Já é possível utilizar o Facebook como canal de vendas. Sistema conhecido por social commerce movimentou US$ 1 bilhão nos EUA
É cada vez mais comum encontrar uma empresa no Facebook. Por meio de fan pages – páginas desenvolvidas para a divulgação das marcas – as corporações têm organizado promoções, sorteios e buscado estreitar sua relação com os clientes. Mas além de utilizar a rede social para divulgar seus trabalhos, as marcas podem agora usar a página como uma vitrine para expor seus produtos e ali mesmo na fan page vendêlos para o consumidor. O uso do Facebook como um canal de vendas, sistema conhecido como social commerce, ainda é pouco utilizado no País, porém nos Estados Unidos as vendas de produtos pela rede social têm movimentado um mercado de mais de US$ 1 bilhão.
A LikeStore está oferecendo no País um serviço online que permite a qualquer empresa criar sua loja no Facebook, incluir fotos de seus produtos e ainda oferecer opções de pagamento on-line para seus clientes sem precisar redirecioná-los para outras páginas. Para utilizar a ferramenta é preciso apenas fazer um cadastro na página da LikeStore. Não é cobrada taxa de ativação do sistema ou mensalidade pela utilização. “Essa ferramenta é uma ótima oportunidade para que as empresas possam utilizar o Facebook enquanto um canal de vendas para promover seus produtos. Além disso, com esse sistema elas não precisam gastar, por exemplo, com programação e desenvolvimento de um site ou mesmo com a gestão de risco da página”, explica Gabriel Borges, diretor da LikeStore.
A ferramenta, desenvolvida pela Dextra Sistemas, já vem com espaços préformatados para que o usuário possa colocar as fotos e modelos dos produtos. “Nossa ideia foi construir um sistema de fácil utilização para permitir que o usuário conseguisse zer sozinho a sua própria página”, afirma Marcos Alves, diretor da Dextra Sistemas.
Com o aplicativo, toda vez que uma empresa adicionar algum produto em sua fan page, automaticamente a lista de amigos dela recebe uma mensagem avisando sobre a novidade. O sistema também faz com que cada vez que for efetuada uma compra pela rede social, todos os amigos daquele usuário que comprou o produto recebam uma mensagem pelo Facebook. “Ao divulgar que uma pessoa curtiu uma empresa e comprou algo dessa loja é como se a pessoa estivesse fazendo uma indicação daquele produto para seus amigos. Isso acaba sendo uma mídia gratuita para o próprio lojista”, considera Borges.
Para garantir a segurança da transação de compra e venda pelo Facebook, a MoIP Pagamentos desenvolveu um widget, ferramenta que recebe e registra os dados dos compradores, específico para ser utilizado na rede social. O sistema, criptografado e certificado pela VeriSign, faz a integração da rede social com as principais bandeiras de cartão de crédito e com os bancos do País. “Com a ferramenta que desenvolvemos para a LikeStore não é preciso que o usuário saia do ambiente do Facebook para realizar a compra, e o nosso sistema garante a segurança de todos os dados desse cliente”, afirma Leonardo Mendes, diretor de tecnologia da MoIP Pagamentos.
Por esse sistema, o lojista só paga quando é realizada alguma compra na página. O valor cobrado costuma ser de 7,9% do valor do produto vendido – desse total, 2% são pagos para a LikeStore e os outros 5,9% para a MoIP Pagamentos. Os custos do serviço são similares aos que hoje são cobrados pelas empresas que fazem a gestão de risco e de segurança dos dados de clientes em transações realizadas em outros ambientes da web, como em sites de compra.
A Show de Ingressos, empresa especializada na venda antecipada de tíquetes de shows, parques e cinemas, foi a primeira a utilizar o sistema da LikeStore. Ela vendeu, pelo Facebook, 1,5 mil ingressos para o show do cantor Jack Johnson no Recife. “Nós testamos o sistema da LikeStore e ele trouxe um resultado muito bom. Voltaremos a utilizá- lo para a divulgação de um show da Ivete Sangalo e esperamos que 20% das nossas vendas sejam realizadas através do Facebook”, explica João Kepler, diretor da empresa.
Além da Show de Ingressos, outras 2 mil empresas já demonstraram interesse em montar sua loja no Facebook. O diretor da LikeStore diz que a expectativa é que sejam realizadas mais de 150 mil vendas só este ano através do social commerce no País, o que pode movimentar mais de R$ 18 milhões. “Esse é um mercado promissor. No Brasil, nós temos 20 milhões de usuários do Facebook e são movimentados mais de R$ 9 bilhões por ano em e-commerce”, afirma Borges.
