Proposta que está sendo colocada em prática em Chapecó (SC), contempla ideia do TCC do arquiteto e urbanista formado pela Unochapecó, Álvaro Maggioni Ransolin
A revisão do Plano de Mobilidade Urbana de Chapecó (SC), coordenada pela Fundação de Estudos e Pesquisas Socioeconômicos (Fepese), segue a todo vapor. Desde 2015, quando as pesquisas começaram, diversas reuniões e análises já foram realizadas acerca do tema. No entanto, uma ideia parece ter saído de dentro da sala de aula: o arquiteto e urbanista formado pela Unochapecó, Álvaro Maggioni Ransolin, propôs durante a realização do seu Trabalho de Conclusão de Curso (TCC), apresentado em 2022, um amplo sistema cicloviário para Chapecó.
A pesquisa do arquiteto, intitulada “O ciclista como parte da vida urbana”, tem o foco principal na região central do município, discutindo sobre o pouco espaço destinado às bicicletas e ciclistas. Agora, o Laboratório de Transportes e Logística (LabTrans), da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), tem interesse em integrar a pesquisa do ex-aluno aos documentos de análise da revisão.
O laboratório é responsável pela parte documental do processo e convidou Álvaro Ransolin para apresentar a pesquisa acadêmica a representantes do laboratório, da Fepese e da Prefeitura de Chapecó. Para a coordenadora técnica do projeto, Fernanda Beckhauser Mallon, a união entre as propostas de Álvaro Ransolin e dos órgãos públicos foi valiosa.
“O Álvaro apresentou o trabalho e as propostas e nós apresentamos a nossa ideia para ele. Na verdade, são muito semelhantes, alguns dos pontos que ele trouxe foram absorvidos e, com relação às diferenças entre os dois projetos, chegamos em consenso. Foi muito valioso, o trabalho dele é muito bom, traz conceitos muito importantes que estão alinhados com essa revisão e atualização. Acho que será bom para a população, que verá os trabalhos aplicados”, diz Fernanda.
Atualmente, a revisão e atualização do plano diretor de mobilidade urbana de Chapecó já se encaminha para as fases finais. As propostas já foram levadas à prefeitura e, em breve, serão divulgadas as datas de audiências públicas para apresentação e apreciação dessas ideias por parte da população chapecoense.
VIDA URBANA
Aos 23 anos, Ransolin reuniu na pesquisa acadêmica assuntos que lhe interessavam: urbanismo e bicicleta. “O tema do TCC precisa abordar uma dor ou incômodo para nós. Esse foi algo que me cativou, eu acho grandioso trabalhar com cidades e urbanismo, é bacana e diferenciado. Eu também sempre gostei de andar de bicicleta, então uni duas coisas. Percebi que a cidade não tinha ciclovia ou espaços para pessoas circularem com bicicleta, nem nos parques, que não são muitos, e vi que o ciclista não fazia parte do meio urbano. O tema surgiu aí”, conta.
Para implementar um sistema cicloviário, o processo foi dividido em etapas. Inicialmente, o ainda estudante, junto das professoras e orientadoras Gabriela Borges e Katiana Balza, fez um levantamento dos espaços dos municípios onde há maior concentração de pessoas. No mapa, foram pontuados parques, escolas, conjuntos habitacionais e indústrias. Dali, a região do Centro foi selecionada para integrar o recorte do TCC, trazendo 15 vias ao debate e englobando 80% dos bairros de Chapecó.
Os trajetos selecionados focam na região central por integrarem o ponto com mais problemas no município em relação às questões de fluxo e engarrafamento. Assim, foi feito o detalhamento técnico das vias e a implementação dos bikesharing e bicicletário. “Espalhamos isso pelo Centro e em todos os pontos de levantamentos, mas não são todos iguais. São 11 pontos no Centro, e o bicicletário é meio que uma parada para o ciclista, uma espécie de pit stop, não é só para guardar a bicicleta, pois possui bomba de ar e bebedouro”, explica ele. O sistema foi pensado por conta da topografia de Chapecó, que possui aclives e declives.
Mesmo abordando um incômodo pessoal, o objetivo da pesquisa se estende para muito além do próprio arquiteto. Além dos 80% de bairros contemplados com as propostas de Ransolin, os 20% restantes devem ser alcançados pela ideia, futuramente. Em resumo, o sistema passa por 39 dos 50 bairros de Chapecó e a proposta inclui vias importantes do município, como Getúlio Vargas, Fernando Machado, Nereu Ramos, São Pedro e Atílio Fontana. O objetivo é que a cidade se torne mais ativa, sustentável e segura a partir da presença das bicicletas em circulação.
“Eu acho sensacional. É um trabalho de faculdade, a gente nunca imagina que pode chegar a empresas ou órgãos que fazem acontecer. O interesse deles e a reunião de apresentação dos trabalhos foi algo magnífico, fico muito feliz e espero que seja útil, acredito que vai ser, que possa ser implementado”, analisa.
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Proposta já contempla 80% dos bairros de Chapecó e deve alcançar logo a totalidade da cidade