Em um mercado em que predomina a extração predatória de madeira, a Amata – uma empresa florestal brasileira criada em 2005 – busca produzir madeira certificada de forma sustentável com total conhecimento da origem. Além disso, desenvolve ações de responsabilidade ambiental, social e econômica na região onde a madeira é extraída. A empresa surgiu com a união de três sócios que acreditam na possibilidade de gerir florestas naturais e plantadas com tecnologias que garantam uma exploração econômica, social e ambientalmente consistente.
A Amata tem hoje duas operações de florestas manejadas em andamento: a Concessão Pública da Floresta Nacional do Jamari, localizada no Estado de Rondônia, e a Concessão Privada da Fazenda São Joaquim, no Amazonas. A Amata possui ainda duas fazendas no escopo do programa de reflorestamento com espécies nativas de importância comercial para recuperação de áreas degradadas: a Fazenda Cauã e a Fazenda Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, ambas localizadas no município de Castanhal, Estado do Pará. A produção de madeira para comercialização aliada à recuperação ambiental das propriedades é o foco da empresa.
Um dos sócios da Amata é Etel Carmona que, há 20 anos, trabalha usando madeiras nativas em móveis e objetos com design brasileiro exclusivo que podem ser encontrados nas principais capitais do mundo. O outro sócio é Roberto Waack, que geriu por cinco anos um dos maiores projetos de manejo florestal tropical certificado do mundo, integrado a uma das maiores plantações de eucalipto do País. O bom exemplo de economia da floresta nativa, transformando uma área em risco em um empreendimento industrial com reconhecimento social e ambiental, fez com que Waack fosse eleito membro do Board Internacional do Forest Stewardship Council (FSC). Para completar o time de sócios, Dario Guarita Neto trouxe a experiência do mundo da administração de portfólios e vislumbrou grande oportunidade de investimento em um ativo alternativo, porém seguro e dinâmico, ligado a um segmento em que o Brasil possui diferencial competitivo em relação ao resto do mundo. Juntos, criaram a Amata com o propósito de ser uma empresa profissional, baseada nas melhores informações sobre florestas disponíveis no Brasil e no mundo, para atender os mercados de madeira sólida (móveis, pisos, construção civil), fibras (celulose e papel) e energia (biomassa, gusa e, no futuro, álcool celulósico).
De acordo com Roberto Waack, a empresa trabalha em três frentes. Uma delas é o plantio de florestas em áreas normais; a outra é o plantio de florestas com espécies nativas em áreas degradadas pela agricultura. E o terceiro plano da empresa foca no manejo sustentável de floresta nativa. O resultado desse plano de ação é produzir a madeira certificada que pode ser vendida como tora, madeira serrada bruta, aplainada, seca ou industrializada sob a forma de pisos, molduras, móveis ou acessórios. Como produto final, a madeira certificada tem também aplicação como fonte renovável de geração de energia. O vasto uso e as diferentes aplicações permitem à madeira certificada ter valores de mercado que variam de US$ 25 a US$ 25 mil por metro cúbico. “O mercado se concentrou na extração de madeira predatória – cerca de 80% da extração madeireira é feita dessa maneira”, contabiliza Waack. Por isso, a Amata, segundo ele, foi em busca de criar alternativas para fugir dessa realidade.
Waack cita diversas maneiras para evitar a extração predatória: uso da tecnologia que permite identificar a idade do ciclo das árvores, auxílio da engenharia florestal com possibilidades de fazer um estudo da árvore com imagem de satélite, utilização de mapas e conhecimentos de botânica. “A floresta pode e deve ter valor econômico, pois o proprietário quer aproveitar a floresta economicamente. Mas para fazer isso há maneiras sustentáveis”, afirma Waack.
A preocupação do consumidor com a origem da madeira que está comprando também contribui para que as florestas sejam preservadas. Segundo Waack, atualmente essa realidade está mudando a cada dia. “Realmente, ninguém se preocupava com a nota fiscal de quem comprava a madeira para distribuição. Agora com a certificação da madeira pode-se comprovar de onde a madeira vem e como foi extraída”, relata. Além disso, uma auditoria é realizada nas empresas desse segmento, como a Amata, a cada seis meses para fiscalizar toda a operação.
Outro aspecto que a Amata se preocupa em seus negócios é com as comunidades que vivem nas regiões onde a empresa atua. “Por isso é necessário fazer um diagnóstico socioambiental do local. Conhecer a realidade social de cada uma das regiões e depois elaborar projetos que incluam as pessoas”, destaca Waack. Ele conta que a Amata, em seu trabalho nas regiões das florestas, procura sempre incluir a população. “Temos comunidades que oferecem a alimentação para nossos colaboradores e outras que vendem suas matérias-primas para nós. Damos ênfase ao desenvolvimento social da localidade”, explica Waack.
A Amata conseguiu atrair investidores e bancos de desenvolvimento pela característica socioambiental do seu negócio. “Conseguimos atrair capital, então isso foi positivo. Mas as instituições precisam reconhecer e valorizar mais as empresas com foco social e ambiental”, opina Waack. Para o futuro, a Amata planeja expandir suas frentes de trabalho – ampliar áreas de manejo, áreas de plantio no Sudeste e Centro-Oeste e começar a distribuição de madeira certificada em São Paulo, considerada a maior cidade consumidora de madeira tropical do planeta.
Waack chama a atenção para o fato de que a sociedade despreza muito o valor da biodiversidade, porém depende muito dela para se alimentar, para ter acesso a remédios, enfim, para viver. “As florestas são essenciais para o equilíbrio do planeta. São reguladoras das chuvas, ciclos do clima e recursos hídricos, por isso a importância da preservação ambiental.”