar os espressos, conhecer métodos de extração, participar de degustações, curadoria, hospitalidade e acima de tudo, tem fator humano de entender cliente e de estabelecer boas relações”.
Neste sentido, a barista e instrutora Elis Bambril destacou as possibilidades de mercado. “O mundo do barista é um universo muito grande, a gente fica muito restrito só ao atendimento e a operação, mas tem um mundo por trás disso. Eu vejo muito o atendimento em cafeteria como uma porta de entrada, mas é possível depois atuar em torra, na área de ensino como instrutor, numa área mais comercial, seguir em gerenciamento de cafeteria, degustação, classificação”.
A palestra contou com as participações da CEO da Café Renovo e membro da IWCA Brasil, Mariselma Sabbag na mediação, e da barista, instrutora e supervisora de operação de cafeterias, Juliana Morgado.
Regenerando relações: Mulheres e a cafeicultura regenerativa
Um dos pontos altos do evento foi este painel que reuniu o conhecimento acadêmico e as visões e experiências dos produtores familiares e do grande proprietário envolvendo um dos temas mais comentados durante a SIC: a cafeicultura regenerativa.
Os participantes aproveitaram o espaço para apresentar lições de como cultivar a sustentabilidade na cafeicultura e exemplos bem sucedidos do que tem sido feito nas fazendas.
Luiza Macedo, vice-diretora de pesquisa da IWCA Brasil e produtora além de apresentar um trabalho sobre atuação em cafeicultura regenerativa abordou a importância de se entender o processo. “Existe um caminho entre uma cafeicultura convencional e uma cafeicultura orgânica e esse caminho precisa ser percorrido pelos produtores, não será do dia para a noite que eles conseguirão regenerar ou fazer um estoque de carbono no solo. Existe um caminho para isso, algumas técnicas, enfim há um processo de transição”.
Um dos exemplos de operação foi apresentado pela Isabela Pascoal – Diretora da Fundação Educar DPaschoal e da Daterra Coffee que se destaca no trabalho da cafeicultura orgânica. “A primeira coisa para uma agricultura regenerativa é reconhecer a vocação local, é reconhecer que a natureza está dizendo o que aquela região permite é possível fazer e se ela não permite, entender como pode ajudar a natureza”.
Participaram do debate os fundadores da Café Campo Místico, Adriane Freddi e Valmor Santos e a professora adjunta no Instituto Federal do Sudeste – MG, doutora em Agronomia pela UFLA-MG Danielle Beliza, mediadora do encontro.
Os debates marcaram último dia da 9ª edição da SIC.
A Semana Internacional do café aconteceu entre os dias10 e 12 de novembro em formato presencial, no Expominas, em Belo Horizonte, com transmissão on-line. Os destaques do evento estarão disponíveis no site www.semanainternacionaldocafe.
SOBRE A SIC – A Semana Internacional do Café (SIC) é uma iniciativa do Sistema FAEMG (Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais), da Café Editora, do Sebrae e do Governo de Minas, por meio da Secretaria de Estado de Agricultura, Pecuária e Abastecimento de Minas Gerais (Seapa).
Realizada desde 2013 em Belo Horizonte, capital do maior estado produtor do país, a SIC tem como foco o desenvolvimento do mercado brasileiro e a divulgação da qualidade dos cafés nacionais para o consumidor interno e países compradores, além de potencializar o resultado econômico e social do setor. Em 2020, primeiro ano da pandemia, a SIC 100% Digital foi um grande sucesso. Teve 25 mil acessos, de 58 países e mais de 70 horas de conteúdo e 176 palestrantes com grande relevância no mercado nacional e internacional.