Para conectar as empresas a esse universo das redes sociais, a Elia, especializada em desenvolvimento e otimização de sites, também criou uma plataforma de e-commerce que permite criar lojas on-line no Facebook – a f-store. A empresa faz desde a customização das páginas até a criptografia dos dados dos clientes para que as transações sejam realizadas com segurança. Para ter uma loja virtual no Facebook pelo sistema da Elia é necessário um investimento que varia de R$ 199 a R$ 999 por mês.
Os custos para manter uma loja em redes sociais são mais baixos do que para manter um site próprio e, segundo especialistas, essa vantagem pode fazer com que mais micro e pequenos empreendedores optem por utilizar o social commerce como um canal de vendas. A artesã Carol Grilo, proprietária da FofysFactory, sempre usou a internet para vender as bolsas, carteiras, roupas e almofadas que confecciona junto com a mãe. Ela nunca teve uma loja física e, para divulgar seu trabalho, usa diferentes redes sociais. Posta as fotos no Facebook, no Orkut e no Flickr e as vendas são realizadas através de depósito bancário. Carol ainda não tem uma loja nas redes sociais, mas pretende em breve abrir uma. “O social commerce pode ajudar a divulgar melhor os meus produtos e com o sistema passarei também a aceitar cartões de crédito, o que deve agilizar a entrega das encomendas.”
Cuidados para vender
O mercado de e-commerce pelas redes sociais é um dos mais promissores. Mas para aproveitar essa plataforma e utilizá-la como um canal de vendas é bom que o lojista tome alguns cuidados. Isso porque, assim como as redes sociais aproximam as empresas de seus clientes, não se pode esquecer que as marcas ficam mais expostas a críticas.
Paulo Kendzerski, presidente da WBI Brasil, empresa especializada em marketing digital, considera que nesse tipo de ecommerce o lojista precisa criar mecanismos que garantam que todo o processo de venda e entrega dos produtos comprados seja feito de forma rápida e eficiente. “O lojista precisa acima de tudo ser transparente, honesto e fiel àquilo que ele oferece ao mercado, porque o consumidor não perdoa quem tenta enganá-lo.”
Para o presidente da WBI Brasil, uma empresa que decide vender seus produtos pelas redes sociais precisa desenvolver um amplo trabalho de gestão da marca nesses ambientes. Ele considera que uma das melhores formas de se fazer isso é definindo um Plano Operacional de Presença em Redes Sociais, em que devem ser traçadas ações de comunicação nas mídias sociais tanto de monitoramento do que as pessoas falam da empresa quanto das ações dos concorrentes e das tendências de mercado.
Mercado promissor
Para incentivar que empresas de micro e pequeno portes entrem no e-commerce, o Google, o Sebrae, a HP e a empresa de serviços e hospedagem Yola lançaram o programa Conecte Seu Negócio. A proposta é criar ferramentas mais baratas para que esses empresários possam vender também pela web. “A ideia é fazer com que os pequenos empresários percebam como é fácil registrar um domínio, criar um site, colocá-lo no ar e usar as ferramentas on-line para fazer o negócio crescer”, afirma John Ploumitsakos, diretor de vendas on-line do Google.
Nesta primeira etapa do programa serão oferecidos domínios grátis para 5 mil empresários inscritos no Conecte Seu Negócio. Eles não precisarão pagar pela criação, design e hospedagem do site e terão a primeira anuidade grátis. Pelo sistema, os empresários receberão ainda créditos em Google AdWords, solução de publicidade on-line para promover o site na web.
Para participar, as empresas devem se cadastrar no site do programa Conecte Seu Negócio. Na página eles verificam se o domínio que pretendem criar está disponível e fazem o registro do negócio no sistema. Depois disso, o usuário escolhe as opções de layout, formatação da página, seleciona o conteúdo e as fotos que entrarão na web.
Contatos:
Conecte Seu Negócio: www.conecteseunegocio.com.br
Dextra Sistemas: www.dextra.com.br
FofysFactory: www.fofysfactory.com.br
LikeStore: www.likestore.com.br
MoIP: www.moip.com.br
Show de Ingressos: www.showdeingressos.com.br
WBI Brasil: www.wbibrasil.com.br