A ativação de termelétricas para poupar água nos reservatórios de hidrelétricas encarece o custo de geração de energia, pois essas usinas são movidas a combustíveis como gás natural, carvão, óleo combustível e diesel. Com as novas regras tarifárias, houve um acréscimo no valor e hoje o custo da energia elétrica para a indústria no Brasil é de R$ 543,81/MWh, mais do que o dobro da média internacional, segundo pesquisa da Firjan. Considerando que as despesas com energia elétrica representam, em média, 3,9% do custo de produção industrial, de acordo com a CNI, mas chegam a 15% para a indústria de bens intermediários e a inacreditáveis 60% na produção de alumínio, o impacto nos preços dos produtos e na competitividade das empresas é significativo.
Se a curto prazo a conta a pagar é alta, a longo prazo o preço é ainda mais “quente”. Para gerar energia, as termelétricas queimam combustíveis fósseis, que além de limitados são grandes emissores de CO2 – cerca de 60% do total de gases de efeito estufa, tendo como principais responsáveis os setores de energia, transportes e indústria. Eventos extremos tendem a ser cada vez mais comuns, como longas ondas de calor e frio, chuvas intensas e mal distribuídas, e estiagens prolongadas. Se a chuva faltar justamente nas regiões dos reservatórios, novamente as termelétricas precisam ser acionadas, alimentando o círculo vicioso.
Uma das saídas mais racionais é a ampliação da participação das fontes limpas na matriz energética brasileira – há, inclusive, uma política do governo federal neste sentido. As mais viáveis são a eólica, a solar, o biogás e os biocombustíveis. Grandes geradoras, como Eletrosul e Tractebel, vêm aumentando significativamente os investimentos na área. Empresas menores, mas inovadoras, vêm obtendo lucro ao extrair energia de aterros sanitários, evitando assim a liberação de metano (gás com mais impacto no efeito estufa do que o carbônico). Qualquer empresa, propriedade rural ou mesmo residência ainda pode contribuir através da microgeração eólica ou fotovoltaica, uma realidade em outros países, como a Alemanha, o que alivia a rede oficial.
Em paralelo, há o caminho da eficiência energética. Várias distribuidoras, como por exemplo a Celesc, mantém programas de incentivo à eficiência energética nas indústrias (setor que responde por 35% da energia consumida no País). Muitas empresas, como a WEG e a Embraco, inovam com produtos que consomem menos energia. Não adianta produzir energia, “suja ou limpa”, para depois desperdiçá-la.
Confira em breve no Portal Empreendedor uma série de reportagens sobre energia limpa.