Empreendedorismo é um tema cada vez mais discutido no Brasil. Seja no ambiente acadêmico, núcleos empresariais, mídias especializadas, programas de TV, Blogs, Canais do Youtube, entre outros veículos típicos do universo digital. Da mesma forma, o empreendedorismo também virou objeto de destaque no competitivo e complexo meio das palestras, onde até o conceito pejorativo de “empreendedorismo de palco”, ganhou um destaque negativo, em função de casos polêmicos e do distanciamento de alguns de seus protagonistas do empreendedorismo “real”, vivenciado e sofrido pela grande maioria dos brasileiros que estão trilhando este caminho, seja no chamado empreendedorismo de “necessidade” ou de oportunidade.
Independente da disseminação do empreendedorismo no País, que considero um processo positivo, levando em conta a realidade do novo mundo do trabalho e das características comportamentais das gerações Y e Z, acredito que outro tema ainda é pouco nos meios citados anteriormente, quase na mesma proporção que é exercido por nossos profissionais em suas organizações: O Intra-empreendedorismo. O conceito criado por Gilford Pinchot há mais 3 décadas, marca o início de uma nova perspectiva das relações trabalho-capital, que serviram de motivação para visões e posicionamentos acirrados nos séculos 19 e 20.
Com a chegada da internet comercial, no início dos anos 90, o redesenho de muitas estruturas organizacionais, com enfoque na gestão pela qualidade e em seus negócios principais, novas modelagens de negócios passam a ser vivenciadas no ambiente organizacional, principalmente em empresas modeladas por Unidades de Negócios (UENs) ou startups, onde o perfil de Intra-empreendedor ou empreendedor corporativo passa a ser mais valorizado.
Independente da estrutura organizacional, penso que a visão de Intra-empreendedorismo no Brasil ainda esbarra numa questão cultural, consolidada por séculos de uma visão seccional da visão empresarial, por parte de dirigentes e, principalmente, pelos colaboradores. Esta relação, historicamente, foi caracterizada pelo antagonismo, quase que no nível de “nós e eles”. A auto-crítica é pertinente nos dois lado. Entretanto, independente do cenário atual do Brasil, as organizações tendem a valorizar colaboradores com esta perspectiva. O desafio, no lado dos empreendedores e dirigentes é criar as condições para o fortalecimento e consolidação de uma cultura de Intra-empreendedorismo na organização. Por outro lado, independente da questão da empregabilidade, ou de qualquer outra tendência, desta era de pós-modernismo em gestão, é preciso internalizar que a visão de envolvimento sincero e pertencimento com o negócio poderá minimizar questões de desgastes e assegurar um sentimento de maior satisfação do trabalho, inovação e produtividade, onde a organização e todos seus colaboradores serão beneficiados.
Marcelo Bárcia é Professor Universitário, Mentor da Aceleradora Bluefields Development e Inovativa Brasil Impacto.